Há décadas o equipamento é imprescindível na pecuária de leite da Nova Zelândia. Por aqui, cresce sua utilização, mas a falta de conhecimento muitas vezes não permite obter a mesma eficiência
No Brasil, apesar de toda a vocação que temos para produzir leite a pasto, temos optado por sistemas confinados nos últimos tempos, o que representa absoluto desprezo por um potencial de exploração de baixo custo e riscos restritos”. A afirmação, quase desabafo, é de Ernesto Coser, um especialista em tecnologia envolvendo pastejo intensivo para bovinos e entusiasta do modelo de exploração adotado para a produção de leite na Nova Zelândia.
Inconformado, ele não só tem se manifestado contra a atual tendência do setor como também tem atribuído à falta de conhecimento de produtores e técnicos no uso de cercas elétricas uma das principais razões para a expansão de sistemas, como o compost barn, por exemplo. “A maior parte das fazendas que utiliza cercas elétricas não aproveita ao máximo os benefícios dessa ferramenta e passam a encará-la como um recurso complexo, de difícil aplicação”, comenta.
Segundo ele, tal avaliação não procede. “Toda tecnologia que não é estudada não é dominada, e se torna um problema se empregada de forma errada. Por outro lado, quando a tecnologia é utilizada corretamente, se torna uma solução”, costuma repetir. O melhor exemplo é o sistema neozelandês de produção de leite, que há 30 anos segue um modelo de exploração que projetou o país como o maior exportador de leite no mercado internacional e tem a cerca elétrica no manejo de um rebanho de 5 milhões de bovinos, além de 80 milhões de ovinos e caprinos.
Suas contas apontam que, numa comparação simples, o investimento para a instalação de cercas elétricas chega a ser um terço do valor gasto na implantação de cercas convencionais. Se a análise for levada às minúcias, a fração pode ser ainda menor. “Apesar dessa enorme vantagem que o equipamento apresenta, a tecnologia ainda é vista com desconfiança por consequência de conceitos equivocados no dimensionamento do projeto somados à falta de cuidado e de conhecimento na escolha dos dispositivos a serem instalados no sistema.
Na realidade, o que se vê na exploração a pasto no Brasil é um domínio de conceitos práticos na utilização do solo e no cultivo dos capins e gramíneas, o que não se reflete no manejo dos animais para o aproveitamento do alimento. “Sabemos a hora de entrar e sair com o gado dos piquetes. Mas fazer o animal ficar onde queremos e não deixar que ele escolha onde comer ainda é um desafio”, cita, observando que se temos pasto rapado ou pasto passado, quem está mandando na fazenda é a vaca, e não seus gestores.
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Leia a íntegra desta matéria na edição Balde Branco 638, de dezembro 2017