Três especialistas estiveram reunidos na Castrolanda para falar do que sabem sobre o tema, de forma prática e objetiva. Uma aula de muito conteúdo e esclarecedora

Por Edson Lemos

Atualmente, há uma grande variedade de ferramentas, estratégias, recomendações e aditivos para vacas no período de transição. Mas o que funciona de fato é o adequado escore ao parto. É importante evitar que as vacas cheguem gordas ao parto, reemprenhando-as o quanto antes e, se possível, não adotar dieta única. Assim a vaca não vai ter oportunidade de engordar ao longo da lactação. É fundamental investir no monitoramento de vacas recém-paridas, propiciando conforto e amenizando estresse calórico”.

Assim o professor Rodrigo de Almeida, da Universidade Federal do Paraná, concluiu sua palestra durante o fórum Período de Transição, Diagnóstico, Eficiência e Rentabilidade, que contou com cerca de 250 produtores, técnicos e estudantes reunidos pelo setor de pecuária leiteira da Cooperativa Castrolanda, no mês passado. Perante esse público, estimando uma produção de leite para 305 dias, o professor Rodrigo sustentou que vacas com escore corporal entre 3 e 3,25 (considerado ideal) podem produzir 860 kg a mais do que as vacas magras, e 600 kg a mais do que as vacas gordas. “Além disso, essas vacas persistem mais nos rebanhos”.

O chamado período de transição, que compreende as três últimas semanas pré-parto e as três semanas logo após o parto, é uma etapa em que a vaca passa por profundas alterações metabólicas e fisiológicas na preparação para o parto e a futura lactação. Ocorrem grandes alterações hormonais pela proximidade do parto, com aumento de estrógeno, de glicorticóides, de prolatina, queda de progesterona, entre outras alterações. Há uma grande demanda de micronutrientes para síntese de colostro, um desenvolvimento contínuo da glândula mamária, um rápido crescimento fetal.

Além disso, frequentemente a vaca é mudada de ambiente, sendo obrigada a reencontrar seu espaço, o que é muito estressante. Como consequência, vacas e novilhas sofrem depressão de consumo, comendo até 30% menos, o que está na raiz de muitos de seus problemas. “Muito do que acontece durante essas seis semanas vai repercutir por toda a lactação da vaca. Então, se a vaca for bem cuidada, bem alimentada durante esse período, sua chance de ter uma lactação de sucesso vai ser mui¬to maior, tanto do ponto de vista produtivo quanto do ponto de vista reprodutivo; ou seja, vai reemprenhar mais rápido.

Almeida lembrou que a vaca no período de transição é uma forte candidata a ter problemas de saúde, como hipocalcemia, cetose, metrite, retenção de placenta e deslocamento de abomaso. Citou ainda que o consumo de alimentos começa a se deprimir faltando uma semana para a vaca parir. Como compensação, ela começa a mobilizar suas reservas corporais, o que provoca a produção de ácidos graxos livres.

Além da deficiência energética também ocorre uma deficiência de proteína metabolizável. Então a vaca recém-parida não tem somente uma deficiência energética, mas também uma deficiência protéica. O que sugere que colocar essa vaca num lote de baixa produção para prevenir a ocorrência de deslocamento de abomaso não é uma boa estratégia. Ela precisa de níveis tão altos de energia e proteína quanto a vaca de alta produção, advertiu o professor.

Leia a íntegra desta matéria na edição Balde Branco 627, de janeiro 2017

Abrir bate-papo
1
Escanear o código
Olá 👋
Podemos ajudá-lo?