TENDÊNCIAS

Pedro Braga Arcuri

Pesquisador da Embrapa Gado de Leite

"O Minas Láctea é provavelmente o mais importante ponto de encontro da cadeia do leite, devido à sua origem: o Instituto de Laticínios Cândido Tostes, conceituada instituição de 87 anos”

Encontro de tendências e inovações

Após dois anos de ausência, o evento Minas Láctea retorna à sua forma presencial em Juiz de Fora (MG). O conjunto de eventos se constitui em verdadeiro encontro de tendências, de inovações e de negócios, reúne produtores de leite, profissionais dos órgãos públicos e privados da extensão rural, das indústrias de transformação do leite, pesquisadores, professores, fabricantes de equipamentos e de insumos para lácteos. Nesta categoria, já aproveito para reforçar a crescente importância dos bioinsumos que comentei em edições anteriores, destacando os desenvolvidos especialmente para os lácteos, agregando valor por torná-los ainda mais saudáveis.

O Minas Láctea é provavelmente o mais importante ponto de encontro da cadeia do leite, devido à sua origem: o Instituto de Laticínios Cândido Tostes, conceituada instituição de 87 anos, ancorada no mar de morros que caracteriza nossa paisagem. Hoje, é parte da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais, a Epamig.

Sua história remonta ao fim do ciclo do café na região do Vale do Paraíba, portanto, partes dos Estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. Naquela época, a produção de leite passou de atividade econômica marginal, presente em todas as propriedades pela produção de lácteos para o consumo das famílias e um pequeno comércio local, para se tornar um gigantesco complexo econômico.

Na década de 1930, homens públicos de visão criaram uma escola para difundir técnicas de produção de lácteos. Dessa origem, o Instituto cresceu, formou milhares de técnicos e desenvolveu importantes tecnologias, além de ter contribuído para a formulação de políticas públicas relevantes para a cadeia do leite. Décadas depois, a Semana do Laticinista foi criada para confraternizar estudantes e ex-alunos, servindo certamente para a discussão de novidades e oportunidades de trabalho.

A cadeia produtiva cresceu; geograficamente a região se manteve como importante bacia leiteira até meados dos anos 1980. Não obstante, a essência permanece. A carinhosamente denominada “Candinha” é exemplo de instituição onde se aprende fazendo; o caráter dos indivíduos é fortalecido e desenvolvido pelos exemplos de boas práticas e idoneidade profissional. Por todos os lugares onde há produção de leite e sua transformação, encontramos seus ex-alunos, todos orgulhosos de sua formação. E de todas as partes do Brasil, e de países vizinhos, esses profissionais voltam a se reunir no Minas Láctea.

Vem daí sua importância, pois hoje a indústria adota esse evento, pela sua importância como geradora de tendências e de posicionamento nos diferentes mercados, de máquinas e equipamentos, de profissionais e, sim, de produtos. Porque o Concurso Nacional de Lácteos estabelece, por meio de uma banca de especialistas, os produtos mais bem fabricados e mais saborosos, dos doces de leite a queijos industrializados e manteigas.

Por último, mas não menos importante, existem as pessoas. Além dos egressos da escola “Candinha”, profissionais inovadores vêm conhecer e conversar a respeito dessa cadeia produtiva que padece de mais organização, de mais políticas públicas de interesse dos produtores e dos consumidores, mas também dessa mesma cadeia que tem interessado às maiores empresas mundiais, demonstrando mais uma vez o potencial econômico e a importância social da produção leiteira tropical.

A cidade e a nossa região têm a oferecer valores fundamentais: ciências e conhecimentos associados a instituições como o próprio ILCT/Epamig, a Embrapa Gado de Leite, Universidades Federais de Juiz de Fora, Viçosa, São João del Rey e Lavras; vários campi dos Institutos Federais de Educação, dezenas de universidades privadas; mais a experiência oriunda das centenas de laticínios em produção e gestão. Envolvendo a todos nesse encontro de tendências e inovação, o calor humano típico da acolhedora “Princesa de Minas”.

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