balde branco

MERCADO

Sophia Honigmann

Médica veterinária, Scot Consultoria

A balança comercial de lácteos em 2021 foi a melhor dos últimos seis anos

A balança comercial brasileira de lácteos registrou déficit de US$ 378,84 milhões em 2021 (Secex). Apesar do saldo negativo, foi o melhor resultado registrado desde 2015. Esse número está 22,9% melhor em comparação com 2020 e 8,9% melhor frente a 2019. A melhoria se deu em decorrência da diminuição da importação e do aumento da exportação.

No acumulado do ano, a importação caiu 21,7% em volume e 16% em gastos em relação a 2020. Foi o menor volume registrado nos últimos sete anos (137,7 mil toneladas). No primeiro semestre, o volume importado aumentou 36,4% comparado a igual período do ano anterior. Já no segundo semestre o volume foi 48,6% menor.

Cabe ressaltar que a captação brasileira de leite, no acumulado do ano, de acordo com o Índice de Captação da Scot Consultoria, foi 1,1% menor que a registrada em 2020.

A título de comparação, de acordo com a Pesquisa Trimestral do Leite (IBGE), o volume adquirido de leite cru de janeiro a setembro (dados mais recentes disponíveis) diminuiu 1,4% na comparação com 2020.

Tal fator indica que houve menor disponibilidade de matéria-prima no mercado. No entanto, a economia brasileira fragilizada e a consequente demanda fraca, somadas ao dólar em altos patamares, impediram que as importações aumentassem.

Considerando o leite em pó, o preço médio do produto importado em 2021 foi de US$ 3.252,00 por tonelada, alta de 9,7% na comparação com a média de 2020, cuja cotação foi de US$ 2.963,00/tonelada. Como comparação, o quilo no mercado doméstico em 2021 ficou cotado, em média, a R$ 23,57, ou US$ 4.372,69 por tonelada, considerando o câmbio médio no ano passado em R$ 5,39 por dólar. O produto importado custou 25,6% menos que o nacional.

A exportação de produtos lácteos em 2021 subiu em volume e faturamento, 18,5% e 1,3%, respectivamente, na comparação com 2020. O País embarcou 38,8 mil toneladas, o maior volume embarcado desde 2016, em grande parte devido à demanda interna frouxa e ao câmbio elevado.

Quanto maior o intervalo entre partos, maior a perda de rendimento

Os problemas frequentes associados à detecção do cio e a consequente queda na taxa de concepção por falta de acurácia acabam por prolongar o intervalo entre partos (IEP) do rebanho. O IEP demonstra a eficiência reprodutiva das matrizes, assim, quanto mais longo, menor proveito tem sido tirado da vida útil dos animais.

Como reflexo disso, é possível observar um menor número de vacas em lactação e queda na produção de leite, aumento no número de vacas “solteiras” e, consequentemente, menor número de animais para venda ou reposição, o que afeta diretamente na produtividade e no rendimento da propriedade.

Considerando uma vaca com produção média diária de 25 litros de leite e o preço médio pago ao produtor na praça paulista em R$ 2,20/litro, podemos observar que, com maior IEP, num período de cinco anos a perda de faturamento fica em R$ 16.775,00/animal, o que corresponde a uma perda de R$ 3.355,00/animal/ano.

Expectativas sobre as safras de soja na américa do sul em 2021/22

Os preços subiram no mercado brasileiro em janeiro (19/1), acompanhando as fortes valorizações do dólar frente à moeda brasileira. Além do dólar, a situação das lavouras (safra 2021/22), as exportações recordes em 2021, o forte ritmo dos embarques em dezembro (figura 1) e a manutenção do ritmo no começo de janeiro/22, com aumento de 4.921,8% na média diária embarcada em relação à média de janeiro/21, colaboraram para a sustentação dos preços do grão, em reais.

No Porto em Paranaguá (PR), a referência chegou a R$ 181,00 em 12/1, mas recuou para R$ 178,00 por saca de 60 quilos (18/1), com o dólar perdendo força no fim da segunda semana. Para o curto e o médio prazos, o câmbio e o desenvolvimento da colheita são os principais fatores na precificação do grão no mercado interno.

O clima, até o momento, não pesou sobre as lavouras no Centro-Oeste, que estão em bom desenvolvimento, e com trabalhos de colheita já iniciados em Mato Grosso, principal produtor. A possibilidade de novas revisões para baixo na produção no Brasil e na América do Sul não está descartada, somada ao câmbio elevado e ao ritmo aquecido das exportações neste início de ano, o que mantém o viés de alta para as cotações no mercado brasileiro.

ALTA NOS PREÇOS DOS FERTILIZANTES

A alta de preços das commodities agrícolas, entre elas milho e soja, e os resultados econômicos positivos na temporada 2020/21, contribuíram para o aumento da área semeada. Esse crescimento de produção e de produtividade está relacionado ao uso de tecnologia, tais como o uso de fertilizantes.

Os fertilizantes estavam com preços menos voláteis em 2019 e 2020. Contudo, em 2021, as cotações subiram fortemente. Um fator que impulsionou os preços foi a desvalorização do real frente ao dólar, pois o Brasil é grande importador de adubo. Em 2021, foram entregues 23,89 milhões de toneladas de fertilizantes, sendo mais de 20 milhões de toneladas importadas (Anda).

Em 2021, as cotações da ureia, supersimples, MAP, cloreto de potássio e 20-00-20 subiram, respectivamente, 91,2%, 93,5%, 119,7%, 160,4% e 89%. Os países produtores de fertilizantes (China, Rússia, Canadá e Marrocos) reduziram a fabricação e, consequentemente, a oferta de adubos.

A produção brasileira também caiu. A produção de 3,74 milhões de toneladas até junho equivale a uma queda de 5% com relação a igual período de 2020 (Anda).

Com o crescimento da área semeada nos principais países produtores de grãos, a demanda internacional aumentou. Com o cenário de desabastecimento mundial, associado à maior demanda nacional e internacional por fertilizantes, a expectativa é de preços firmes. Assim, a negociação antecipada, por meio de contratos e travamento dos preços para os grãos e fertilizantes, é uma estratégia para o cenário de alta de preços de insumos.

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