A criação de bezerras é uma das fases mais importantes da pecuária leiteira, pois ela compreende a reposição genética, visando sempre a animais cada vez mais produtivos e saudáveis no futuro do rebanho. Saber gerenciar os números e conhecer os principais índices zootécnicos é de suma importância para alcançar os objetivos, traçar metas e estratégias que definirão o sucesso da criação das bezerras, bem como auxiliar na tomada de decisões de manejos e nos rumos da ciência nacional.
O programa Alta Cria surgiu em 2017, com o objetivo de levantar os principais índices zootécnicos na fase de cria, auxiliando o gerenciamento e permitindo um panorama da criação nacional de bezerras. O programa é composto por um seleto grupo de conselheiros e de técnicos que discutem e trabalham os resultados e as inovações relacionadas a essa fase de criação, contando com grande participação dos responsáveis técnicos/proprietários de fazendas comerciais, distribuídas em quase todo o território nacional.
Em 2019, participaram do programa mais de 80 fazendas, com um grupo de produtores comprometidos em levantar números e trabalhar no gerenciamento de indicadores zootécnicos na área de criação de bezerras.
Um dos pontos fortes do programa é levantar discussões e tentar criar soluções para os desafios que surgem no manejo das bezerras no dia a dia. Nesse contexto, nasceu a ideia de se criar um livro de perguntas e respostas, que fosse prático e simples, com perguntas cotidianas e respostas aplicáveis. Todas as perguntas foram respondidas por profissionais capacitados e especialistas nas suas respectivas áreas, os quais se responsabilizam pelo conteúdo respondido.
Qual o melhor tipo de colostro para ser fornecido à recém-nascida?
Colostro obtido com higiene, garantindo a qualidade sanitária mínima de <100.000 UFC/mL para contagem total em placas, que contenha qualidade imunológica recomendada de, no mínimo, 50 g/L de imunoglobulinas e que seja livre de qualquer tipo de doença que possa ser transmitida da mãe para filha.
Qual a quantidade ideal (litros) de colostro deve ser fornecida para a bezerra?
O recomendado é que a bezerra receba, no mínimo, 10% do seu peso corporal nas primeiras duas horas de vida. Assim, se a bezerra nasce com 40 kg, ela deverá receber, no mínimo, 4 litros de colostro nas primeiras duas horas de vida. É importante ressaltar que, quanto mais colostro essa bezerra receber, maiores serão os benefícios do ponto de vista de saúde e, consequentemente, de desempenho do animal. Sendo assim, existem indicações que as bezerras devem receber entre 15% e 20% do peso corporal nas primeiras 12 horas de vida.
Além da qualidade, da quantidade e do tempo de fornecimento do colostro após o nascimento, o que mais pode influenciar a qualidade da colostragem da bezerra?
A eficiência da colostragem é determinada basicamente pela quantidade, qualidade imunológica e sanitária do colostro, além do tempo após o nascimento para o seu fornecimento. Porém, trabalhos também demonstram que existem fatores da recém-nascida que podem influenciar essa eficiência, como o tipo de parto, sendo que partos complicados reduzem a eficiência de absorção de anticorpos pelo animal. Outros fatores que podem influenciar de forma negativa são, por exemplo, estresse térmico da vaca no período de pré-parto, estresse da bezerra, pasteurização incorreta do colostro e temperatura incorreta de descongelamento.
O enriquecimento do colostro fresco com o colostro em pó, para maiores valores de Brix, permite a redução na quantidade de volume recomendada no fornecimento (10% do peso corporal ao nascimento)?
O mínimo que uma recém-nascida necessita de IgG são 100 gramas e recomendações mais atuais já indicam de 150 a 200 g de IgG, o mais rápido possível após o nascimento. Considerando 1 litro de colostro com Brix de 22%, temos 50 g/L de IgG, de forma que o fornecimento de 4 litros desse colostro estaria fornecendo 200 g de IgG para a recém-nascida. Quando concentramos o colostro, adicionando-se colostro em pó, conseguimos fornecer, em 1 litro de colostro, maior quantidade de IgG, o que nos permite trabalhar com volume menor, quando necessário. Este é o caso, por exemplo, de animais com baixo vigor e menor reflexo de mamada, normalmente aqueles provenientes de partos auxiliados. Nesses casos, fica mais fácil fornecer a dose de imunoglobulinas adequada em menor volume, seja por mamada voluntária ou pela utilização de sonda. É importante lembrar que, quanto mais colostro a recém-nascida receber, melhor será para ela. (Continua na próxima edição)
(Fonte: “Criação de Bezerras Leiteiras – Perguntas e Respostas Alta Cria”, publicação da Alta Genetics)
Veja mais: Assista na TV Balde Branco à “Vacinação da vaca gestante, visando fortalecer a imunidade das bezerras”, entrevista com o prof. Rodrigo Otávio Silveira da Silva, da UFMG e conselheiro do programa Alta Cria. www.baldebranco.com.br
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