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MERCADO

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Rafael Ribeiro 

zootecnista, msc. Scot Consultoria

BOA DEMANDA, CÂMBIO E CLIMA DÃO SUSTENTAÇÃO AOS PREÇOS DO MILHO

s preços do milho voltaram a se firmar no mercado interno, com a demanda firme, a alta do dólar e as revisões para baixo dos estoques finais do País na temporada atual (2019/2020).
Segundo levantamento da Scot Consultoria, na região de Campinas (SP), em fevereiro, a saca de 60 quilos foi comercializada por R$ 52,00, sem o frete, frente a negócios a até R$ 51,00 por saca no fim do mês anterior.

Na comparação mensal, o preço do milho subiu 0,7% e em relação a fevereiro do ano passado o cereal está custando 16,2% mais este ano.

Em curto e médio prazos, o clima e a demanda interna são os principais fatores de direcionamento dos preços do milho no mercado interno. A expectativa é de mercado firme e a possibilidade de mais altas não está descartada.

MENORES ESTOQUES INTERNOS DOS ÚLTIMOS ANOS

Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou no dia 11 de fevereiro o quinto relatório de acompanhamento da safra brasileira de grãos 2019/2020. A colheita da safra de verão (primeira safra) está em andamento no País e, paralelamente, os produtores estão semeando a safra de inverno ou segunda safra.

Segundo a Conab, a área de milho na segunda safra deverá crescer 2,7% na temporada atual (2019/2020), em relação à safra passada (2018/2019), mas a produtividade média das lavouras deverá ser 2,5% menor neste ciclo, frente a 2018/2019, que foi recorde.

Com isso, a produção na segunda safra está estimada em 73,27 milhões de toneladas de milho, 0,1% maior que o colhido no ciclo anterior.

Considerando a produção total (1ª, 2ª e 3ª safras), o País deverá colher 100,48 milhões de toneladas do cereal. Se consolidado, este volume será 0,4% maior que a produção em 2018/2019, recorde até então.

Apesar de as estimativas apontarem ligeiro aumento na produção, a demanda interna deverá crescer com mais força, reduzindo os estoques internos. Este incremento na demanda foi puxado pelo setor de produção de etanol de milho, mas principalmente pelo aumento da produção de aves e suínos nos últimos anos, para atender à maior demanda chinesa.

A expectativa é de que sejam consumidos 70,45 milhões de toneladas de milho no Brasil em 2020, frente aos 68,13 milhões de toneladas consumidas em 2019, aos 65,24 milhões de toneladas em 2018 e aos 60,95 milhões de toneladas em 2017.

Dessa forma, os estoques finais no Brasil estão estimados em 8,44 milhões de toneladas de milho em 2019/2020, o menor volume dos últimos anos.

QUEDA NAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE MILHO

E m fevereiro, até a segunda semana (10 dias úteis), o Brasil exportou, em média, 25,65 mil toneladas de milho por dia. O volume diário embarcado caiu 75,4% na comparação com janeiro deste ano e foi 67,9% menor frente a fevereiro de 2019. Com o avanço da colheita da soja, que é o principal produto da safra de verão, a tendência é de quedas nas exportações brasileiras de milho nos próximos meses e aumento dos embarques de soja.

Em fevereiro, a média diária exportada cresceu 185%, totalizando 192,81 mil toneladas de soja em grão, mas ainda assim foi 26,8% menor que a média de fevereiro do ano passado.

As exportações de milho deverão ser retomadas no segundo semestre, após a colheita da segunda safra.

A expectativa da Conab é de que o País exporte 34 milhões de toneladas do cereal nesta temporada, frente ao recorde na safra passada, de 41,17 milhões de toneladas. No entanto, com um dólar valorizado, esse volume poderá ser revisado para cima nos próximos relatórios, o que enxugaria ainda mais as estimativas de estoques finais na temporada.

No caso da soja, a expectativa da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) é de que sejam exportados 73,5 milhões de toneladas em 2020, frente aos 74,1 milhões de toneladas embarcadas em 2019. O recorde foi em 2018, quando o Brasil exportou 83,26 milhões de toneladas do grão.

Além da questão da peste suína africana e do coronavírus, que devem reduzir a demanda chinesa por soja este ano, a China deve retomar gradualmente as compras dos Estados Unidos.

ALTA NOS PREÇOS DO DDG

Segundo levantamento da Scot Consultoria, a cotação do DDG subiu em média 4,5% na primeira metade fevereiro na comparação com a segunda quinzena de janeiro. O intervalo de preço de comercialização está entre R$ 638,75 e R$ 710,94 por tonelada, sem o frete, considerando os preços convertidos para uma média de 35% de proteína bruta (PB), sendo que as concentrações encontradas variaram entre 32% e 40% de PB.

Para o WDG, não houve alteração de preços. Os negócios ocorrem entre R$ 130,00 e R$ 220,00 por tonelada, considerando os valores convertidos para 33% de proteína bruta (PB). Na média, o DDG e o WDG ficaram cotados, respectivamente, em R$ 684,77 e R$ 166,67 por tonelada, sem considerar o frete.

O cenário de preços firmes da soja grão e do farelo de soja, com o dólar em alta e a demanda aquecida, dá sustentação aos preços do DDG e do WDG. Lembrando que o farelo de soja é o balizador de preços no mercado de alimentos concentrados proteicos, no qual o DDG e WDG são alternativas.

Outro ponto é a valorização do milho, que pesa nos custos de originação da usina de etanol.

AUMENTO NOS CUSTOS DE PRODUÇÃO DA ATIVIDADE LEITEIRA

O s custos de produção da atividade leiteira iniciaram o ano em alta. O indicador calculado pela Scot Consultoria subiu 1,4% em janeiro/2020, frente ao mês anterior. Em fevereiro, o aumento foi de 4% na comparação mensal. Foi o quinto mês consecutivo de elevação nos custos O aumento dos preços dos alimentos energéticos, com destaque para o milho, dos combustíveis e lubrificantes e dos concentrados proteicos, puxou os custos para cima em janeiro.

Em relação a igual período do ano passado, o indicador está 10% maior este ano. Em 2020, os custos com a dieta do rebanho estão em patamares mais altos e o câmbio e a demanda firme continuarão a influenciar os preços dos alimentos concentrados no curto e no médio prazos.

Preços firmes do farelo de soja no mercado interno

alta do dólar e a boa demanda têm dado sustentação aos preços da soja, em reais. As cotações do farelo têm acompanhado essa movimentação. Segundo levantamento da Scot Consultoria, em São Paulo, a tonelada do farelo de soja ficou cotada em R$ 1.399,14, sem o frete, em fevereiro. Houve alta de 1% em relação ao fechamento de janeiro último e, na comparação com fevereiro do ano passado, o farelo está custando 10,6% mais este ano. O câmbio e a demanda deverão ser os principais direcionadores das cotações da soja e do farelo de soja no mercado interno nos próximos meses, que são de avanço da colheita e dos esmagamentos e aumento da disponibilidade interna.
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