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Produtores de leite do Vale do Paraíba conheceram resultados de cultivares para produção de silagem em experimentos no Polo Regional-Apta

PARCERIA

Dia de Campo apresenta cultivares de milho

para produtores do Vale do Paraíba

Evento realizado em Pindamonhangaba mostra primeiros resultados das pesquisas com quatro variedades para silagem cultivadas em área da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado, em convênio com a Comevap

Texto e fotos: João Carlos de Faria

Com a presença do secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Antonio Junqueira, além de produtores, pesquisadores, autoridades municipais e representantes de órgãos públicos e empresas, reunindo cerca de 300 pessoas, ocorreu, em Pindamonhangaba, em 10 de fevereiro, o dia de campo “Produção Leiteira do Vale Paraíba: Produtividade e Qualidade”.

O evento apresentou os primeiros resultados da pesquisa com quatro variedades de milho para silagem, realizada por técnicos e pesquisadores da Secretaria e da Cooperativa de Laticínios do Médio Vale do Paraíba (Comevap), com apoio da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati) Regional Pindamonhangaba, da Universidade de Taubaté (Unitau) e da Fundação de Apoio à Pesquisa Agrícola e com o patrocínio de diversas empresas.

Antes de ir a campo visitar as estações experimentais com as cultivares de milho e receber informações sobre cada uma delas, os produtores também puderam assistir a palestras versando sobre o impacto na produtividade leiteira em função da qualidade bromatológica do volumoso e sobre a produção de leite A2A2.

Em entrevista exclusiva à Balde Branco, Junqueira afirmou que sua presença no evento era “emblemática e representava um compromisso do governo de incentivar o produtor de leite”, com investimentos em pesquisas e tecnologias para melhorar a produtividade. Também anunciou a ampliação das linhas de crédito para o setor, por meio do Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista (Feap), aberto a pequenos e médios produtores, com juros de 3% ao ano e com até cinco anos de carência.

Em entrevista à Balde Branco, secretário Antonio Junqueira reafirmou o compromisso de dialogar e apoiar as demandas da cadeia do leite no Estado

“Estamos sempre abertos ao diálogo e queremos que o setor nos diga o que é preciso fazer para melhorar, porque o leite é muito importante para o Estado”, disse, lembrando que mais de 400 municípios paulistas têm o leite como base da sua economia.

O exemplo de parceria público privada de Pindamonhangaba, segundo Junqueira, poderá ser replicado em outras regiões do Estado. “Temos várias áreas da secretaria que podem ser utilizadas dessa forma. É só questão de fazer um bom projeto e colocar para rodar.”

As áreas experimentais apresentaram índices satisfatórios, mas os estudos ainda serão ampliados para aferir o resultado

Aristeu Trannin, presidente da Comevap, destacou a importância da parceria com a Secretaria de Agricultura e Abastecimento

O presidente da Comevap, Aristeu Trannin, enalteceu a parceria inédita, destacando a importância do apoio da secretaria para os produtores no processo de ampliação da produção do rebanho leiteiro regional.

“A cooperativa tem 85 anos de história e mais de 650 produtores associados e está vivendo uma parceria inédita, que mostra que o caminho da melhoria de vida do produtor anda lado a lado com o Estado”, disse. Isso, segundo ele, propicia a aplicação dos conhecimentos desenvolvidos pelos pesquisadores da secretaria na vida prática dos produtores.

Para o diretor de Produção da cooperativa, Nilo Eduardo Bilard de Carvalho, esse primeiro dia de campo realizado na Apta é mais um passo do convênio celebrado com a Comevap, que vai beneficiar principalmente os produtores familiares.

“Não se trata apenas de produzir milho, mas também de fomentar a pesquisa e a tecnologia”, afirmou. Bilard observou que o evento teve a maciça adesão de produtores interessados em conhecer as variedades de milho que mais bem se adaptaram à região.

O dirigente afirmou também que os primeiros resultados são bastante satisfatórios e a expectativa é de que o projeto seja duradouro, trazendo bons frutos para a produção de leite no Vale do Paraíba. “Neste primeiro ano, investimos muito em insumos, mas estamos tendo uma boa produtividade e acreditamos que, no futuro, ela será ainda maior.”

O plantio inicial de 200 hectares na fazenda do Polo Regional da Apta de Pindamonhangaba também poderá ser ampliado futuramente, chegando a dobrar a extensão da área ocupada.

Além disso, segundo Bilard, a intenção de ambas as partes é ampliar a parceria, com a instalação de um centro de treinamento para produtores e funcionários e de um projeto de melhoria genética, com transferência de embriões de animais mais evoluídos na produção leiteira.

Variedades de milho – O diretor-geral da Apta Regional, Daniel Gomes, esclareceu a importância dos passos da pesquisa aplicada e seus objetivos. “Nessa primeira etapa da parceria com a cooperativa, identificamos as cultivares que poderiam se adequar ao gado leiteiro regional, produzindo silagens de milho de melhor qualidade”, disse.

