E, com ela, vêm os danos no desempenho do animal, como perda de peso, queda da produção, mortalidade de bezerros e couro afetado
Por Tânia Polgrimas
Um ferimento, um machucado exposto e com sangue fresco, um umbigo, uma castração ou descorna mal cuidados ou mal curados. Além disso, ambientes sujos, com acúmulo de matéria orgânica como esterco, urina e resto de ração ou leite. Essas são as condições ideais que podem atrair moscas para o ambiente e para os bovinos leiteiros e, com elas, infestações por larvas, conhecidas pelo nome técnico de miíase e, popularmente, como bicheiras. Não há raça bovina mais ou menos suscetível ao ataque. O que atrai a mosca, confirma a pesquisadora Márcia de Sena Oliveira, da Embrapa Pecuária Sudeste, de São Carlos-SP, “é sangue fresco”.
Os prejuízos – sem contar o incômodo que as feridas provocam aos animais –, o produtor de leite conhece bem. Além dos gastos com remédios, veterinários e deslocamento de mão de obra para cuidados constantes, há redução na produção de leite e no ganho de peso de animais, e risco de infertilidade de touros. Outra perda são os danos ao couro na região atacada do corpo, além do risco real de morte de animais muito infestados, por doenças secundárias.
Como cuidar diariamente dessas feridas, mantendo-as principalmente secas e limpas, dá certo trabalho e exige dedicada mão de obra, nem sempre o pecuarista dá atenção ao problema como deveria. “Se a limpeza de ferimentos ou a cura do umbigo de recém-nascidos for feita todos os dias, não há chance de os ovos eventualmente depositados pelas moscas se desenvolverem”, acrescenta Márcia de Sena Oliveira. “Se, por exemplo, os ovos foram depositados hoje na ferida, eu limpo a área afetada e, com isso, consigo retirá-los antes que se transformem em larvas”, explica, acrescentando: “O que não pode é deixar três, quatro dias, sem limpar, porque esse tempo é suficiente para o ovo eclodir, virar larva e provocar uma lesão maior ainda no animal.”
A pesquisadora Fernanda Duarte, do Instituto Biológico de São Paulo (IB-Apta), explica que a miíase é provocada por larvas da mosca da espécie Cochliomyia hominivorax, a popular mosca varejeira. As fêmeas dessa espécie fazem suas posturas nas bordas de ferimentos recentes, sendo atraídas por sangue e secreções – por isso orifícios naturais dos animais, como focinho, ânus, pênis e vagina, também podem ser porta de entrada para o problema.
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Leia a íntegra desta matéria na edição Balde Branco 652, de abril 2019