É o que aponta o boletim Intelactus, divulgado este mês pelos analistas da da Embrapa Gado de Leite. Confira os destaques
As importações brasileiras de lácteos vem apresentando trajetória de queda desde fevereiro de 2017. No caso do leite em pó, principal produto da pauta de importações, essa redução foi de 13% em março e de 42% em abril, na comparação com os mesmos meses de 2016. Nesse cenário, os volumes importados estão se aproximando da média dos últimos cinco anos. Esse resultado pode ser explicado pela redução da competitividade das importações frente ao leite brasileiro, fruto da valorização do produto no mercado internacional.
Desde março de 2017, o preço do leite em pó integral nos leilões da Global Dairy Trade (GDT) subiu 19%, fechando em US$ 3.312/t, no último evento ocorrido em 16 de maio. Com isso, a diferença entre o preço pago ao produtor brasileiro e o preço de importação do Mercosul caiu de US$ 0,19 em setembro (pico das importações em 2016) para US$ 0,04 em abril deste ano.
No mercado interno, o cenário para o produtor de leite continua favorável. A perspectiva de safra recorde de grãos no Brasil e o aumento dos estoques de milho e soja nos Estados Unidos resultaram em queda acentuada nos preços desses produtos. O preço da saca de 60 kg de milho, que chegou a R$ 51,48 em maio de 2016, fechou em R$ 27,79 em abril deste ano, segundo o indicador Cepea/USP.
Para o farelo de soja, a situação é semelhante. A tonelada do produto, que foi negociada em R$ 1.572,48 em junho de 2016, caiu para R$ 1.012,31 em abril último (Deral-PR). Essas reduções nos principais insumos para alimentação do rebanho contribuíram para diminuição do custo de produção, que está em queda desde setembro de 2016, segundo o Índice de Custo de Produção de Leite (ICPLeite/Embrapa). Nesse período, o ICPLeite reduziu 8,61%.
O preço do leite recebido pelos produtores continua em trajetória de valorização desde fevereiro. Em abril, o preço do leite, deflacionado pelo ICPLeite, ficou 10,8% acima do verificado no mesmo mês em 2016 (média nacional). Em valores nominais, essa alta foi de 13,1%. Entretanto, apesar da expectativa de novos aumentos nos preços pagos ao produtor, fruto do período de entressafra, espera-se ligeira valorização do leite em maio, mas com tendência de estabilidade nos meses seguintes.
A indústria está tendo dificuldades para grandes repasses de preços. No mercado Spot, o preço do leite tem subido lentamente, enquanto que no atacado, a cotação do leite UHT está praticamente estável. Assim, as margens atuais da indústria para o leite UHT estão abaixo da média dos últimos anos, sendo a situação ainda mais crítica para o queijo.
Por fim, é interessante registrar a valorização da manteiga no mercado mundial decorrente do aumento da demanda pelo produto. Mudanças de hábitos de consumo influenciadas pelo reconhecimento recente da comunidade científica dos benefícios da gordura do leite para a saúde, estimulou um salto no preço da manteiga nos últimos 12 meses, passando de US$ 2.697 para US$ 5.479/t, segundo os leilões da GDT.
Ressalva-se, contudo, que todo este cenário apresentado pode ser afetado pelo desenrolar do recente agravamento da crise política nacional e americana e suas consequências sobre a economia.