balde branco

MERCADO

Rafael Ribeiro

Zootecnista, msc. Scot Consultoriaa

Cotações do milho se firmaram nas últimas semanas de fevereiro

Os preços do milho se firmaram nas últimas semanas de fevereiro de 2021. As negociações têm ocorrido em ritmo mais lento, com os produtores atentos à colheita da safra de verão e à semeadura da segunda safra de milho. As chuvas mais fortes e as dificuldades de avançar com os trabalhos no campo no Brasil Central colaboraram com a sustentação dos preços, já que esta situação afeta a disponibilidade interna e estreita a janela de plantio do milho de segunda safra.

Segundo levantamento da Scot Consultoria, em Campinas (SP), a saca de 60 quilos ficou cotada a R$ 86,00, sem o frete (22/2), frente aos R$ 84,00 a R$ 85,00 por saca na primeira metade do mês. Para o curto e o médio prazos, caso persistam os atrasos na colheita da primeira safra ou safra de verão, em função do excesso de chuvas em algumas regiões, a expectativa é de preços mais firmes para o milho no mercado interno e a possibilidade de altas não está descartada. Se o clima ajudar e/ou o câmbio recuar, existe espaço para quedas nos preços, mas essas deverão ser comedidas.

Milho: expectativa de queda na produção na primeira safra e aumento na segunda safra

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou, no dia 11 de fevereiro, o quarto levantamento de acompanhamento da safra brasileira de grãos 2020/21. Com relação ao milho de primeira safra ou milho de verão, a área semeada foi revisada para cima (+0,7%), mas a produtividade média diminuiu 1,8% em relação às estimativas de janeiro último.

Com isso, estão estimados 23,63 milhões de toneladas de milho na safra de verão na temporada atual, volume 1,2% menor na comparação com a estimativa anterior e 8% menor que o colhido na safra passada (2019/20). Para o milho de segunda safra (safra de inverno), a expectativa é de aumento de 4,4% na área semeada neste ciclo, frente a 2019/20. Com relação à produtividade média, por ora, a projeção é de aumento de 2,2% em relação à safra passada.

Dessa forma, a produção na segunda safra está estimada em 80,07 milhões de toneladas de milho, 6,7% maior que os 75,05 milhões de toneladas colhidas no ciclo passado. No total (primeira, segunda e terceira safras), o País deverá colher 105,48 milhões de toneladas do cereal em 2020/21, 3,1% maior frente à estimativa anterior e 2,9% acima do colhido na safra anterior (2019/20).

Lembrando que, com relação à segunda safra de milho, em fase de semeadura, o cenário é de incertezas, por causa dos atrasos na safra de verão e do estreitamento da janela de plantio, o que pode levar a revisões na área e, a depender do clima, na produtividade média das lavouras.

Situação atual e expectativas para soja em grão e farelo de soja

Apesar dos atrasos na colheita no Brasil, os preços da soja em grão recuaram em fevereiro, com o aumento gradual da disponibilidade interna. Segundo levantamento da Scot Consultoria, em Paranaguá, no Paraná, a referência ficou em R$ 161,00 por saca de 60 quilos em fevereiro (22/2), uma queda de 4,2% na comparação mensal, mas ainda 84% acima do preço médio de fevereiro do ano passado.

Os atrasos na colheita têm prejudicado as exportações brasileiras do grão. Em janeiro/2021, a média diária embarcada foi 96,1% menor que a média de janeiro/2020 e, em fevereiro/2021 (até a segunda semana), a média diária foi 79,5% menor na comparação anual (Secex). Com relação à produção, estão previstos 133,82 milhões de toneladas de soja em grão no Brasil na temporada atual (2020/21), 7,2% mais que o colhido na safra passada (2019/20), segundo a Conab.

Para o curto e o médio prazos, com a colheita avançando no País e o aumento da disponibilidade interna, não estão descartadas possibilidades de quedas nos preços, a depender do dólar e da demanda no mercado interno e para exportação.

De qualquer forma, a forte antecipação da comercialização da soja 2020/21 é um fator que deverá limitar as quedas durante a colheita nesta temporada, a não ser que o dólar caia muito frente ao real. Outro ponto importante é que, se as chuvas não derem trégua, prejudicando o avanço da colheita da soja no Brasil e a disponibilidade interna, podemos ter um cenário mais sustentado de preços até a situação se normalizar. No caso do farelo de soja, a baixa oferta do insumo neste momento e a boa demanda têm mantido os preços firmes no mercado brasileiro. A expectativa é de que a oferta do alimento concentrado aumente a partir de março, com o aumento dos esmagamentos de soja no País.

Alta nos preços dos fertilizantes no mercado brasileiro

A Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda) divulgou, em fevereiro de 2021, os dados de entrega de adubos em setembro de 2020. Naquela oportunidade, foram entregues 4,58 milhões de toneladas de fertilizantes ao consumidor final. O volume foi 7,4% maior na comparação com igual mês de 2019. No acumulado de janeiro a setembro do ano passado foram entregues 29,36 milhões de toneladas de adubos no mercado brasileiro, um aumento de 11,5% frente a igual período do ano anterior.

A expectativa da Scot Consultoria é de que as entregas totais tenham ficado entre 39,5 milhões e 40,5 milhões de toneladas de fertilizantes em 2020, que, se confirmadas, significará um recorde. O recorde até então foi em 2019, quando foram entregues 36,24 milhões de toneladas de adubos.

As altas nos preços das principais commodities agrícolas no ano passado puxaram a demanda por adubos para a temporada 2020/21 e também as antecipações na troca para a temporada 2021/22. Com relação aos preços dos adubos no mercado brasileiro, o dólar valorizado frente ao real, a oferta mais restrita de alguns produtos e a alta nos preços do insumo no mercado internacional têm dado sustentação às cotações desde janeiro último.

Em fevereiro, na primeira quinzena, os preços subiram fortemente, na comparação com a quinzena anterior. Segundo levantamento da Scot Consultoria, em média, os fertilizantes nitrogenados tiveram alta de 9,3% no período em São Paulo. Para os adubos potássicos e fosfatados, os aumentos médios foram de 11,3% e 16,5%, respectivamente.

A expectativa é de preços firmes para os adubos em curto e médio prazos no mercado brasileiro e a perspectiva de altas não está descartada.

Abrir bate-papo
1
Escanear o código
Olá 👋
Podemos ajudá-lo?