Ao cruzar as raças Gir Leiteiro, Jersey e Holandês, produtor de Mococa-SP define plano de crescimento para produzir muito leite e vender genética de bons animais mestiços
Produzir leite e vender genética em escala cada vez maior, a partir de um rebanho cruzado, com duas ou três raças, se tornou meta no criatório da Bom Jardim da Serra Agropecuária, fazenda localizada em Mococa-SP. A decisão é de poucos anos, mas a projeção dos resultados começou a ser apurada a partir da experiência do produtor Guto Quintela, ao criar e se notabilizar ao reunir bovinos de alta genética, principalmente Gir Leiteiro e Jersey, dentro da mesma propriedade.
Hoje, se tornou referência da chamada Girsey, cruza da zebuína Gir Leiteiro com a taurina Jersey ou, então, da tricross, ao acrescer sangue Holandês. Por trás da decisão estão a paixão do produtor por gado de leite e a escolha de animais adequados para o sistema a pasto. A partir disso tem dedicado atenção especial aos acasalamentos, tarefa que contou por vários anos com a assessoria do médico veterinário Luiz Ronaldo de Paula (falecido em outubro/15), que o orientou a usar sêmen das centrais, prática, antes, pouco adotada.
Foi o período em que amealhou muitos títulos em julgamentos de pista e torneios leiteiros pelo País. Retratava os acertos de um trabalho criterioso iniciado nos anos 80/90, quando inicialmente investiu no gado Holandês. Foi uma experiência curta, abortada por resultados ruins no manejo da raça e pela falta de estrutura da fazenda. Na troca, veio o Gir Leiteiro, mais bem adaptado e ajustado ao que pretendia como projeto de genética. A evolução como raça pura foi rápida e expressiva. O prefixo BJAS passou a ser conhecido e valorizado no mercado de leilões.
Em seguida, Quintela resolveu se voltar mais para a produção de leite. Para isso, incorporou a raça Jersey, adquirindo 200 cabeças numa única tacada. Era o final dos anos 90 e já tinha se decidido pelo cruzamento. Separou as melhores como reserva genética e as inferiores para cruzamento com touros Gir Leiteiro. Os bons resultados se confirmaram em pouco mais de quatro anos, o que o fez colocar no projeto até mesmo as fêmeas Jersey top, deixando de lado apenas umas 70 cabeças de Gir Leiteiro.
A escolha pelo atual projeto o retirou das exposições, já que da nova estratégia passou a fazer parte o aumento da produção de leite a partir do aumento do rebanho. E é o que vem sendo feito. Para reforçar a alternativa Jersey nos cruzamentos, tem adquirido matrizes de rebanhos renomados, como foi o caso das 50 cabeças arrematadas na liquidação do criador mineiro José Salvador Silva, além de doses de sêmen de touros consagrados da raça, como ‘Valentin’, ‘Zade, ‘Eros’’ e ‘Renaissanse’.
Com a base formada e o projeto consolidado, Guto vem passando o comando das ações para o filho, Reynaldo Quintela (Reco), economista de formação, que desde junho vem se dedicando a apurar números em planilhas, checar resultados e manter em alta as metas estabelecidas pelo pai, hoje, mais voltado para a atividade empresarial, à frente de uma fábrica de fermentos para panificação. “A proposta é implantar uma gestão profissional na atividade produtiva e comercial da fazenda, assim como se faz nas empresas”, diz ele.
Nesse sentido acaba de fechar contrato de captação com a Nestlé, estabilizando preços, principalmente em decorrência dos índices de sólidos (4,2% de gordura, 3,5% de proteína), o que lhe garante R$ 1,40 por litro nos próximos três meses. Outros indicadores de qualidade vêm merecendo atenção, já que faz parte do contrato reduzir a contagem bacteriana e de células somáticas. A veterinária e consultora Eliane Tomase é quem responde pela ação, trabalhando com análises de leite e novos conceitos de higiene na ordenha.
Leia a íntegra desta matéria na edição Balde Branco 630, de abril 2017