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LEITE EM NÚMEROS

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Denis Teixeira da Rocha

Analista da Embrapa Gado de Leite

CENSO AGROPECUÁRIO

Um retrato do leite nos estados brasileiros

Os dados mostram que o Brasil conta com diversos produtores competitivos espalhados pelo País, que servem de exemplo da evolução tecnológica pela qual a atividade vem passando nos últimos anos

Para finalizar a série especial sobre os resultados do mais recente Censo Agropecuário do IBGE, nesta edição analisamos os dados relativos à atividade leiteira nos municípios brasileiros. Apresentamos os 10 municípios que mais se destacaram em termos de número de estabelecimentos com produção de leite (Tabela 1), rebanho de vacas ordenhadas (Tabela 2), volume de leite produzido (Tabela 3) e produtividade animal (Tabela 4) para o ano de 2017.

O município de Castro, no Paraná, intitulado “capital nacional do leite” por meio de lei federal, foi o maior produtor do Brasil, com mais de 200 milhões de litros de leite captados em 2017. O município também se destaca entre os maiores rebanhos de vacas ordenhadas, com mais de 31 mil animais, quinto maior do País, o que resultou em uma produtividade média de 6.624 litros de leite por vaca no ano.

Em quantidade de produtores, o município paraense de São Félix do Xingu é o que concentra o maior número (3.587 estabelecimentos). O município também detém o segundo maior rebanho de vacas ordenhadas, com mais de 41 mil animais. Entretanto, devido à baixa produtividade média de seu rebanho, com apenas 1.318 litros/vaca/ano, a produção municipal é apenas a 41º do País.

 

A produtividade animal é o indicador que explica o fato de cinco municípios estarem na lista dos 10 maiores em número de produtores e de vacas ordenhadas, mas apenas um deles constar na lista dos maiores em volume produzido. Este é o caso de Patos de Minas, município mineiro que detém o maior rebanho de vacas ordenhadas e é o oitavo em quantidade de produtores, ocupando a segunda posição em produção de leite do País. Enquanto a produtividade média do município ficou em 4.340 litros/vaca, nos outros quatro municípios desta lista (São Félix do Xingu – PA, Marabá – PA, Campos dos Goytacazes – RJ e Jaru – RO), a produtividade média foi próxima a 1.500 litros/vaca no ano.

Quando se analisa a produtividade animal nos municípios, deve-se ter uma atenção especial ao número de estabelecimentos produtores de leite. Isso porque, da lista dos 10 maiores em produtividade animal, seis têm no máximo 22 produtores. Isso resulta que a elevada produtividade média do município na verdade é fruto de um ou no máximo alguns grandes produtores ali instalados. Sendo assim, dos 10 municípios com maior produtividade animal em 2017 ressaltam-se os paranaenses Carambeí e Palmeira e os gaúchos Selbach e Quinze de Novembro, nos quais o número de produtores é mais expressivo, na casa das centenas, demonstrando que a produtividade elevada é uma questão mais estrutural e deriva de um conjunto maior de produtores.

Esse destaque, principalmente aos municípios do Rio Grande do Sul, também é válido quando se observa a localização dos 100 municípios com maior produtividade animal do País, visto que 62 deles estão naquele Estado. Essa lista é seguida por São Paulo, com 15 municípios, Paraná (9), Santa Catarina (7), Minas Gerais (5), Ceará e Espírito Santo, com um município cada. Essa distribuição reflete bem a maior produtividade animal média encontrada nos Estados da região Sul, enquanto São Paulo destaca-se por alguns grandes produtores que elevam a produtividade dos seus municípios, mas que na média não resulta em alta produtividade estadual.

Já no grupo dos 100 municípios com maior volume produzido, 44 estão em Minas Gerais (maior produtor do Brasil). Compõem ainda a lista dos 100 maiores Santa Catarina (15), Paraná (12), Goiás (9), Rio Grande do Sul (8), Pará (3), Pernambuco (3), Rondônia (3), Ceará (1), Rio de Janeiro (1) e Sergipe (1).

Por fim, os dados do Censo Agropecuário mostram que mais de 300 municípios brasileiros apresentaram produtividade superior a 4.237 litros/vaca em 2017, que foi a produtividade média da Nova Zelândia no mesmo ano. Considerando que a produtividade animal é um bom indicador de eficiência e que também está diretamente relacionado à rentabilidade, isso mostra que o Brasil conta com diversos produtores competitivos espalhados pelo País e que servem de exemplo da evolução tecnológica pela qual a atividade leiteira vem passando nos últimos anos.

Co-autores: Glauco Rodrigues Carvalho – pesquisador da Embrapa Gado de Leite; João Cesar de Resende – pesquisador da Embrapa Gado de Leite; Angela da Conceição Lordão – gerente de Pecuária do IBGE
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