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MERCADO

Lorraine Nóbrega

Zootecnista, Scot Consultoria

Defensivos agrícolas e bioinsumos

Com a crescente demanda por alimentos e produtos derivados da agricultura, será necessário um aumento de 60% na produção mundial de alimentos até 2050 (FAO). Assim, cada vez com mais frequência as áreas agrícolas estarão sujeitas a uma produção intensiva e competitiva.

Anualmente, as pragas e doenças reduzem de 20% a 40% os rendimentos potenciais das culturas agrícolas. Desse modo, problemas fitossanitários devem ser superados para que se obtenham melhores resultados produtivos.

Dentre as estratégias de manejo integrado de pragas e doenças (MIP) destacam-se os defensivos agrícolas, também chamados de agrotóxicos, pesticidas ou produtos fitossanitários.

A comercialização de defensivos agrícolas e afins, nos últimos dez anos, cresceu 44,1%. Em 2020 (dados mais recentes disponíveis), a venda desses produtos foi de 686,35 mil toneladas de ingredientes ativos, aumento de 9,5% nas vendas internas de defensivos “químicos e bioquímicos” em relação a 2019.

Os defensivos são importantes para qualquer sistema de produção na agricultura moderna, independente da origem de seu princípio ativo, seja sintético ou biológico.

O mercado dos produtos biológicos vem chamando a atenção nos últimos anos. A maior demanda pode ser identificada a partir de 2013, quando os bioinsumos foram responsáveis por auxiliar diversas lavouras (milho, soja, algodão, arroz e batata) no combate à praga Helicoverpa armigera. Desde então, os insumos biológicos são realidade no campo, considerados tecnologias sustentáveis para o controle de pragas e doenças.

O mercado de insumos biológicos está estimado em US$ 18,5 bilhões até 2026, podendo crescer 74% em quatro anos, em comparação aos US$ 10,6 bilhões atuais (Research and Markets).

De acordo com dados do Ministério da Agricultura, o mercado de bioinsumos no Brasil e no mundo, nos últimos cinco anos, tem crescido a uma taxa média global de 13% a 17% ao ano. No Brasil, a taxa média de crescimento tem sido de 28% ao ano.

Cerca de 20 milhões de hectares da área cultivada no País são tratados com produtos à base de vírus, bactérias, protozoários, fungos, insetos, ácaros e vermes de solo. Em faturamento (milhões de reais), o setor de biodefensivos teve incremento de 33% em 2021 frente a 2020, ganhando destaque os cultivos de soja, cana, milho, hortifrútis, algodão e café.

Buscando práticas sustentáveis para a agricultura, o setor tem investido no desenvolvimento de produtos fitossanitários.

Um dos principais fatores para a adesão dos produtores aos produtos biológicos no manejo de pragas e doenças é o crescimento de oferta de produtos do gênero e o surgimento contínuo de inovações tecnológicas.

Além disso, a procura por aumento da produtividade, aliada à redução de custos e ao desenvolvimento de sistemas de plantio baseados em recursos sustentáveis, são alguns dos principais atrativos para o uso de bioinsumos, que vem crescendo no Brasil.

Custo da atividade leiteira está 11,2% mais alto na comparação anual

Alta nos custos de produção da atividade seguiu em abril, com a segunda maior variação, nos últimos 12 meses. A alta em abril foi puxada pelo grupo de combustíveis, suplementação mineral e fertilizantes.

Segundo o Índice Scot Consultoria de Custos de Produção da Atividade Leiteira, os custos de produção aumentaram 3,09% em abril frente ao mês anterior.

A demanda por suplementos minerais aumentou, com a aproximação da entressafra do capim no País, fator que estimulou a demanda e elevou preços e custos de produção da atividade leiteira em abril.

Com a alta no índice em abril, na comparação ano a ano, os custos da atividade estão 11,2% maiores este ano. A estiagem no Centro-Sul e o incremento nos custos de produção, desestimulando estratégias nutricionais, pesaram sobre os volumes captados de leite. Assim, os preços do leite subiram 2,4% no pagamento de abril.

Apesar da alta nos preços, o cenário de incremento nos custos reduziu a margem do produtor de leite, dada pela diferença entre o preço do leite e o Indicador da Scot Consultoria de Custo de Produção de 0,8% em abril, em relação a março deste ano.
Em relação a igual período do ano passado, a margem do produtor está 2,7 pontos porcentuais superior.

Como escolher as espécies e cultivares de plantas forrageiras para o plantio de pastagens

O processo de degradação da pastagem pode ser revertido com a adoção de práticas preventivas, culturais e de recuperação. O ditado popular “prevenir é melhor do que remediar” se aplica neste contexto – ou seja, as práticas preventivas seriam as de maior impacto positivo e, entre muitas destas, a escolha da espécie forrageira é o primeiro passo. Antes de relacionar e abordar os critérios para tal escolha, seria interessante resumir como se têm escolhido espécies forrageiras ao longo dos últimos quase dois séculos, desde a introdução das primeiras forrageiras no Brasil, provenientes do continente africano.

