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A ILPF, sistema integrado de produção que vem revolucionando a agropecuária, segundo os princípios da sustentabilidade, que aperfeiçoam o uso da terra e elevam a produtividade, inclusive no leite

EMBRAPA

EMBRAPA COMEMORA 50 ANOS

com avanços tecnológicos e conexão com o futuro

O presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Celso Moretti, fala das realizações da estatal, destacando suas principais entregas tecnológicas e de novas metas para o futuro, além de apresentar um balanço social com lucro de mais de R$ 125 bilhões

João Carlos de Faria*

A Embrapa comemorou, no último dia 26 de abril, os 50 anos de sua fundação, com a apresentação de um balanço dos projetos de inovação em parceria com a iniciativa privada, a assinatura de um acordo de cooperação com uma universidade norte-americana e com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) e o anúncio do resultado positivo do seu balanço social.

Em entrevista coletiva, o presidente da Embrapa, Celso Luiz Moretti, apontou os cinco principais marcos tecnológicos da trajetória de cinco décadas da instituição, destacou as tendências para o futuro e as entregas inéditas feitas para comemorar o cinquentenário.

Ele destacou a importância da produção sustentável, ressaltando o trabalho de descarbonização da agricultura e da pecuária que a Embrapa vem desenvolvendo, num histórico de mais de duas décadas, citando que, no caso do leite, essa tecnologia já está bastante adiantada. “Estamos avançando a passos largos na produção do leite de baixo carbono”, preconizou.

Também comentou sobre o balanço social da empresa, que registrou lucro de R$ 125,88 bilhões, referentes ao ano de 2022, fazendo as contas de que, para cada real colocado na Embrapa no ano passado, foram devolvidos para a sociedade brasileira R$ 34,07.

“Isso mostra, de forma cabal, na ponta do lápis, que vale a pena investir em pesquisa, desenvolvimento, inovação agropecuária. Esse é um dos maiores valores já obtidos no lucro social da Embrapa, além dos mais de 95 mil empregos diretos que as tecnologias da empresa geraram no agro brasileiro”, disse.

Celso Luiz Moretti; “O balanço social da empresa de 2022 mostra de forma cabal, na ponta do lápis, que vale a pena investir em pesquisa, desenvolvimento, inovação agropecuária”

Marcos tecnológicos – Moretti citou o que considera como os cinco principais marcos tecnológicos da empresa, na primeira década de sua existência, mencionando como o primeiro deles, a tropicalização dos solos do Cerrado, ocorrida entre 1973 e 1983, que “trouxe uma verdadeira revolução econômica para o bioma”.

Aponta, em seguida, o domínio da fixação biológica de nitrogênio, fato que marcou a segunda década, entre 1983 e 1993, descrita como “uma revolução na cultura da soja, que resulta em economia de bilhões de dólares todos os anos para o Brasil, ao dispensar a importação de fertilizantes nitrogenados”. Em 2022, essa tecnologia foi responsável por mais da metade do lucro social da Embrapa, enquanto os produtores de soja brasileiros deixaram de gastar mais de R$ 70 bilhões em fertilizantes nitrogenados.

O Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc), ocorrido entre 1993 e 2003, foi o terceiro marco apresentado pelo presidente da empresa, “como uma ferramenta que se tornou uma política pública de mapeamento das áreas de produção”, que indica as melhores datas de plantio de culturas em cada município, reduzindo-se assim a perda de safra, por fatores climáticos.

“Essa hoje é uma política pública que possibilita a diminuição de perdas de produção causada por eventos climáticos extremos e a promoção do uso e da ocupação de terras agrícolas com foco na sustentabilidade e na preservação de recursos naturais”, afirmou Moretti.

A ferramenta ajuda na tomada de decisões para o planejamento e a execução de atividades agrícolas, para as políticas públicas e, em especial, à seguridade agrícola, pois a concessão de crédito de custeio e de seguro agrícola por parte do governo federal hoje é condicionada à adoção do Zarc, o que tem contribuído para a redução de solicitações fraudulentas.

Mais recentemente, entre os anos de 2003 e 2013, segundo Moretti, o marco foi a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), sistema integrado de produção que aperfeiçoa o uso da terra e eleva a produtividade, inclusive no leite.

Atualmente, a área com esses sistemas no Brasil está estimada em cerca de 17,4 milhões de hectares. A previsão é dobrar essa área, chegando a 35 milhões de hectares até 2030. “A grande vantagem é que o solo é explorado econômica e sustentavelmente durante todo o ano, aliando produtividade com conservação de recursos naturais”, explica Moretti.

O marco principal da última década, de 2013 a 2023, segundo ele, foi o forte investimento no desenvolvimento de pesquisas com insumos, lançando importantes bioprodutos que contribuíram para a redução do uso de fertilizantes químicos nas lavouras e para o controle de pragas e doenças nas plantas, sem o uso de agrotóxicos.

