balde branco

TENDÊNCIAS

Pedro Braga Arcuri

www.linkedin.com/in/ pedro-braga-arcuri-91556526

"Uma sociedade justa harmoniza seus conflitos de modo a assegurar meios de vida e empregos, gerar crescimento, riqueza e distribuir renda"

Aprender com a experiência dos outros

Vivemos uma tendência de curto prazo, com repercussões negativas de grande alcance. Especialistas em economia relatam a situação criada devido ao aumento da importação de leite e lácteos seguindo regras de mercado, aproveitando a queda dos preços internacionais.

A situação exige atitudes que podemos aprender com a experiência de outrem. As lideranças do setor leiteiro nos países que mais produzem leite atuam sem parar para garantir o abastecimento nacional por meio dos seus próprios produtores. Atitudes que são diferentes de proteger quem não produz com gestão e eficiência. São atitudes para garantir a soberania e a capacidade de produção de alimento estratégico, garantidor de crianças saudáveis, futuro adultos e idosos aptos para encarar os desafios futuros dos seus países. No Brasil, a atitude não pode ser diferente. Afinal, vale a pena vivermos como há 50 anos ou mais atrás, novamente dependentes de importações porque sacrificamos a produção nacional?

A renda gerada pela atividade leiteira garante segurança social para os cerca de 700 mil produtores brasileiros. Todavia, as flutuações do mercado os tornam muito dependentes. De acordo com o Mapa no primeiro semestre de 2023, cerca de 1 bilhão de litros de leite entraram no Brasil. Isso é 300% a mais comparado com 2022. É a produção entregue pelo Brasil inteiro para as indústrias durante 10 dias, que veio principalmente da Argentina e Uruguai. Ocorre que nesses países o leite é produzido com mais tecnologia, raças especializadas e mão de obra no momento mais qualificada. Não é uma competição ilegal, mas é desequilibrada.

Claro que o comércio internacional de leite deve existir e o Brasil deve participar, tanto como importador quanto exportador. Mas é preciso jogar o jogo. Para garantir os interesses dos seus cidadãos, países produtores de leite criam políticas públicas, equilibrando as muitas e enormes distorções de preço do leite causadas em geral, pelas políticas públicas protecionistas de outros países.

Depois de alguma pressão feita por cooperativas e associações dos produtores e muita discussão com órgãos do Governo, foram adotadas medidas importantes, porém de curto prazo. Aumento de impostos, de medidas sanitárias para o leite importado, compra de leite pela Companhia Nacional de Abastecimento, dentre outras. A competitividade da cadeia produtiva do leite depende dessas e de muitas outras decisões tomadas fora das propriedades. Por isso, quanto mais as demandas de todos os setores estiverem alinhadas mais esse gigante chamado Brasil garantirá e aumentará sua produção de leite e lácteos.

A tendência de informar melhor é estratégica para que os consumidores saibam que na situação atual suas compras beneficiam alguns setores, em detrimento dos produtores brasileiros que estão atendendo às suas demandas por preço justo, sabores e histórias que são entregues como leites frescos de qualidade, iogurtes, manteigas, queijos artesanais, doces, etc. produzidos de modo cada vez mais sustentável.

É com produtores profissionais de todos os tamanhos, capacitados, espalhados pela extensão territorial brasileira, unidos por associações ou cooperativas e por elas ouvidos e representados, que a população brasileira terá a segurança de ter diariamente o leite de qualidade garantidor de saúde e inteligência.

Uma sociedade justa harmoniza seus conflitos de modo a assegurar meios de vida e empregos, gerar crescimento, riqueza e distribuir renda. De modo legal e civilizado, os dois extremos da cadeia, produtores e consumidores devem pressionar e serem representados pelos seus líderes em qualquer nível, para que medidas duradouras impeçam que poucos elos da cadeia produtiva se beneficiem de baixos preços internacionais.

Abrir bate-papo
1
Escanear o código
Olá 👋
Podemos ajudá-lo?