balde branco
revista-balde-branco-megaleite-01-ed687

Uma das mais importantes vitrines da cadeia produtiva do leite no País, a Megaleite 2022 superou as expectativas dos organizadores

MEGALEITE 2022

De volta, com o mesmo espetáculo de sempre,

em qualidade genética de raças leiteiras

A Megaleite reuniu, no Parque da Gameleira, em Belo Horizonte, mais de 1,3 mil animais de oito raças de bovinos leiteiros, um público de mais de 70 mil pessoas e gerou um movimento de negócios estimado em mais de R$ 200 milhões

Erick Henrique e João Carlos de Faria

Minas Gerais é o maior produtor de leite do Brasil, com participação de 27,1%, o que corresponde a 9,4 bilhões de litros produzidos e 1,2 milhão de trabalhadores diretos na atividade, de acordo com dados do IBGE. Com esse peso, a 17ª Exposição Brasileira do Agronegócio do Leite (Megaleite) reuniu criadores de várias regiões do País na capital mineira, de 15 a 18 de junho, no Parque da Gameleira. Foram exibidos animais das raças Girolando, Gir Leiteiro, Guzerá, Guzolando, Jersey, Jersolando, Simental e Simbrasil, além da participação de um público de mais de 70 mil pessoas, que conheceram de perto tudo o que envolve essa atividade tão importante para a economia brasileira.

Depois de dois anos sem ser realizada por causa da pandemia, a Megaleite 2022, na avaliação do presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Girolando (ABCG), Odilon de Rezende Barbosa Filho, “equivaleu a três edições numa só”, com a presença de mais de 1,3 mil animais de oito raças, além de oito leilões e dois shoppings de animais, do torneio leiteiro e a participação de muitas empresas nos estandes montados nas alamedas do Parque da Gameleira.

“Estamos muito felizes por esse grande evento, principal vitrine da pecuária de leite na América Latina, o que nos orgulha muito de poder participar dessa grande exposição para a pecuária leiteira brasileira e, por que não, para a pecuária mundial, já que temos aqui visitantes de diversos países”, declarou Barbosa Filho, da ABCG, entidade responsável pela organização do evento.

 

Odilon de Rezende: “O Girolando é uma raça que se adapta a qualquer tipo de clima e nós conseguimos identificar geneticamente os animais que se adaptam melhor a climas mais quentes ou mais frios”

O presidente falou ainda sobre o que ele considera “a cereja do bolo” da Megaleite 2022, que foi o lançamento do Sumário de Touros da Raça Girolando. “Além dos animais presentes, esse foi o evento mais importante, com a apresentação de 15 novas características, passando de 4 para 19, o que dá corpo para o nosso Sumário e facilita a vida do criador na hora de fazer acasalamentos e de construir um Girolando cada vez mais eficiente para os respectivos sistemas de produção”, disse.

Ele elogiou ainda a “excelente qualidade” das vacas 1/4 que compuseram a pista de julgamento dessa categoria durante a Megaleite 2022, para ressaltar a importância do padrão 5/8 para a raça. “São essas vacas as futuras mães dos animais 5/8, que é a raça propriamente dita.”

Comentou também que a campanha que está sendo veiculada pela associação é importante para mostrar para o mercado as vantagens dos animais desse padrão racial.

O Sumário de Touros, lançado no dia 16 de junho, durante a Megaleite 2022, traz:

– PTAs genéticas e genômicas para a produção de leite em até 305 dias (PTAL);
– intervalo de partos (PTA IP);
– idade ao primeiro parto (PTA IPP);
– tolerância ao estresse térmico (TE);
– peso do bezerro ao nascimento (PTA PN);
– período gestacional da vaca (PTA PG);
– Índice de Produção e Persistência na Lactação do Girolando (IPPLG);
– Índice de Eficiência Tropical do Girolando (IETG);
– Índice de Facilidade de Parto do Girolando (IFPG);
– Índice de Reprodução do Girolando (IRG);
– Composto do Sistema Locomotor do Girolando (CSLG) e Composto do Sistema Mamário do Girolando (CSMG).

Sumário de Touros da Raça Girolando foi apresentado com 15 novas características pesquisadas pela Embrapa Gado de Leite, juntamente com a ABCG

Edivaldo Ferreira Junior; “O Sumário 2022 é, com certeza, o maior sumário já publicado sobre o rebanho sintético”

Na avaliação do coordenador do Programa de Melhoramento Genético da Raça Girolando (PMGG), Edivaldo Ferreira Júnior, esse foi, com certeza, o maior sumário já publicado sobre o rebanho sintético.