Pesquisas para a fixação biológica de nitrogênio trouxeram um grande avanço na cultura da soja, com economia de bilhões para o Brasil

Conexão com o futuro – Focada nas entregas de valor para a sociedade, a Embrapa deixa evidente sua atenção aos desafios e às oportunidades que se apresentam hoje para a pesquisa agropecuária, mas constrói forte conexão também com o futuro.

“Entendo que nós temos que comemorar e reconhecer o trabalho que foi feito principalmente pelos agricultores que estiveram à frente e lideraram toda essa revolução, mas acho que é importante também, daqui pra frente, mirar quais são os principais desafios”, disse Moretti.

Ele se refere a tecnologias e práticas já disponíveis ao sistema produtivo e às tendências que mobilizam laboratórios e campos experimentais da Embrapa, apontando para conceitos como eficiência produtiva; biorrevolução e edição genômica; bioeconomia; energia renovável; descarbonização e mudanças climáticas; geoinformação; rastreabilidade; precisão; transformação digital e saúde única, entre outros. “São temas que a ciência agropecuária já vem trabalhando e que prometem se intensificar para as próximas décadas que seguirão.”

Moretti afirma ainda que, além de desenvolver tecnologias, a Embrapa também vai continuar participando e contribuindo para a elaboração de políticas públicas focadas em alimentação e nutrição tanto em âmbito nacional quanto âmbito internacional.

“Eu acho que é importante dizer que a Embrapa já vem trabalhando com uma série de ações que auxiliam na segurança alimentar do brasileiro e de várias partes do mundo e nós entendemos que a empresa deve seguir contribuindo para a questão da segurança alimentar do Brasil e do mundo.”

Entre as tecnologias que a Embrapa lança nos seus 50 anos, destacam-se o Sistema Brasileiro de Agrorrastreabilidade (Sibraar), que apresenta soluções digitais que acompanham a tendência mundial de rastreamento dos alimentos, desde a sua origem (plantio) até a prateleira dos supermercados; soluções para a produção de alimentos a partir da aplicação de bioinsumos em substituição aos agrotóxicos, reduzindo assim a dependência do Brasil em relação às importações de produtos químicos e aumentando a sustentabilidade ambiental (Bioinseticida Lalguard Java) e plataforma para análise de solos com uso de inteligência artificial para medir a pegada de carbono.

A Embrapa saltou de 6% de projetos em parcerias com o setor produtivo, incluindo a iniciativa privada, em 2018, para 24,8% em 2023. Atualmente são 274 projetos, sendo 62% de parceiros de pequeno porte, como cooperativas e associações. São os chamados projetos de inovação aberta, baseados em parcerias público-privadas, compartilhamento de custos e riscos por meio de co-financiamento e compartilhamento de eventuais direitos de propriedade intelectual.

Balanço social – No ano em que a Embrapa comemora 50 anos, a edição do Balanço Social completa 26 anos de existência, registrando boa parte das contribuições da empresa à sociedade.

Publicado desde 1997, o Balanço Social testemunha o impacto das principais tecnologias desenvolvidas e transferidas à sociedade e, em 2022, apresentou um lucro social de R$ 125,88 bilhões, gerados a partir do impacto econômico no setor agropecuário de 172 tecnologias e de cerca de 110 cultivares desenvolvidas por pesquisas da Embrapa, gerando 95.171 empregos diretos.

Conforme destaca Celso Moretti, o Brasil está evoluindo a passos largos na produção do leite de baixo carbono

EMBRAPA EM NÚMEROS

 
São 34 portfólios temáticos de pesquisa e 1.086 projetos de pesquisa em andamento, sendo 274 de inovação aberta, ou seja, com parceria direta com setor produtivo.

Atualmente 2.174 pessoas, entre agrônomos, biólogos, engenheiros, médicos veterinários fazem parte dos quadros da empresa, mas, na entrevista coletiva, indagado sobre a necessidade de novos concursos, Moretti disse que acredita que até 2024 a Embrapa deve fazer novos concursos públicos. “A empresa precisa seguir sendo relevante e estratégica para o Brasil”, afirmou.

Nos últimos dez anos, foram 16.333 acordos e parcerias celebrados com a iniciativa privada, organismos internacionais, universidades, centros de pesquisas, fundações, etc., sendo 96% de âmbito nacional e 4% internacional, e lançadas no mercado mais de 1 mil tecnologias.

Atualmente, 65% das entregas são adaptáveis para a agricultura familiar, com soluções que chegam a esse segmento por meio de capacitação dos multiplicadores, como extensionistas, e também a partir da plataforma e-Campo.

A vitrine de capacitações online da Embrapa oferece cursos por meio de parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar). No ar desde 2018, a oferta é permanente. Só em 2022, 32 novos cursos entraram para o catálogo. Ao fim do ano, foram liberadas 102 capacitações, sendo 75% gratuitas, contabilizando um total de 177.381 inscrições.

*Com informações da assessoria de imprensa da Embrapa

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