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LEITE EM NÚMEROS

Kennya B. Siqueira

Pesquisadora da Embrapa Gado de Leite

A importância das mulheres no consumo de lácteos

Os números de diversas pesquisas mostram que o setor de laticínios precisa prestar mais atenção às mulheres e às suas necessidades, já que elas são que decidem as compras

De acordo com estimativas do IBGE, as mulheres hoje representam 51% da população brasileira. Mas, segundo a Nielsen, elas são responsáveis pela decisão de compra em 96% dos lares do País, pois são elas que decidem sobre as férias familiares, sobre a troca de carro e a alimentação da semana. Apenas com essas informações é possível entender a importância do papel das mulheres no mercado de consumo brasileiro. E no segmento de leite e derivados não é diferente.

Empregando dados do IBGE de consumo alimentar individual de 46.164 moradores brasileiros, de um total de 20.112 domicílios distribuídos por todo o território nacional, observou-se que as mulheres consomem mais lácteos do que os homens (Figura 1).

Em média, cada mulher brasileira consome cerca de 1,4 kg a mais de lácteos por ano do que os homens. Isso evidencia que as empresas de laticínios precisam pensar no público feminino quando planejam suas ações de marketing e comercialização.

Dentre os derivados lácteos, o consumo feminino se destaca mais para iogurte e leite fluido, ou seja, produtos que têm maior apelo à saudabilidade. Ao passo que os homens consomem mais queijos e outros derivados (Figura 2).

Apesar de a Figura 2 mostrar que os homens consomem mais queijos e outros laticínios do que as mulheres, a análise estatística mostrou que essa diferença não é significativa. No entanto, com relação a iogurte, o consumo feminino supera o masculino em 56%. E, no caso do leite, as mulheres consomem 3% mais que os homens.

Apesar de a renda média feminina ainda ser inferior à masculina (cerca de 20%, de acordo com o IBGE), os estudos mostram que a mulher é uma grande influenciadora do consumo de bens e serviços. Afinal, dizem que uma consumidora satisfeita normalmente compartilha sobre a compra com dez pessoas. Já uma consumidora descontente chega a falar de sua experiência para mais de cem pessoas e por muito mais tempo.

Pesquisa da Nielsen e do SPC Brasil mostra que 85% das mulheres costumam indicar produtos e serviços para amigos e familiares. Os maiores motivadores da decisão de compra das mulheres brasileiras entrevistadas são boa relação entre preço e qualidade (74,2%); baixo preço (63,7%) e frequência de boas promoções (32,6%). Além disso, as mulheres estão mais dispostas do que os homens a pagar mais caro por um produto com responsabilidade ambiental. Outras variáveis que também são levadas em consideração pelas mulheres nas compras são serviços de entrega em domicílio, atendimento ao consumidor e formas de pagamento.

Nesse sentido, vale relembrar um resultado conhecido do marketing, que mostra que mulheres se identificam mais com anúncios que utilizam imagens de famílias, encontros sociais e crianças. Não é à toa que os comerciais de margarina sempre se utilizavam dessa estratégia.

Portanto, os números mostram que o setor de laticínios precisa prestar mais atenção às mulheres e às suas necessidades. As empresas que souberem tocar o universo feminino podem atingir vantagens competitivas e, ao mesmo tempo, obter ótimas influenciadoras para seus produtos.

Coautores: João Pedro Junqueira Schettino e Marcel de Toledo Vieira

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