Rubens Neiva
O 1º Concurso de queijos de leite de cabra e ovelhas da Região Sudeste marcou o encerramento da 17º Cabra Fest – A Festa da Cabra Leiteira, realizada dos dias cinco a sete de julho em Coronel Pacheco, na Zona da Mata Mineira. Participaram oito laticínios de Minas Gerais e São Paulo com 32 produtos. O concurso foi dividido em seis categorias: Queijo fresco tipo Frescal; Queijo fresco tipo Feta; Massa lática não temperada; Massa lática temperada; Maturação até 30 dias; Maturação acima de 30 dias, além de uma menção honrosa para a categoria “Inovação”.
O chefe-adjunto de administração da Embrapa Gado de Leite, um dos jurados do concurso, afirma que todos os produtos apresentaram um alto nível de excelência, tornando difícil a tarefa do júri. A Leiteria Cabriola, de Coronel Pacheco, foi o que mais recebeu premiações. Foram cinco medalhas: duas de ouro, uma de prata e duas de bronze (veja o resultado completo no final desta reportagem).
O proprietário da Leiteria Cabriola, Caetano Geraldo de Souza, um dos idealizadores da Cabra Fest, disse que o concurso é fundamental para promover a caprinocultura e divulgar o leite de cabra. Souza, que também é caprinocultor, produz leite desde 1990, iniciando a produção de queijo em 2015. Seus produtos podem ser encontrados em supermercados, empórios e restaurantes de alta gastronomia de Minas, Rio e São Paulo. “Buscamos excelência nos processos para produzirmos queijo de qualidade e vencer a resistência do consumidor aos queijos de cabra”, diz.
Essa resistência não existe na alta gastronomia. Segundo o sommelier José Neves, os queijos de cabra são bastante indicados para harmonização com vinhos. “Os queijos tipo frescal harmonizam bem com o vinho branco e os queijos mais curados pedem um vinho tinto”. O queijeiro e chef de cozinha André Luiz Guedes desenvolve receitas com leite de cabra. “Existe uma sofisticação em torno desses tipos de queijo e eventos como esse concurso contribuem para popularizar o produto”. Na avaliação de Guedes, o queijo de cabra precisa ganhar escala de produção para atingir novos públicos.
O balanço do concurso foi positivo, segundo Rivaldo Costa, presidente da Associação de Criadores de Caprinos e Ovinos de Minas Gerais (Accomig/Caprileite). “Houve boa adesão dos produtores e grande variedade de queijos inscritos”. Para Rivaldo, tanto o concurso como a Cabra Fest contribuem para expor a qualidade da produção do queijo de cabra. “O principal objetivo de eventos como este é integrar os personagens da cadeia produtiva em prol do crescimento da caprino-ovinocultura”, conclui.
O concurso foi uma realização da Secretaria de Agricultura de Minas Gerais (Seapa) e da Caprileite em parceria com a Embrapa, a Prefeitura de Coronel Pacheco e a Associação dos Criadores de Cabras Leiteiras da Zona da Mata (Caprima).
A caprinocultura tem avançado, mas ainda tem grande potencial, pois a cada dia cresce a demanda por produtos saudáveis e de qualidade
A Cabra Fest foi aberta com o 16º Workshop sobre produção de caprinos na região da Mata Atlântica. Entre pesquisadores, professores, técnicos, estudantes e produtores, cerca de 100 pessoas participaram das atividades. O workshop reúne, anualmente, os segmentos da cadeia produtiva, contando com palestrantes de destaque no setor. A diversidade de público e a relevância do conteúdo apresentado fazem deste um importante fórum regional para nortear atividades, parcerias e projetos.
O evento foi transmitido ao vivo pela rede social temática Repileite e os vídeos estão disponíveis para acesso online. Além disso, artigos baseados nos temas da programação foram compilados nos Anais do Workshop.
Ainda na abertura, os pesquisadores Jeferson Fonseca e Maria Izabel Carneiro, organizadores do evento, renderam homenagem às famílias de figuras importantes para a cadeia produtiva que faleceram recentemente: o criador Luiz Antonio Ribeiro, que assumiu liderança no programa de melhoramento animal, o Capragene; o produtor de leite e proprietário de laticínio CapriVita, Onivaldo Ramos Leão, que lutou pela regulamentação da produção do leite e do queijo de cabra no país; e Paulo Celes Cordeiro, do laticínio Caprilat, pioneiro na industrialização de leite de cabra UHT e leite em pó no Brasil.
A chefe de P&D da Embrapa Caprinos e Ovinos, Ana Clara Cavalcante, diz que o workshop foi “um convite à reflexão sobre o que podemos fazer para continuar crescendo, sendo produtivos e sustentáveis na produção de leite de cabra”. Ana Clara chamou atenção para um dos temas do workshop, os sistemas de produção de leite de cabra a pasto, que são um desafio para o setor: “Iniciamos pesquisas nesse tema há algum tempo e estamos recebendo um forte apoio da Embrapa Gado de Leite”.
A Cabra Fest teve ainda uma aula show de culinária com base no queijo de cabra, proferida pela chef de cozinha Goiovana Saggioro. “Foi uma ótima iniciativa para introduzir esses lácteos em receitas que estão no dia a dia dos restaurantes e bufês e habitualmente são feitas com derivados de leite de vaca. É uma forma de aproveitar o crescimento do mercado de alimentação saudável e explorar alimentos ainda pouco usuais”, diz a chef.
Queijo fresco tipo Frescal 1º – Laticínio Caprille 2º – Laticínio Santa Cecília 3º – Laticínio Cabriola
Queijo fresco tipo Frescal: 1º – Laticínio Caprille 2º – Laticínio Santa Cecília 3º – Laticínio Cabriola
Massa lática temperada 1º – Laticínio Santa Fé 2º – Laticínio Caprille 3º – Laticínio Cabriola
|
Queijo fresco tipo Feta: 1º – Laticínio Cabriola 2º – Laticínio Caprivita
Maturação até 30 dias 1º – Laticínio Santa Fé 2º – Laticínio Caprille
Maturação acima de 30 dias 1º – Laticínio Santa Cecília 2º – Laticínio Cabriola 3º – Laticínio Piallet
Menção honrosa: Laticínio Chaparral
|