As seis semanas vividas antes e após o parto por vacas leiteiras são marcadas por fatores de riscos e cuidados. Saber identificá-los ajuda no ajuste do manejo, evita enfermidades e garante produção

Por Nathan Felipe Fontoura Reis, médico veterinário da equipe Rehagro, e Daniel Campos Escarce, graduando em medicina veterinária e estagiário

O período de tran­sição – três se­manas antes e três após o parto – é um tempo de desafios, quando a incerteza do sucesso ou fracasso desses dias pode refletir em toda a lactação. Durante essas seis semanas ocorrerá a passagem da vaca gestante não lactante para a não gestante lac­tante, uma transforma­ção caracterizada por mudanças hormonais, fisiológicas, metabólicas e nutricionais.

Em contrapartida a esses desafios, há tam­bém inúmeras oportuni­dades de manejo e mo­nitoramento durante esse período, que, se bem aproveitadas, podem minimizar as perdas, aumentar a produtividade e consequentemente elevar a rentabilidade do sistema de produção.

Na fase inicial da transição, o prin­cipal desafio enfrentado é o aumento expressivo na demanda de nutrientes para produção de leite associado à bai­xa ingestão de alimentos, tendo como consequência insuficiente aporte de nu­trientes. Essa maior demanda de energia em contrapartida a um menor consumo é chamada de balanço energético negativo, ou seja, a ingestão alimentar da vaca não é suficiente para atender às exigências para produzir leite.

Nesse momento, a vaca tende a mo­bilizar gordura corporal como fonte de energia para atender à demanda produtiva. Quando a mo­bilização de gordura cor­poral é excessiva, haverá também uma maior meta­bolização de gordura pelo fígado, chamada ácidos graxos não esterificados. A grande metabolização de reserva corporal eleva a produção de corpos cetônicos que, quando produzidos em grandes quantidades podem levar a vaca ao quadro clínico de cetose.

Além disso, durante esse período, o sistema imune está debilitado e, em conjunto com os demais desafios já citados, proporcionam a ocorrência de algumas alterações, como hipocalcemia, retenção de placenta, metrite, mastite e deslocamento de abomaso. Muitas dessas enfermidades são fatores de risco para a ocorrência de outras pato­logias. Um exemplo bastante conhecido é o aumento do risco de ocorrência de metrite em vacas que sofreram retenção de placenta.

A ocorrência dessas doenças pode eliminar todo o lucro da lactação devido aos custos associados ao tratamento veterinário, ao leite descartado, à dimi­nuição do pico de produção e à queda na persistência da lactação. Vacas que apresentam problemas no período de transição têm menor pico de produção. Para cada litro de leite produzido a menos no pico de pro­dução, estima-se que a vaca deixe de produzir de 200 a 300 litros de leite a menos em toda a lactação.

Leia a íntegra desta matéria na edição Balde Branco 630, de abril 2017

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