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REPRODUÇÃO

Eficiência reprodutiva

e a maximização da performance econômica

Na produção leiteira, um dos pilares do bom desempenho é contar com eficiente manejo reprodutivo, para obter um intervalo entre partos de 12 a 14 meses

Gisele Dela Ricci*

A habilidade de a vaca tornar-se gestante rapidamente, após o período voluntário de espera, está entre as principais características de uma ótima eficiência reprodutiva. Uma reprodução pouco eficiente diminui a lucratividade, tanto por reduzir a produção leiteira, com aumento da reposição de novilhas devido ao aumento de intervalo entre partos, acarretando, também, custos adicionais com medicações e serviços veterinários de forma geral.

A bovinocultura leiteira está restritamente relacionada à parição das vacas. Alcançar a maximização da produção de leite por dia, a um baixo custo nutricional, com parições ocorrendo em intervalos regulares, em períodos restritos. Atrasos nas concepções acarretarão comprometimento da função reprodutiva, que afetará a economia da produção, destacando a importância da contínua análise e do controle da eficiência reprodutiva dos bovinos leiteiros.

Os ganhos na performance econômica na produção de leite pela eficiência reprodutiva são inferiores apenas a ganhos obtidos pela melhoria na nutrição animal. O controle reprodutivo determina a longevidade dos bovinos, o número de reposições, o progresso genético, a duração do período seco e parte de toda a vida média da produção de leite da vaca de leite. A maximização do lucro pode ser adquirida com o gerenciamento dos processos reprodutivos apropriados. Quando são observados manejos eficientes, ocorrem os benefícios para a produtividade do sistema, sendo, desta forma, necessário estabelecer metas para o rebanho leiteiro, implementando planos reprodutivos para atingir tais metas.

Reprodução depende de diversos fatores

A marcação, na parte traseira, com dispositivo de cor, identifica a vaca no cio, seja com fitas identificadoras de monta, bastões ou até mesmo rufiões com buçal

A função da reprodução no organismo animal é muito complexa e depende de fatores como sanidade, nutrição, linhagens, status de produção e conforto térmico. Depende, também, de fatores externos ao organismo animal, como tipo da mão de obra, do manejo e da competência administrativa da produção.

Parâmetros como taxa de detecção de cio, número de dias para o primeiro serviço, taxas de concepção, dias de período de serviço e secos, taxa de prenhez e quantidade de vacas descartadas devido a falhas reprodutivas são críticos e devem ser avaliados para auxiliar na detecção de problemas, melhorando a eficiência reprodutiva dos sistemas.

Melhores índices de fertilidade são alcançados com serviços entre parto a partir de 60 dias pós-parto, com identificação das enfermidades metabólicas, puerperais e a detecção de cio, que são responsáveis por subfertilidade, prolongando o intervalo parto-concepção, diferente do recomendado em sistemas intensificados de produção, que indicam a cobertura de fêmeas o mais rápido possível após o parto.

A monta de uma vaca sobre a outra é um indicativo de que a vaca que se deixa montar está no cio

Para a determinação do número de dias ideal para o primeiro serviço, recomenda-se acrescentar 11 dias ao período voluntário de espera de cada propriedade. Caso o número de tempo seja superior a 75 dias, torna-se necessário avaliar se a detecção do cio está sendo realizada corretamente e se existem perdas importantes e contínuas no escore de condição corporal dos animais.

 

Taxa de concepção – A taxa de concepção mostra a exatidão da identificação de cios, a fertilidade e a inseminação realizada de forma correta. Para o primeiro serviço, a meta é obter 55% e, nos demais, 50%. Quando são observados índices inferiores a 30%, torna-se necessária a revisão do programa de inseminação artificial, com a observação do treinamento dos colaboradores e o manejo compassivo dos animais.

É muito importante na estratégia de buscar maior eficiência reprodutiva o manejo da vaca no periparto com conforto – antes e depois do parto –, de modo a se evitar uma série de problemas

Taxa de concepção – A taxa de concepção mostra a exatidão da identificação de cios, a fertilidade e a inseminação realizada de forma correta. Para o primeiro serviço, a meta é obter 55% e, nos demais, 50%. Quando são observados índices inferiores a 30%, torna-se necessária a revisão do programa de inseminação artificial, com a observação do treinamento dos colaboradores e o manejo compassivo dos animais.

Também é de suma importância avaliar os intervalos entre as coberturas ou inseminação, com o objetivo de evitar mortalidade embrionária precoce, testar os níveis de progesterona no leite, analisar a incidência de problemas reprodutivos no rebanho, como distocia, partos com retenção de placenta e metrites, observando a presença de cistos uterinos e, por fim, atentar detalhadamente para o quadro de vacinas, para verificar a ocorrência de doenças infecciosas.

Além do manejo adequado dos animais, para se obterem bons índices de prenhez por fêmeas, é preciso avaliar a eficiência das detecções de cio de maneira precisa, devido, principalmente, à capacidade de afetar de forma representativa o manejo reprodutivo de todo o rebanho leiteiro. As taxas de detecção do cio em torno de 70% podem variar, dependendo diretamente da maneira como a vaca é conduzida nas propriedades. A meta são taxas superiores a 30%-35%, com intervenções imediatas com índices entre 12% e 15%.

Atualmente, usa-se a tecnologia da IATF (inseminação artificial em tempo fixo) para melhorar os manejos e as falhas de detecção de cio na fazenda. Essa metodologia utiliza o uso de hormônios que estimulam a ovulação do animal, desde que a vaca esteja preparada.

Outros métodos que facilitam a identificação do cio são marcações na parte traseira do animal, seja com fitas identificadoras de monta, bastões ou até mesmo rufiões com buçal.

Em seu artigo ao site Milk Point, em 2007 o professor José Luiz Vasconcelos e a professora Ricarda Maria afirmam que “Os pontos encontrados no rebanho podem ser comparados a índices regionais, locais, a referencias científicas, mas torna-se muito importante observar o histórico do rebanho”, comparando seus próprios índices reprodutivos, buscando melhorias contínuas e tratando desafios com tratativas efetivas a curto, médio e longo prazo, conhecendo a situação real da sua propriedade (no original constam diversas referências bibliográficas, à disposição dos interessados; basta entrar em contato com a redação da Balde Branco).

*Zootecnista, mestra, doutora e pós-doutoranda pela USP. Atua no laboratório de Etologia, bioclimatologia e nutrição de animais de produção (bovinos, suínos e ovinos)

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