“Nós publicamos as características com relação à reprodução, à parte de termotolerância, conformação, em especial ao sistema mamário e locomotor. Dentro dessas características, muitas delas serão amplamente utilizadas pelos criadores, como é o caso da termotolerância. Já que estamos desenvolvendo uma raça tropical, nada mais interessante do que ter uma avaliação genética para identificar animais que realmente sejam adaptados para produzir em altas temperaturas ou umidade elevada.”

Segundo coordenador do PMGG, ao utilizar esses dados, o produtor vai conseguir selecionar vacas que caminhem melhor em busca de alimento, entre vários outros aspectos positivos para o melhor desempenho do animal. “Vale destacar também o lançamento do composto do sistema mamário, que vai trazer um pouco mais de conformação, facilitando a ordenha e aumentando a longevidade da vaca dentro do rebanho. Isso, consequentemente, trará mais renda ao produtor de leite.”

Sumário de Fêmeas – Já o Sumário de Fêmeas traz a relação das vacas TOP 1.000 da raça Girolando para produção de leite, com os respectivos PTAs para produção de leite em até 305 dias (PTAL); intervalo de partos (PTA IP); PTA genômica para idade ao primeiro parto (GPTA IPP) e acurácia (Ac.), conforme cada composição racial.

O Teste de Progênie da raça Girolando foi iniciado em 1997 e, desde então, houve uma grande evolução da raça. Basta considerar que a produção média de leite em até 305 dias, em 2000, alcançava 3.695 kg; já em 2021, essa média subiu para 6.032 kg, representando um aumento de 60% no período de 20 anos.

Para encorpar as avaliações da raça, o coordenador do PMGG informa que foi utilizada uma base de 290 mil registros, publicando o valor genético de cerca de 190 mil vacas Girolando. Ambos os sumários estão disponíveis no site da associação http://www.girolando.com.br/

 

Torneio leiteiro – Com a participação de 15 animais e oito expositores vindos de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Goiás, o 31º Torneio Leiteiro da Raça Girolando movimentou os produtores e teve até torcida durante a Megaleite 2022, numa disputa acirrada entre as primeiras colocadas nas duas classes de premiação: Produção Absoluta de Leite e Composição do Leite.

 

Edivaldo Ferreira Junior; “O Sumário 2022 é, com certeza, o maior sumário já publicado sobre o rebanho sintético”

A grande campeã da classe Produção Absoluta de Leite em nove ordenhas foi a vaca Francisca FIV da PEZ (CCG 3/4 Gir + 1/4 Hol), de propriedade de Maria Beatriz do Prado Zago, de Perdizes (MG), com produção total de 255,680 kg/leite e média de 85,227 kg/leite. 

Ela é filha de Estrelinha FIV da PEZ, grande campeã nacional da Megaleite 2016 e recordista mundial de produção de leite, na categoria vaca jovem.

Na classe Composição de Leite, a grande campeã foi a vaca Solar do Engenho Garoa (CCG 1/2 Hol + 1/2 Gir), de propriedade de Thiago Viana Nogueira, de Sete Lagoas (MG), que teve produção de 201,485 kg/leite em nove ordenhas, com média diária de 67,162 kg/leite.

Recorde de negócios e de público – O movimento de negócios realizados no Parque da Gameleira, pelas mais de 80 empresas expositoras e pelos promotores de leilões e shopping de animais, atingiu um faturamento estimado de R$ 200 milhões, ante R$ 30 milhões de 2019 (ano da última edição presencial), segundo informações da Associação Brasileira dos Criadores de Girolando, organizadora da exposição. Desse montante, mais de R$ 8 milhões vieram da comercialização de bovinos nos oito leilões e dois shoppings, ante cerca de R$ 4 milhões da edição anterior.

O diretor de Relações Institucionais da ABCG, Domício Arruda Silva, disse que o movimento da feira favoreceu e contribuiu muito com a realização desses negócios, mas houve também muita qualidade genética, fator importante para que fosse atingido esse valor. “Foi uma retomada com o pé direito”, destacou.

Faemg: somando forças na Megaleite – O Encontro de Produtores de Leite, promovido pela Comissão Técnica (CT) da Pecuária de Leite do Sistema Faemg, reuniu cerca de 100 pessoas no dia 16, dentre elas o presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite (CNA), Ronei Volpi, a chefe-geral da Embrapa Gado de Leite, Elisabeth Nogueira Fernandes, e representantes dos laticínios.

