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Equipamentos complexos e de alto custo, as ordenhadeiras precisam ser operadas por profissionais preparados

ORDENHADEIRA

CAPACITAÇÃO DA MÃO DE OBRA:

na produção profissional de leite

Além de ser fundamental o domínio na operação do equipamento de ordenha, o colaborador precisar conhecer muito bem de vacas

João Antônio dos Santos

Nas reportagens anteriores desta série, nossos leitores puderam acompanhar tópicos – manutenção preventiva das ordenhadeiras, recomendações sobre a importância de se ter um projeto do equipamento condizente com as necessidades da propriedade e também sobre fazer uma comprar bem feita, com todas as garantias. Agora, dando continuidade às orientações do consultor especialista em qualidade do leite Carlos Alberto Machado, coordenador da Comissão das Indústrias de Equipamentos para a Pecuária de Leite do Simers (Ciepel), o tema é a importância do preparo da mão de obra que vai trabalhar com as ordenhadeiras.

“Como acontece em qualquer atividade, a eficiência é fundamental. Na produção leiteira, eficiência vai além – é um imperativo vital. No leite, eficiência é determinante para o sucesso ou o fracasso do investimento. Especialmente pela complexidade que caracteriza a produção profissional de leite, uma atividade na qual os centavos têm peso real”, ressalta ele, completando que isso dá uma clara noção da importância que a mão de obra tem na propriedade leiteira, uma vez que a ela cabe a interação, o monitoramento e o gerenciamento eficiente de todas as etapas do processo. “Não é por acaso que, cada dia mais, a preocupação com a mão de obra torna-se uma das principais prioridades na produção profissional do leite.”

Machado reforça essa importância da mão de obra bem treinada, pois ela tem impacto no comportamento e na sanidade animal, na qualidade do leite ordenhado, bem como na eficiência do desempenho dos equipamentos e na sua manutenção preventiva constante, que garantem o prolongamento de sua vida útil. “Ou seja, essa mão de obra que atua diariamente com o patrimônio do produtor tem, literalmente ‘nas mãos’, o poder de viabilizar ou inviabilizar a atividade de uma propriedade leiteira. Daí a necessidade, por parte do produtor, de um olhar atento e adequado ao tratamento desta variável fundamental para o sucesso do empreendimento. Independentemente do porte da propriedade”, destaca.

O produtor deve estar ciente de que o futuro de seu negócio depende de uma gestão eficiente de sua propriedade, nos aspectos financeiro, zootécnico e fundamentalmente da capacitação da mão de obra. Pois é esta que faz tudo acontecer e deve fazer isso com comprometimento, competência e profissionalismo. E essa gestão cumpre seus objetivos se tudo isso também resultar no reconhecimento e na valorização desse profissional. É uma nova realidade que não pode ser ignorada numa empresa rural, cujo sucesso se baseia no profissionalismo.

NÃO BASTA O ORDENHADOR TER APENAS CAPACITAÇÃO TÉCNICA PARA OPERAR O EQUIPAMENTO. ELE PRECISA ESTAR MUITO BEM PREPARADO PARA LIDAR ADEQUADAMENTE COM OS ANIMAIS

A realidade hoje é outra – Conforme lembra Machado, já está longe o tempo em que bastava a força física para essa mão de obra desempenhar seu papel numa propriedade leiteira. Hoje, porém, em razão de mudanças e avanços que ocorreram nas últimas décadas, a realidade é outra. “Necessita-se mais do intelecto, do conhecimento, da capacidade cerebral para agir com discernimento, entender conceitos, do que propriamente de força física. Os avanços se sucederam nas comunicações, na automação e em novas tecnologias surgindo a cada dia”, assinala. E mais ainda, numa rapidez tremenda, o surgimento da internet, da robótica, do GPS e tantas outras tecnologias, inclusive na área do melhoramento genético.

Aliado a tudo isso, estão a nova mentalidade dos consumidores e mudanças nas relações de trabalho. Todas essas mudanças também já estão dentro da porteira, exigindo do produtor de leite novas atitudes, estar atento e se preparar para essas mudanças, se quiser permanecer na atividade. E nesse contexto tem um grande peso contar com mão de obra capacitada. “Na exploração leiteira profissional, há um conjunto absurdamente variado de instrumentos, ferramentas, equipamentos, que não só facilitam a vida de todos, mas também exigem um novo perfil da mão de obra. Uma nova realidade que requer, acima de tudo, capacitação e reciclagem permanentes”, nota Machado.

“A complexidade da produção leiteira e das tecnologias exigem um novo perfil da mão de obra” Carlos Machado

Focando especificamente na área da ordenha, o consultor observa que de nada adianta a melhor genética, avançadas tecnologias, investimentos em recursos de toda ordem se esse patrimônio será entregue aos cuidados de uma mão de obra sem o devido preparo e capacitação. “É como colocar um Boeing 737 na pista do aeroporto e oferecê-lo a qualquer pessoa para que saia a voar pelo mundo! Se essa pessoa não tiver o preparo requerido para operar o avião, com certeza a iniciativa vai resultar em tragédia.”

Entender de vacas – Se um ordenhador não tem conhecimento do que ocorre com a vaca durante o processo de liberação do leite, dificilmente conseguirá a participação ativa dela durante a ordenha. Participação esta que é fundamental para que se possa extrair o volume máximo de leite que o animal pode oferecer.

Da mesma forma, ressalta Machado, se o ordenhador não tiver noção de como funciona o sistema de ordenha utilizado na propriedade, dificilmente obterá desse sistema a máxima eficiência para a qual foi projetado e construído. E aqui não se trata simplesmente de saber colocar o conjunto de teteiras nas vacas, ligar e desligar o equipamento, mas sim saber efetivamente a função de cada componente do equipamento, de modo a saber o que pode ocorrer quando qualquer parte do sistema não funcionar corretamente e, principalmente, o que fazer em tal situação. “Costumo dizer que a mesma tecnologia que salva pode matar. Imagine o dano que pode causar um ordenhador que não tem noções básicas de higiene, não só à qualidade do leite produzido, mas também, por consequência, ao resultado financeiro da propriedade?”, questiona.

O momento da ordenha é único e o ordenhador tem de entender a vaca para que ela naturalmente libere a descida do leite

Onde buscar treinamento – Para a capacitação da mão de obra no tocante ao equipamento de ordenha, são muitas as possibilidades de o produtor encontrar cursos de treinamento para seus colaboradores. A começar pela Embrapa, que, além de cursos presenciais, oferece treinamento à distância; o Senar; a Emater; as Federações de Agricultura, entre outros órgãos que disponibilizam esses treinamentos específicos. Também as empresas que atuam no setor, em sua grande maioria, oferecem cursos para seus revendedores e algumas para seus clientes e colaboradores. “Basta o produtor pesquisar e entrar em contato com tais instituições, empresas e revendedores. Também vale informar que o EducaPoint oferece esse treinamento à distância”, orienta Machado.

Para ele, o fato de o produtor buscar a capacitação de seus funcionários – e isso não se restringe à questão da ordenha, mas vale para todos os demais aspectos da produção – é uma forma de valorizá-los. “Isso faz com que se sintam parte integrante do processo. Colaboradores satisfeitos, integrados, valorizados, sentem-se mais motivados, receptivos e comprometidos em relação às tarefas diárias e às metas a serem alcançadas. Portanto, valorizar os funcionários, investir em sua capacitação e reciclagem permanente, é um investimento que, via de regra, retorna em forma de lucro ao bolso do produtor.”

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