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SUPLEMENTAÇÃO

Juliano Sabella

Presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Suplementos Minerais (Asbram)

Aprimorando a cadeia produtiva do leite: como montar um alicerce sustentável

O ecossistema da produção leiteira no Brasil é um ponto estratégico para o país e para o agronegócio, em particular. Esse é um segmento que, por produzir e fornecer alimentos essenciais aos consumidores, desempenha um papel fundamental na economia rural. Embora o Brasil seja considerado o terceiro maior produtor mundial do produto, segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), é necessário entender que, como ocorre em várias cadeias produtivas, há muitos desafios que permeiam a atividade primária, como o impacto do ritmo excessivo das importações (tema da nossa última conversa, a propósito), que tem influência direta na rentabilidade das fazendas, e até mesmo nos aspectos de sustentabilidade, dado que esses reflexos entram, de alguma forma, nas planilhas dos produtores.

Para efetuar uma mudança real e próspera na cadeia do leite, além de fazer com que o item continue contribuindo com o Valor Bruto da Produção Agropecuária – atualmente é o terceiro na pecuária, com faturamento na casa dos R$ 60 bilhões, um aumento de 5,3%, segundo dados de 2023 do Mapa –, é crucial implementar ações práticas direcionadas à melhoria da genética dos animais e plantas, manejo das fazendas e nutrição do rebanho. Estes três pilares, quando trabalhados de forma integrada e estratégica, têm o potencial de revitalizar e fortalecer a produção leiteira. Combinados, esses fatores desempenham papel essencial na construção de um rebanho leiteiro de alta qualidade e produtividade.

Investir em programas de melhoramento genético, por exemplo, é uma medida crucial para selecionar animais com características desejáveis, como produção elevada, resistência a doenças e adaptação ao ambiente. Por meio do uso de avançadas tecnologias desenvolvidas para tratar desse tipo de necessidade, como a genômica, é possível identificar animais com potencial genético excepcional de maneira mais precisa e rápida. Essa abordagem aumenta a eficiência da produção e promove a resiliência do rebanho leiteiro frente a desafios futuros.

Em relação ao manejo, também considerando um pilar do sucesso da cadeia produtiva do leite, práticas que priorizam o bem-estar animal, como instalações adequadas e protocolos de saúde, resultam em um rebanho saudável e menos suscetível a doenças – e consequentemente mais produtivos. A atenção à saúde reprodutiva e o conforto térmico são igualmente importantes.

Além disso, o manejo nutricional estratégico, adaptado às diferentes fases da vida das vacas, é essencial para garantir sua saúde e produtividade. Sobre isso, são perceptíveis os bons resultados não apenas na melhoria da qualidade de vida dos animais, mas também na otimização da eficiência operacional, reduzindo desperdícios e custos, para que o produtor possa focar tempo e dinheiro no que realmente é importante.

Na nutrição, é fato que a atenção à qualidade da dieta impacta diretamente a produção de leite (quantidade e qualidade, em linha com o que demanda a indústria) e a saúde e bem-estar do rebanho. Por isso, investir em alimentos de alta qualidade e formulação de dietas balanceadas, adequadas às necessidades nutricionais de cada fase de produção, é uma estratégia eficaz para maximizar a produtividade. Explorar opções de alimentação sustentável, como o uso de subprodutos agrícolas, pode reduzir custos e minimizar o impacto ambiental.

A suplementação mineral é essencial para a produtividade e saúde do rebanho, e estar atento a novos aditivos que trazem incremento de eficiência alimentar é fundamental para aumento de rentabilidade. Uma abordagem de nutrição inteligente não apenas aumenta a produção, mas também contribui para a saúde e sustentabilidade do rebanho.

A transformação da cadeia produtiva do leite no Brasil é um desafio complexo, mas que pode ser superado com ações práticas e estratégicas. A integração da genética, manejo e nutrição como pilares fundamentais para a melhoria é essencial para alcançar uma produção leiteira mais produtiva, eficiente e sustentável. À medida que investimentos em melhoramento genético avançam, o produtor consegue implantar práticas de manejo que valorizam o bem-estar animal, bem como adotar abordagens inteligentes de nutrição, para começar a pavimentar o caminho para um setor leiteiro mais forte e competitivo.

A jornada rumo a uma cadeia produtiva do leite robusta e sustentável requer esforços colaborativos e decisões informadas, mas os resultados benéficos para a economia, a sociedade e o meio ambiente tornam esse empreendimento verdadeiramente valioso.

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