O evento, uma das atividades realizadas durante a MegaLeite 2022, trouxe três pautas importantes para o bovinocultor: os desafios da produção, a visão do consumidor final em relação ao leite como alimento e o lançamento do Informativo da Pecuária Leiteira, que mostrará as ações realizadas pela CT do Sistema Faemg e as movimentações do mercado.

 

Para o presidente da Comissão Técnica, Jônadan Ma, encontro foi importante porque abordou questões como visão estratégica de futuro do leite, investimentos e a preparação para a sucessão nas propriedades de leite

Segundo o presidente da Comissão Técnica da Pecuária de Leite do Sistema-Faemg, Jônadan Ma, o encontro reuniu não só o pessoal de Minas Gerais, mas também contou com a presença produtores de vários cantos do Brasil, que estiveram na Megaleite 2022.

“O objetivo é reforçar a representatividade dos produtores junto aos membros da Comissão Técnica, para que possamos levar demandas que ajudem a resolver os problemas não só de Minas Gerais, mas em nível federal, junto à Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA)”, explicou o dirigente.

Na avaliação de Ma, o encontro foi muito importante porque abordou algumas questões específicas, como a visão estratégica de futuro, os investimentos e a preparação da sucessão nas propriedades leiteiras. “Vimos que tem um grande mercado para o crescimento da pecuária leiteira não só no Brasil, mas no mundo, sendo o nosso País um grande player.”

Ma também comentou sobre a visão estratégica do produtor em relação ao negócio leite e a visão do consumidor. “Temos que observar como o produto é visto, quais os riscos, as ameaças e oportunidades do negócio e como podemos inserir as necessidades ambientais, sociais e de governança, incluindo o bem-estar animal e a sustentabilidade como um todo”, destaca o presidente da Comissão de Leite da Faemg, que também é criador de Girolando na Fazenda Boa Fé, em Conquista (MG).

Participando do encontro e da mesa de debates, Yago Sartori, gerente de captação e fomento da Embaré, destaca que o laticínio começou uma parceria com a Associação dos Criadores de Girolando em 2016, levando em conta o fato de esta raça compor a maioria dos rebanhos leiteiros no Estado de Minas Gerais.

“Mais de 80% do leite dos produtores que nos fornecem é oriundo de animais Girolando, por isso fizemos essa aproximação e logo em seguida aconteceu a decisão de levar a Megaleite para o Parque Gameleira, em Belo Horizonte. Para nós, isso foi muito importante, porque o evento está dentro do nosso principal mercado, atraindo para cá os consumidores da nossa marca, a Camponesa, dando-lhes a oportunidade de conhecer as origens da matéria-prima”, explica Sartori.

O laticínio Embaré patrocina o espaço Minifazenda e, graças à parceria com a AgroTur, a empresa vai a todas as escolas municipais de BH para trazer as crianças ao evento, para que elas possam conhecer os animais e um pouco mais sobre a pecuária leiteira, promovendo assim a integração da população urbana com o produtor rural.

“Para o nosso negócio, a Megaleite é um momento de confraternização com o produtor, com quem conversamos a todo momento, ouvindo suas demandas e desafios. Tivemos também uma participação importante na reunião realizada pela Faemg, onde estavam a indústria e o produtor dialogando juntos, fazendo um diagnóstico e as proposições para que o bovinocultor tenha mais rentabilidade”, diz Sartori.

Yago Sartori: “A gente entende que o principal gargalo para o produtor crescer na atividade é a falta de uma assistência técnica; o pecuarista que não conta com esse tipo de serviço não cresce”

Ele conta que a Embaré tem um programa de assistência técnica e gerencial para 380 fornecedores de leite, com visitas mensais. “A gente entende que o principal gargalo para o produtor crescer na atividade é a falta de uma assistência técnica e o pecuarista que não conta com esse tipo de serviço não cresce.”

Em contrapartida, segundo Sartori, o produtor que recebe assistência técnica está crescendo substancialmente, com rentabilidade e investimento em tecnologia. Para ele, se os produtores estiverem satisfeitos, obviamente continuarão na atividade, crescendo junto com a indústria e desenvolvendo a cadeia produtiva.

“Por isso entendo que a assistência seja o caminho e o produtor tem que enxergar isso como algo crucial para a sua sobrevivência, porque todo mundo precisa ganhar dinheiro e ter qualidade de vida”, finaliza.

O queijo Barões da Mantiqueira, produzido pela família Scarpa, em Itanhandu (MG), obteve 205 votos e foi o campeão do concurso da Megaleite

Concurso de queijos – Queijos produzidos por criadores de Girolando de várias regiões participaram do Concurso de Queijos dos Núcleos da Megaleite 2022, reunindo sete produtos de Minas Gerais e do Rio Grande do Norte.

