A semeadura do milho 2019/2020 começou em abril nos Estados Unidos. Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), até o final da primeira quinzena, 3,0% da área prevista com a cultura nesta temporada fora plantada. O ritmo dos trabalhos está igual ao da safra passada, mas ligeiramente abaixo da média das últimas cinco temporadas, que é de 5,0% da área semeada até então. A expectativa é de um crescimento de 4,1% na área de milho este ano, frente a 2018/2019, totalizando 37,55 milhões de hectares.
Com relação ao clima, o início dos trabalhos foi marcado pelos grandes volumes de chuvas e ventos no meio oeste norte-americano, principal região produtora de grãos no país, o que acabou “segurando” um pouco o avanço dos trabalhos. Em curto prazo, a expectativa é de que as chuvas continuem, porém deverão ser mais concentradas na metade leste dos Estados Unidos.
BOAS EXPECTATIVAS PRESSIONAM AS COTAÇÕES DO MILHO
Os preços do milho estão em queda desde meados de março no mercado interno. Na região de Campinas, em São Paulo, a referência fechou abril em R$ 38,50 por saca de 60 quilos, ou seja, um recuo de 5,5% na comparação mensal. A pressão de baixa vem da expectativa de aumento da oferta do cereal na segunda safra 2018/19. Com um clima mais favorável este ano, as produtividades médias têm sido revisadas para cima.
No relatório de abril, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) aumentou em 0,7% a estimativa de rendimento do milho de segunda safra, frente ao relatório anterior (março/19). Já na comparação com a segunda safra passada (2017/18), a produtividade média deverá ser 19,2% maior neste ciclo. Este fato, somado ao incremento na área semeada, de 6,1% em relação ao ciclo passado, leva a uma expectativa de crescimento de 28,4% na produção na segunda safra 2018/19, frente a 2017/18. Isto significa 14,24 milhões de toneladas a mais este ano.
Em curto e médio prazo, a expectativa é de mercado frouxo e quedas nos preços não estão descartadas. De qualquer forma, seguimos monitorando o câmbio e o clima, que são os fatores que poderão mexer com o mercado pontualmente.
QUEDA NO PREÇO DO FARELO DE SOJA
Com o câmbio em patamares mais baixos e oscilando menos este ano, as incertezas com relação à continuidade da demanda para o mercado externo pesam sobre as cotações da soja-grão e do farelo de soja no mercado brasileiro. Segundo levantamento da Scot Consultoria, em São Paulo, o farelo de soja ficou cotado, em média, em R$ 1.275,48, por tonelada, sem o frete, em abril. Houve queda de 1,0% na comparação com março deste ano. Já na comparação com abril de 2018, o insumo está custando 13,1% a menos este ano. Em curto prazo (até meados de maio), a tendência é de mercado frouxo, e quedas nas cotações não estão descartadas. A partir daí, considerando o período de entressafra nos Estados Unidos, que está semeando a safra 2019/20, a previsão de redução da área neste ciclo e os estoques menores no Brasil, os preços em reais poderão retomar a firmeza.
ADUBOS MAIS CAROS EM ABRIL
A maior movimentação no mercado interno e o câmbio mais firme ao longo de abril deram sustentação aos preços dos fertilizantes, em reais. Segundo levantamento da Scot Consultoria, os adubos nitrogenados subiram, em média, 0,2% em comparação com o fechamento de março deste ano. A ureia ficou cotada, em média, em R$ 1.551,81 por tonelada, sem o frete.
As cotações vinham firmes desde outubro do ano passado. No caso dos fertilizantes potássicos e fosfatados, as altas em abril foram, respectivamente, de 1,1% e 0,4%, na comparação mensal. A expectativa daqui para frente é de aumento gradual na procura por fertilizantes no mercado brasileiro, já considerando as antecipações para o plantio da safra 2019/2020, a ser semeada a partir de outubro no País.
ALÍVIO NOS CUSTOS DE PRODUÇÃO DA ATIVIDADE LEITEIRA
Depois de três meses subindo, os custos de produção da pecuária leiteira caíram. A queda em abril, segundo o Índice Scot Consultoria de Custos de Produção, foi de 1,2% em relação ao mês anterior. Os alimentos energéticos, com destaque para o milho (boas expectativas de produção com relação à segunda safra), os produtos para sanidade, os combustíveis e os suplementos minerais contribuíram com o recuo. Em curto prazo, a expectativa é de preços frouxos para o milho, mas outros itens, como os fertilizantes e suplementos minerais deverão pesar no indicador.
COTAÇÕES DOS LÁCTEOS REAGIRAM NO ATACADO E VAREJO
O mercado atacadista de produtos lácteos fechou a primeira quinzena de abril com altas nos preços. Na média de todos os derivados pesquisados pela Scot Consultoria, o aumento foi de 0,9%, em relação à segunda metade de março. O leite longa vida (UHT), que vinha de um cenário de estabilidade, com poucas alterações desde a segunda quinzena de janeiro, fechou com valorização de 2,6% no período. Essa alta está atrelada à queda na oferta de matéria-prima (leite cru) e aos estoques relativamente mais baixos no varejo, o que puxou a demanda na indústria.
Vale lembrar que, de acordo com o Índice Scot Consultoria de Captação de Leite, o pico de produção de leite, em nível nacional, ocorreu na primeira quinzena de dezembro/18. De lá para cá, a curva de captação está em queda. No varejo, os produtos lácteos fecharam com ligeira alta.
Em São Paulo, na média de todos os derivados pesquisados pela Scot Consultoria, o aumento foi de 0,2% na primeira quinzena de abril, em comparação com a quinzena anterior. O leite longa vida UHT teve alta de 0,8% no período e ficou cotado, em média, em R$ 3,42/litro. Em curto prazo, a expectativa é de preços mais sustentados para os produtos lácteos, tanto no atacado como no varejo.