Os pecuaristas têm buscado uma forrageira com as seguintes características: que produza grandes quantidades de sementes de alto valor de germinação e que possa ser semeada sobre cinzas, tocos e troncos, em terrenos não preparados ou com preparo mínimo, usando apenas uma gradagem e, mesmo assim, se estabeleça rapidamente e com vigor; que produza grande quantidade de massa de forragem por hectare para suportar altas taxas de lotação; que produza forragem de alto valor nutritivo, garantindo alto desempenho por animal; que seja de alta aceitação por todas as espécies de animais herbívoros e que não cause intoxicações neles; que tolere a seca, a geada, o fogo; que tolere solos mal drenados e de baixa fertilidade; que seja resistente às pragas e às doenças e que seja agressiva para competir com as plantas invasoras.

Na busca incessante por uma planta com essas características, muitas forrageiras já foram eleitas como “o capim da moda”. Esteve no auge o capim-jaraguá, que, entre 1945 e 1947, engordava mais de 90% de todo o gado abatido nos frigoríficos do Estado de São Paulo, enquanto em 1979 apenas 6% dos animais abatidos eram provenientes de pastagens daquela forrageira.

Depois foi sucedido pelo capim colonião, que no fim da década de 1970 cobria 32% das áreas de pastagens no Estado de São Paulo. Em 1978 essa espécie era a mais cultivada no Sudeste, no extremo sul da Bahia e nos agrestes de Sergipe. Na década de 1980, foi documentado como sendo a espécie forrageira mais importante no Espírito Santo e no sul de Goiás. Em um levantamento feito no Pará, no fim da década de 1970, em cinco municípios, o capim colonião ocupava mais de 46% da área de pastagem.

A partir da década de 1960, esse capim foi sendo substituído pelo capim pangola, principalmente no Estado de São Paulo; seguido pelo apogeu da braquiária decumbens, nas décadas de 1970 e 1980 e, até os dias de hoje, o capim braquiarão tem sido o predileto, ocupando aproximadamente 50% da área de pastagem cultivada. Só para se ter ideia, no início da década de 1990, o gênero Brachiaria já ocupava 50% da área de pastagens no Estado de São Paulo.

Tais forrageiras, naquelas respectivas épocas, ganharam a atenção de produtores e técnicos, entretanto, o período de apogeu de cada uma durou não mais do que duas décadas, e nova forrageira foi sendo eleita como o “capim da moda”. Esse histórico foi denominado pelos pesquisadores da área de forragicultura como sendo “a busca pelo capim milagroso”.

Os trabalhos de pesquisa e os fatos demonstram que essa planta não existe e que o sucesso no estabelecimento, na condução e na persistência de uma pastagem depende basicamente da mudança de atitude por parte dos produtores e técnicos, assumindo que cada espécie forrageira tem suas potencialidades e as suas limitações e que a pastagem é também uma cultura com suas exigências específicas quanto aos fatores de crescimento.

Apesar de haver disponível quase uma centena de gramíneas e mais de duas dezenas de leguminosas já introduzidas no Brasil como opções para o plantio de uma pastagem, atualmente aproximadamente uma dezena de plantas forrageiras ocupam áreas expressivas nas pastagens brasileiras.

Do total de pastagens cultivadas nos Cerrados, 85% são ocupadas por forrageiras de um único gênero, o Brachiaria sp., constituindo uma monocultura. Somente duas espécies desse gênero ocupam 75% da área de pastagens cultivadas nos Cerrados, sendo a espécie Brachiaria brizantha e seus cultivares, principalmente o marandu, ou capim braquiarão (50% da área), e a Brachiaria decumbens (25% da área).

Só o fato de constituir uma monocultura de um único gênero já seria desafiador, pelos riscos que qualquer monocultura traz, mas, aqui, o risco é ainda maior, porque aquelas duas espécies que ocupam 75% da área de pastagens dos Cerrados são, na maioria, de reprodução assexuada ou apomítica, o que leva à baixa variabilidade genética, sendo verdadeiros “clones”. Assim, qualquer estresse, seja este biótico (pragas ou doenças) ou abiótico (extremos hídricos e de temperatura), coloca em risco a produção e a persistência da planta em uma dada região.

É só refletir sobre os ataques que a B. decumbens vem sofrendo pela cigarrinha-da-pastagem desde a sua introdução no Brasil, como também a “síndrome da morte do capim-braquiarão”, provocado principalmente pela baixa tolerância dessa forrageira a solos mal drenados, e aos ataques da cigarrinha-da-cana, ambos os problemas de ocorrência, principalmente na Região Norte. Essa falta de diversidade nas pastagens brasileiras pode ser considerada como uma das causas da degradação da pastagem.

Apesar das evidências desse histórico, a procura pelo “capim milagroso” ainda continua no meio pecuário. A cada lançamento de um novo cultivar de planta forrageira, os pecuaristas alimentam expectativas de alcançarem sucesso fácil apenas com a substituição das espécies forrageiras que eles já exploram em sua propriedade por uma nova opção, mesmo tendo que pagar mais caro por sementes que, logo após o lançamento, sempre são mais caras, ou dispensando tempo e dinheiro em viagens para coletar mudas de uma nova forrageira “milagrosa”.

Por isso, é de extrema importância o esclarecimento de produtores e técnicos sobre os critérios para a escolha de uma espécie forrageira, critérios estes baseados cientificamente e validados tecnicamente em campo.

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