O resultado, segundo ele, será mensurado com base em critérios científicos e no delineamento do experimento nas propriedades leiteiras dos associados da Comevap, com base na melhoria da produtividade e da qualidade de proteína do leite A2.

As variedades Santa Helena 7940 pro3, Biomatrix 3063 pro3, LG 36700 vip3 e AL Piratininga foram cultivadas em uma área da fazenda da Apta cedida à Comevap, em convênio com a Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa do Agronegócio (Fundepag).

A utilização dessas variedades para produção de silagem visa oferecer a complementação necessária de alimentos ao gado leiteiro durante o período de escassez de volumosos a pasto no inverno, fornecendo silagem de qualidade para pequenos produtores associados à cooperativa para suprir a necessidade de seus rebanhos.

Os estudos agregam outros órgãos científicos da secretaria, como o Instituto de Zootecnia (IZ-Apta), que estudou a digestão de espécies de volumosos, e a Cati, que promoveu a disseminação das melhores práticas aplicadas, juntamente com pesquisadores que abordaram aspectos das raças e alimentação do gado leiteiro.

Palestras com pesquisadores abordaram temas relacionados ao ponto correto para a colheita do milho e a produção de leite A2A2

Palestras – O pesquisador do Centro de Genética e Biotecnologia do IZ, Anibal Eugênio Vercesi Filho, foi um dos palestrantes. Falou sobre a produção de leite A2A2, apresentado aos produtores como uma nova oportunidade no mercado brasileiro, surgida há poucos anos. Também discorreu acerca de suas características e das tecnologias que o IZ desenvolveu visando à certificação e à verificação tanto da constituição genética dos animais, quanto da aferição da pureza do produto.

“As informações sobre a possiblidade de produzir o A2A2 ainda chegam devagar ao pequeno produtor e a maioria que já está produzindo esse tipo de leite utiliza-o para os produtos artesanais, principalmente os queijos. Por enquanto, a maior produção de leite A2 comercializada no mercado brasileiro ainda vem de grandes fazendas, pois estamos na fase de conscientização dos produtores”, explicou.

Outro palestrante foi o gerente nacional de Ruminantes da Polinutri, o zootecnista Alexandre Valise Siqueira, que falou sobre a importância da análise bromatológica da planta de milho em relação à produtividade na propriedade leiteira.

“O intuito foi explicar sobre o ponto ideal de colheita e o que deve ser observado numa planta de milho para se ter o máximo de produtividade, um ponto fundamental que pode contribuir para o sucesso ou o fracasso de uma propriedade leiteira.”

Isso porque a silagem, segundo Siqueira, representa 50% da dieta de uma vaca de alta produção. “Se a gente erra no ponto, por exemplo, colhe mais cedo, acaba perdendo o amido, que é a parte mais importante da planta. Por isso, é preciso observar bem o seu ponto de maturação, sendo ideal trabalhar entre 34% e 38% de matéria seca”, finalizou.

Novos passos – Para o diretor do polo da Apta, Sérgio Henrique Canello Schalch, o resultado do evento foi muito satisfatório e marcou de forma positiva a parceria com a Comevap. “Reunimos um grande público, principalmente de produtores interessados na produção de um volumoso de qualidade”, disse ele.

Sobre as expectativas com relação ao futuro do projeto, Schalch disse que eles que estão sendo colhidos agora e são o resultado de oito meses de trabalho conjunto com a equipe da Comevap e que novos passos virão.

“Vamos trabalhar a parte da genética do gado e fazer um centro de reprodução aqui na própria unidade, com o apoio do Instituto de Zootecnia (IZ). A pretensão é fornecer um bom produto para o produtor, ou seja, uma novilha que dê bons frutos e com preço bem acessível.”

LABORATÓRIO MÓVEL DO IZ FAZ DEMONSTRAÇÃO PARA OS PRODUTORES

 
O laboratório móvel do Instituto de Zootecnia também esteve presente no Dia de Campo e os produtores puderam conhecer o trabalho desenvolvido pela equipe, que analisou amostras de leite fornecidas pela Comevap.

O laboratório é montado em um trailer e percorre eventos agropecuários no Estado para levar aos produtores informações sobre a qualidade do leite, com análises feitas na hora e os resultados também sendo revelados imediatamente após os exames.

Coordenado pelo pesquisador Luiz Carlos Roma Junior, o projeto faz parte do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Bovinos Leiteiros do IZ. Segundo Roma Jr, “o objetivo é levar até o produtor a tecnologia e informações importantes para incrementar a qualidade da sua produção”.

Com isso, se propõe também a ampliar a área de abrangência das pesquisas e auxiliar na divulgação dos resultados e das novas tecnologias desenvolvidas pelo Instituto relativas a controle de mastite, produção higiênica, terapias alternativas para melhoria da qualidade do leite e impacto da transferência de tecnologia sobre a produção.

Essas informações, segundo o pesquisador, são importantes para o produtor ajustar os manejos envolvidos na produção, garantindo a sustentabilidade da atividade em termos de volume e qualidade do produto final. “Além de realizar análises laboratoriais, o espaço também participa de eventos, palestras, cursos e outras atividades para produtores”, complementa Roma Jr.

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