Depois da forte queda no fim de agosto e começo de setembro (câmbio pressionando), as cotações do milho retomaram a firmeza no mercado interno. Segundo levantamento da Scot Consultoria, na região de Campinas (SP), a referência, que tinha caído para R$ 57,00 por saca de 60 quilos no fim do mês anterior, subiu para R$ 62,00/saca, em 21 de setembro.
A sustentação dos preços ocorreu por causa da forte demanda no mercado interno e do vendedor mais retraído nas ofertas depois dos recuos de preço. Outro ponto importante foi a retomada das exportações brasileiras em setembro, após um ritmo mais lento nas últimas semanas de agosto último. Nas duas primeiras semanas de setembro, o Brasil exportou, em média, 384,26 mil toneladas de milho em grão, frente as 308,81 mil toneladas por dia em agosto deste ano e as 306,77 mil toneladas diariamente em setembro do ano passado (Secex). As preocupações com o clima e a semeadura da próxima safra de verão de grãos (2020/21) colaboram com esta firmeza do mercado.
Para o curto e médio prazos, a tendência é de preços firmes no mercado brasileiro, com as exportações ajudando no escoamento, além da boa demanda interna (setores de nutrição e etanol de milho). De qualquer forma, o câmbio terá papel importante no desempenho dos embarques e, consequentemente, sobre os preços em reais.
Outro ponto de atenção é com relação ao desenrolar da colheita nos Estados Unidos, já que a maior oferta mundial pode pressionar as cotações no mercado internacional.
ACompanhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou, no dia 10 de setembro, o 12º levantamento de acompanhamento da safra brasileira de grãos (2019/20). Este é o último levantamento do ciclo que se encerrou oficialmente em 30 de junho de 2020, sendo que no próximo relatório, a ser divulgado em outubro, a Conab apresentará as primeiras estimativas para a temporada 2020/21, iniciada em 1º de julho.
Com relação à soja, o Brasil colheu 124,84 milhões de toneladas em 2019/20, 3,2% mais que o estimado no relatório anterior e 4,3% acima do colhido na safra anterior (2018/19). A revisão para cima na produção ocorreu em razão do reajuste de 3,2% na produtividade média da cultura, em relação à estimativa anterior, de agosto. A área ficou estável frente a expectativa passada. A produção de soja foi recorde em 2019/20 e a expectativa é de aumento na área semeada em 2020/21, em função dos bons resultados este ano e cenário positivo para os preços no mercado brasileiro na safra que vem.
Com relação ao milho, no caso da segunda safra (2019/20), em fase final de colheita no País, a área foi revisada para cima em 0,2% na comparação com o relatório anterior e cresceu 6,8% em relação à safra passada. A produtividade média foi mantida em relação à estimativa de agosto e, com isso, a produção foi revisada para cima em 0,2% frente o volume estimado em agosto. Na comparação com a safra passada, a produção de milho na segunda safra deve ser 2,6% maior este ano.
No total (primeira, segunda e terceira safras), o País deverá colher 102,50 milhões de toneladas de milho, 0,4% mais frente os 102,14 milhões de toneladas anteriormente e aumento de 2,5% na comparação com o colhido em 2018/19.
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgou, no dia 11 de setembro, o relatório de oferta e demanda mundial de grãos. Com relação ao milho, o volume previsto para o ciclo atual (2020/21) é de 378,47 milhões de toneladas, frente os 388,08 milhões de toneladas estimadas anteriormente.
As revisões foram feitas devido ao clima adverso no País (tempestades) em meados de agosto, que causaram prejuízos às lavouras nas regiões atingidas. Apesar das revisões para baixo, a produção na temporada atual deve ser maior que os 345,89 milhões de toneladas de milho colhidas na safra passada (2019/20). A colheita do cereal teve início nos Estados Unidos em setembro.
No caso da soja, a produção norte-americana foi estimada em 117,38 milhões de toneladas no ciclo atual (2020/21), frente os 120,42 milhões de toneladas estimadas no relatório anterior, divulgado em agosto. Assim como no milho, mesmo com as revisões, o volume deverá ser maior que os 96,68 milhões de toneladas de soja colhidas na temporada passada (2019/20). A colheita da soja ganha força em outubro nos Estados Unidos.
Os últimos dados da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda) são de abril desse ano. Naquela oportunidade foram entregues 2,06 milhões de toneladas de fertilizantes no Brasil, 25,8% a mais na comparação com abril do ano passado. Com isso, no primeiro quadrimestre de 2020 foram entregues 9,55 milhões de toneladas de adubos no País, 15,7% a mais que em igual período de 2019. A Scot Consultoria estima entre 37 milhões e 37,5 milhões de toneladas entregues ao consumidor final no País no acumulado deste ano, frente os 36,24 milhões de toneladas entregues em 2019, recorde até então.
As altas nos preços das commodities agrícolas este ano, como a soja e o milho, e as boas expectativas para a próxima safra, deverão puxar a demanda interna por fertilizantes mas, por outro lado, a demanda poderá ser ligeiramente menor por alguns setores, como o de cana-de-açúcar, por exemplo, em função da queda no consumo de combustível (quarentena) e também maior concorrência com a gasolina pelo etanol.
Com relação aos preços, o câmbio valorizado e a boa demanda interna por fertilizantes (compras para plantio da safra de verão 2020/21) deram sustentação às cotações dos fertilizantes, em reais. Segundo levantamento da Scot Consultoria, os preços dos adubos nitrogenados subiram, em média, 3,3% em agosto deste ano, em relação ao fechamento de julho último. Para os adubos potássicos e fosfatados, os aumentos foram de 2,7% e 1,1%, respectivamente, neste mesmo período.
Na primeira quinzena de setembro, a intensidade das altas foi menor, comparativamente, devido à menor movimentação, com boa parte dos adubos para a safra de verão adquiridos e menor pressão do câmbio. Os preços dos adubos nitrogenados, potássicos e fosfatados subiram, em média, 1,2%, 0,1% e 0,3%, respectivamente, em relação ao fechamento do mês anterior.
Os preços do caroço de algodão subiram em setembro em função da boa demanda pelo produto e das altas nos preços do farelo de soja, que é o balizador no mercado de alimentos concentrados proteicos. Aliás, as cotações desses insumos estão firmes e em alta desde o início deste ano.
Segundo levantamento da Scot Consultoria, em São Paulo, a tonelada de caroço de algodão ficou cotada em R$ 951,43, sem o frete, em setembro. Houve alta de 8,7% na comparação mensal, e, em relação a setembro do ano passado, o caroço está custando 35,4% mais este ano.
Para o curto prazo, a expectativa é de preços firmes, mas atenção ao câmbio, que, se cair, abre espaço para recuos nos preços da soja em grão e do farelo de soja, o que tende a tirar a sustentação também das cotações dos outros alimentos concentrados proteicos.
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