Assim caminha a humanidade

Dezembro é o último mês do ano, mas 2020 não acabou. Somente quando a maior parte da população brasileira for vacinada contra o vírus covid-19 poderemos considerá-lo terminado. Epidemias e pandemias são parte da história da humanidade; cada uma delas guarda em si muitas tragédias, mas também lições. No fim do século 18 a vacinação surgiu como forma de controle da varíola. O termo vacina, aliás, vem de vaca, porque o inóculo era obtido de vacas contaminadas pela forma mais branda de varíola. A pandemia de cólera na Europa de meados do século 19 trouxe a lição da higiene sanitária e da necessidade de sistemas de saneamento urbano. No século 20 a gripe espanhola foi tão ou mais devastadora que a atual pandemia, promovendo medidas de isolamento social nas condições permitidas naquela época.

Como consequência da pandemia atual, ganharam força e importância na cadeia produtiva de leite brasileira a origem, a rastreabilidade e mesmo a história associada ao leite, como foi produzido e em quais condições os animais eram mantidos. O leite e seus derivados são produtos naturais, naturalmente ricos em vitaminas, proteínas e minerais de alta taxa de absorção e podem ter baixa pegada de carbono. Em duas palavras, biosseguridade e produção sustentável, que inclui prioritariamente o bem-estar animal. Todas essas condições são derivadas principalmente do comportamento dos consumidores, de darem preferência, no momento da compra, aos produtos com qualidade e certificados para as condições acima. Consumidores satisfeitos comprando produtos oriundos de vacas e seus proprietários felizes, com mínimo impacto no ambiente.

Esta nova postura é uma característica dos jovens adultos, e portanto tende a crescer e sedimentar como condição para permanência no mercado. Passa a ser um fator de agregação de valor a alimentos, sendo que tais condições estão contidas no movimento mais amplo, criado pela ONU em 2015, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Ainda vamos falar muito deles, afinal todos os países membros da ONU são signatários.

Todos esses assuntos, e muitos outros são considerados no plano CompeteLeiteBR do Ministério da Agricultura, apresentado ao setor durante 2020 e que está em fase de revisão. Por isso, necessita da opinião de todos os que participam da cadeia, diretamente ou por meio de representantes dos que atuam na lida diária, em qualquer setor, de produção, processamento e distribuição.

Tivemos também neste ano infindo a eleição dos novos prefeitos e vereadores, apesar da pandemia e com muitos méritos pela realização quase sem incidentes. Um fato fundamental de renovação. São eles que podem decidir de modo imediato as condições de infraestrutura vitais para a produção de leite de qualidade, sua distribuição e seu uso como fonte de renda local, especialmente para os pequenos produtores e municípios com poucas opções de desenvolvimento econômico.

Mais uma consequência da pandemia na cadeia do leite, a iniciativa Ideas for Milk da Embrapa foi realizada toda ela à distância, virtualmente. O Desafio de Startups e a entrega do Prêmio Ideas for Milk de Inovação ocorrem ainda neste mês de dezembro. Um dos únicos eventos realizados no ano que ainda não acabou, com o auxílio de parceiros e muita garra, ampliamos seu alcance como iniciativa promotora de soluções, produtos ou processos inovadores para os diferentes setores da cadeia do leite e, ainda, promotora do conceito de FoodTech, de olho nos consumidores.

Assim caminha a humanidade, vivendo tragédias dolorosas e delas extraindo lições e oportunidades que nos fazem evoluir. Um dia, que o desejo esteja próximo, 2020 vai terminar. Saúde e paz a todos e às suas famílias!