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Nos debates, da esq. à dir., Geraldo Borges, Adaldio José Castilho Filho, da Fazendas Reunidas Castilho, Carlos Pagani Neto e José Luís Fontes

LEITE A2

2º Encontro Regional sobre a Produção de Leite A2 atrai atenção da cadeia do leite

Tema importante sobre agregar valor à atividade o leite A2 tem atraído cada vez mais o interesse de produtores e da indústria láctea

João Antônio dos Santos

Um dos temas mais comentados no mercado de laticínios nos últimos anos é o leite A2 que há pouco tempo era uma oportunidade de atender a um nicho de mercado, mas que hoje já é uma realidade cada vez mais abrangente não só pelo número cada vez maior de rebanhos A2A2, mas também pela diversidade de derivados lácteos A2 disponíveis no mercado.

Na busca de ampliar conhecimentos e estimular os produtores de leite agregar valor à sua atividade, foi realizado em março o 2º Encontro Regional de Produção Leite A2 em Novo Horizonte – SP, com a presença de mais de 300 interessados, que participaram das discussões desde a sua produção até a sua distribuição na região.

Antônio Junqueira, secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, esteve presente ao evento, juntamente com representantes municipais, especialistas, profissionais da cadeia produtiva de lácteos, produtores da região e representantes da indústria. Também o coordenador de Relações Institucionais, José Luís Fontes, de vasto conhecimento na produção do leite A2, foi um dos convidados a compartilhar sua experiência no painel de debates.

Antônio Junqueira ressaltou que Novo Horizonte pode ser exemplo para outros municípios para a expansão de leite de qualidade

Pesquisador Anibal Eugênio Vercesi Filho, do Instituto de Zootecnia, apresentando seu trabalho sobre o leite A2

O secretário da Agricultura, em sua palestra, fez questão de ressaltar que Novo Horizonte vem sendo um modelo para a Secretaria, “com a finalidade de alinhar em conjunto com os demais municípios a expansão da produção de leite de alta qualidade, em todo o estado”.

Outro ponto que ele salientou é que a Secretaria, através do Instituto de Zootecnia (IZ) e da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta), foi primordial no estudos iniciais do leite A2, em 2017. Estiveram presentes no evento pelo IZ seu diretor-geral, Enilson Ribeiro e os pesquisadores Weber Vilas Bôas Soares e Luiz Carlos Roma Jr., do Centro de Bovinos Leiteiros do IZ.

O pesquisador Anibal Eugênio Vercesi Filho, do IZ, apresentou seu trabalho de pesquisa que permite discernir entre o leite A2 e outros tipos a partir da detecção do gene alelo A1. O gene presente em algumas proteínas do leite pode torná-lo menos digestível. O leite A2 é recomendado principalmente para pessoas que sofrem com desconforto gastrointestinal ao ingerir leite e derivados.

Segundo Anibal, a metodologia permite detectar uma possível fraude ou contaminação no leite.  “É possível ainda identificar vacas que produzem leite tipo A2, indispensável no manejo genético e na formação de rebanho para produção desse leite.”

O diretor de Agropecuária e Piscicultura-Novo Horizonte Carlos Pagani Neto, um dos coordenadores Encontro, disse que o evento foi muito positivo, pois reuniu precursores desse projeto, de 60 representantes de municípios, não só do estado de São Paulo, mas também de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná, Mato Grosso e Pará. “Mostramos como foram as primeiras ações do projeto e o evento também serviu de fomento e incentivo para que outros gestores se interessassem por implantar em seus municípios política pública semelhante à de Novo Horizonte.”

Pagani se refere ao fato de Novo Horizonte, sob a liderança do prefeito Fabiano Belentani, ter o protagonismo de incluir somente o leite A2 na merenda escolar da rede pública de ensino e também distribuir a idosos e pessoas carentes que possuam intolerância à Beta Caseína A1. “Isso sem dúvida promove o fortalecimento da cadeia produtiva do leite e derivados, além de implantar uma política pública em que o objetivo principal é cuidar da saúde das pessoas”.

Em sua visão, mesmo já estando há algum tempo no mercado, o leite A2 sempre causa boa expectativa aos produtores. Isso porque agrega muito valor ao produto, sem grandes alterações na rotina da propriedade sendo necessário apenas genotipar seus animais (Certificação – A2A2). “A produção do leite A2 será um diferencial muito interessante para os pequenos e médios produtores uma vez que os investimentos para sua implantação não são onerosos e seu manejo praticamente não se altera em nada”, diz.

A regulamentação da produção do Leite A2 foi um trabalho coordenado pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento-SP – através do Plano mais Leite, mais Renda. “Esperamos que essa ação devolva o protagonismo ao nosso estado, fazendo com que esse incremento do agronegócio do leite volte a estimular os produtores, recuperando o espaço perdido”, diz Pagani, ressaltando que o Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista-Feap estuda financiar a juros extremamente baixos recursos para aquisição de vacas com genótipo A2A2.

Também participaram do evento representantes da Abraleite, que esteve à frente da luta pela regulamentação da rotulagem do leite A2, obtida em outubro de 2021. Geraldo Borges, presidente da Abraleite, falou sobre a importância do evento e destacou diversos aspectos desse produto e o quanto representa como oportunidade para os produtores de leite.

Wander Bastos, coordenador da Comissão Técnica de Bovinocultura de Leite da Faesp, foi autor da palestra “Serviços de Inspeção”. Segundo ele, a grande relevância do evento se confirmou pela presença de gestores e técnicos da área – tanto do setor público quanto do setor privado –, de produtores e dirigentes de sindicatos rurais. “Existe a necessidade de inspeção desses produtos seja na esfera municipal, estadual ou federal. Muitos municípios estão interessados em realizar esse serviço e a Faesp vai avaliar a possibilidade de apoiá-los, com envolvimento dos sindicatos rurais”, ressaltou.

Ele assinalou ainda que o mercado de leites e derivados A2 está em franca expansão, com a adesão de grandes marcas do setor, e tem tudo para crescer nos próximos anos.

“A Anvisa autorizou mencionar o leite A2 nas embalagens, o que estimula ainda mais o crescimento da produção”, complementa Bastos. Ele ressalta que a legislação brasileira em relação ao leite A2 atinge o padrão de países como Nova Zelândia, Estados Unidos e países da Europa e da Ásia.

De acordo com o coordenador, a Faesp, em conjunto com outras instituições, vem trabalhando em soluções para reduzir o valor da certificação necessária para que o produto seja classificado como A2/A2. “O preço da certificação ainda é um fator de dificuldade para os pequenos produtores aderirem. Por isso, a entidade está trabalhando em busca de uma solução.”

 

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