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PERGUNTAS E RESPOSTAS

BEZERRAS

Importância da colostragem

Sob o patrocínio do programa Alta Cria, a Balde Branco vai publicar nesta seção – Perguntas e Respostas – uma série de textos com informações sobre as Boas Práticas na Criação de Bezerras, sob a coordenação de Rafael Azevedo, gerente de produto da Alta Genetics e coordenador e conselheiro do programa Alta Cria

Além da transferência de imunidade passiva, quais outras funções fisiológicas e outros benefícios o colostro pode fornecer para a recém-nascida?

O colostro é a primeira fonte de nutrientes que as bezerras recebem após o nascimento e possui vários componentes importantes para elas, além da transferência de imunidade, como, por exemplo:

  • Proteínas que, além de nutrir, são importantes para a renovação do epitélio intestinal;
  • Gordura, a qual fornecerá energia para as funções vitais e para o aquecimento do animal;
  • Oligossacarídeos presentes no colostro e leite de transição podem fornecer proteção contra agentes patogênicos, atuando como inibidores competitivos nas superfícies epiteliais do intestino;
  • Minerais e vitaminas, importantes para estocagem e uso pelo corpo;
  • Insulina, fator de crescimento semelhante à insulina (IGF-1), fatores de crescimento, citocinas, fatores antimicrobianos inespecíficos, todos necessários para renovação celular e desenvolvimento de vários órgãos e para retenção de energia no corpo. O IGF-1 pode ser regulador-chave no desenvolvimento do trato gastrointestinal de neonatos, incluindo estimulação ao crescimento da mucosa, enzimas da borda em escova e síntese de DNA intestinal, aumento do tamanho das vilosidades intestinais e aumento na captação de glicose. O inibidor da tripsina é encontrado no colostro em concentrações quase 100 vezes maiores do que no leite. Serve para proteger as imunoglobulinas e outras proteínas da degradação proteolítica no intestino;
  • Componentes bioativos com atividade antimicrobiana (lactoferrina, lisozima e lactoperoxidase).

 

A falta de volume de colostro ou a falta de qualidade pode ser amenizada com algum manejo/protocolo?

Não existe manejo que consiga substituir o papel do colostro para a recém-nascida. A fazenda tem que estar preparada para esses casos, com armazenamento de colostro excedente de alta qualidade (banco de colostro) ou ter bom substituto de colostro para ser usado estrategicamente, quando necessário.

 

Qualidade do colostro de novilhas, em termos gerais, é inferior ao de vacas. Mito ou verdade?

Verdade. De forma geral, novilhas apresentam colostro com menor quantidade e variedade de anticorpos, uma vez que foram expostas a menor quantidade de patógenos durante a sua vida. Alguns autores citam ainda que o mecanismo de transferência de imunoglobulinas circulantes para o colostro pode ser menos desenvolvido em animais mais jovens ou de primeira cria. No entanto, quando se tem um programa adequado de vacinação no pré-parto, com aplicação de vacinas contra os principais patógenos que acometem as bezerras, a diferença na variedade de anticorpos pode ser menor quando se comparam vacas e novilhas.

 

Existe tempo de duração para o colostro permanecer congelado?

Desde que o freezer não sofra ciclos de congelamento e descongelamento, ele pode ficar armazenado por até um ano.

 

Qual a melhor estratégia para trabalhar com colostro refrigerado?

A melhor estratégia é avaliar a real necessidade de fornecimento nas próximas horas para que se tome a decisão entre refrigerar em vez de congelar. Caso seja um período com vários nascimentos, refrigerar pode ser boa opção, pois logo esse será fornecido ao recém-nascido. A vantagem é que pode ser preparado mais rapidamente para o fornecimento, já que não está congelado, o que beneficia o processo, pois a bezerra vai receber o colostro mais cedo, quando a sua eficiência de absorção é mais alta.

 

Quantos dias após o nascimento devemos coletar o sangue para avaliarmos a colostragem das bezerras?

Trabalhos científicos atuais indicam e comprovam que 24 a 48 horas após o fornecimento do colostro, até sete dias de idade, é um tempo hábil para se realizar a coleta de sangue para avaliação da eficiência de colostragem. É importante que a fazenda coloque na rotina e realize a coleta após o aleitamento dos animais.

 

Se, após o exame de sangue, diagnosticar que houve falha na transferência de imunidade passiva, o que pode ser feito para diminuir os efeitos de má colostragem?

Infelizmente esse diagnóstico é feito após o período de absorção de anticorpos pela recém-nascida, de forma que não é possível corrigir a falha para esse animal, a não ser melhorando sua alimentação e reduzindo toda e qualquer fonte de estresse ambiental e sanitário. Se a avaliação for realizada com 24 horas após o nascimento, deve-se agir da seguinte forma:

  • Fornecer leite de transição;
  • Realizar, da melhor forma possível, a cura do umbigo;
  • Manter o animal em ambiente limpo e seco, com cama de palha ou feno nos momentos de baixas temperaturas;
  • Alimentar o animal com pelo menos 6 litros de leite com 12,5% de sólidos;
  • Manter a observação do animal para tratamento de qualquer enfermidade o mais rápido possível.

 

Por outro lado, esse diagnóstico auxilia a melhoria dos protocolos de colostragem, uma vez que as falhas podem ser identificadas. Os problemas podem estar associados desde o volume inadequado de fornecimento até o descongelamento em temperaturas muito altas. Um exemplo comum é uma sequência de seis dias de nascimento com todos os animais sem falha de transferência de imunidade passiva e um dia com todos as bezerras com baixos valores de proteína sérica, sugerindo que o folguista pode estar com problemas na realização da colostragem e deverá ser treinado. 

 

 


(Fonte: “Criação de Bezerras Leiteiras – Perguntas e Respostas Alta Cria”, publicação da Alta Genetics)


Veja mais: Assista na TV Balde Branco à “Vacinação da vaca gestante visando fortalecer a imunidade das bezerras”, entrevista com o prof. Rodrigo Otávio Silveira da Silva, da UFMG, e conselheiro do programa Alta Cria. www.baldebranco.com.br

Acompanhe mais algumas das principais dúvidas dos produtores sobre como fazer a colostragem adequada e as orientações de especialistas com base em pesquisas científicas. Perguntas respondidas por: Rafael Alves de Azevedo – Alta Genetics; Carla Maris Machado Bittar – Esalq/USP; Sandra Gesteira Coelho – EV/UFMG
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