A escolha foi feita por meio de votação do público, que degustou e votou no queijo preferido, sendo computados 205 votos ao vencedor: o queijo artesanal Barões da Mantiqueira. Ele é produzido na Fazenda Barões da Mantiqueira, na Serra da Mantiqueira, em Itanhandu (MG), de propriedade da família do criador Bruno Scarpa, que destaca que o queijo é maturado por 120 dias, em prateleiras de madeira.

Segundo Scarpa, a produção de queijo começou por causa da greve dos caminhoneiros em 2018, quando o leite produzido na fazenda não pôde ser entregue ao laticínio. “Para não perder o produto, tivemos a ideia de fazer o queijo. Com muitos cuidados e dedicação na fabricação e na maturação, aliados ao clima propício da região, conseguimos um produto diferenciado e assim garantir a identidade do nosso produto”, explica.

Raça Jersey marcou presença na feira com 70 animais de várias categorias

Raças Jersey e Gir Leiteiro também foram destaque

 
Além do Girolando, participaram da Megaleite 2022 outras sete raças, como a Jersey e a Gir Leiteiro, que trouxeram para a exposição animais dos mais renomados criatórios nacionais. No caso do Jersey foram 70 animais no total, sendo 40 jovens e 30 vacas adultas; do Gir Leiteiro foram apresentados para julgamento cerca de 260 animais, vindos de 50 expositores diferentes e de várias regiões do Brasil, além de 40 animais que participaram do concurso leiteiro e da realização de três leilões da raça.

Para o presidente da Associação dos Criadores de Gado Jersey do Brasil (Jersey Brasil), Nelci Mainardes, a Megaleite 2022 foi um grande marco para a raça. “Fomos a única raça pura presente no evento, que sempre é uma mostra muito representativa no âmbito nacional. Foram nove expositores presentes, o que também demonstra que houve uma participação ativa da raça Jersey”, disse.

A disputa em pista, segundo ele, foi bastante equilibrada. “A grande campeã foi de um nível excepcional, mas a reservada grande campeã esteve muito próxima dela em termos de qualidade”, diz. Exposições como a Megaleite, segundo Mainardi, são sempre uma oportunidade de chamar a atenção do público e da mídia para os animais e para o trabalho dos criadores.

Nelci Mainardes: “Fomos a única raça pura presente no evento, que é sempre uma mostra muito representativa no âmbito nacional”

Tiffany FIV 2B, do expositor e criador José Afonso Bicalho B. da Silva, conquistou o título de Grande Campeã da Raça

Gir Leiteiro – A grande campeã da raça Gir Leiteiro foi a vaca Tiffany FIV 2B, do criador e expositor José Afonso Bicalho B. da Silva, tendo como reservada grande campeã a vaca Jaima FIV JMMA, do criador José Mario Miranda Abdo, sendo expositora Roberta Bertin Barros.

“A retomada na Megaleite foi muito boa, com ótima participação dos criadores, leilões de boa liquidez e a presença de muitos visitantes, inclusive de outros países. Foi uma feira à altura dos mesmos padrões de qualidade de antes da pandemia”, avaliou o diretor de Operações da Associação Brasileira de Criadores da Raça Gir Leiteiro (ABCGIL), André Roberto Fernandes.

A feira, segundo ele, é o principal palco das raças leiteiras no Brasil e por isso uma grande vitrine para a raça e para a venda de genética. “Nós tínhamos que estar presentes porque, afinal de contas, o Girolando, que é a raça anfitriã, tem como base na sua formação o Gir leiteiro. Por isso, tanto o público que vai ver o Gir leiteiro, como quem vai ver o Girolando, são clientes em comum”, disse.

Do concurso leiteiro participaram 30 vacas, em três categorias: Fêmea Jovem (até 36 meses); Vaca Jovem (acima de 36 até 48 meses) e Vaca Adulta (acima de 48 meses). Na primeira categoria, sagrou-se campeã a vaca Jaima FIV JMMA, tendo como expositora Roberta Bertin Barros, com média de 45,436 kg; na categoria Vaca Jovem a premiação ficou com Belinda FIV, do expositor Leo Machado Ferreira, com média de 50,126 kg, e na categoria Vaca Adulta, a campeã foi Dracena FIV Roland, da LLD Pesquisa de Desenvolvimento de Produção Animal, com média de 63,490 kg.

Abrir bate-papo
1
Escanear o código
Olá 👋
Podemos ajudá-lo?