LEITE EM NÚMEROS

Samuel José de Magalhães Oliveira

Pesquisador da Embrapa Gado de Leite

Evolução regional da pecuária de leite no Brasil

(2011-2021)

Os dados mostram que o leite brasileiro está evoluindo em todas as regiões do País, com incorporação tecnológica e maior intensificação de capital

A pecuária de leite no Brasil tem passado por grandes mudanças e maior intensificação de capital. A produção de leite, de acordo com o IBGE, passou de 32,1 bilhões de litros em 2011 para 35,3 bilhões em 2021. O aumento de produção no período não foi tão significativo, apenas 3,2 bilhões de litros. No entanto, o efetivo de animais ordenhados se reduziu drasticamente, de 23 milhões para 16 milhões de cabeças nesses dez anos. Tal fato ilustra a rápida transformação nos sistemas de produção de leite ocorrida nos últimos anos, que levou a produtividade por animal de 1.382 litros/vaca/ano em 2011 para 2.214 litros em 2021.

A distribuição espacial da produção de leite também se modificou nesses últimos dez anos. Avaliando as 137 mesorregiões geográficas brasileiras, definidas pelo IBGE, observa-se que aquelas que ocupam as 12 primeiras posições na produção de leite em 2021 foram responsáveis por 47,9% do total brasileiro. Esse número é superior aos 46,7% observados em 2011, mostrando que a concentração espacial na produção leiteira avança (Tabela 1).

O Noroeste Rio-grandense, Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba e Oeste Catarinense são, nessa ordem, as maiores mesorregiões produtoras de leite do País, todas com mais de 2 bilhões de litros produzidos em 2021. Essa posição relativa não se alterou nos últimos dez anos. O Sul/Sudoeste de Minas ultrapassou o Sul Goiano e passou a ocupar a quarta posição nacional, com 1,5 bilhão de litros produzidos em 2021.

Entre as 12 mesorregiões mais importantes no volume de leite produzido em 2021, cinco são da Região Sudeste, quatro são da Região Sul, dois são do Centro-Oeste e uma do Nordeste. Duas regiões que não integravam a lista das 12 mais em 2011 entraram em 2021: O Agreste Pernambucano, que registrou expressivo aumento da produção de leite em dez anos, e o Vale do Rio Doce (MG).

Produtividade – A produtividade por animal aumentou significativamente nas diferentes mesorregiões brasileiras em dez anos. O Centro Oriental Paranaense conquistou a primeira posição, tanto em 2011 quanto em 2021, apresentando marcas que evoluíram de 4.436 litros/vaca/ano para 7.229 litros/vaca/ano no período analisado. A produtividade dessa mesorregião já atinge o patamar de países avançados na produção leiteira, como a França, que exibe 7.279 litros/vaca/ano de acordo com os últimos dados da FAO.

As mesorregiões Nordeste Rio-grandense, Oeste Catarinense e Noroeste Rio-Grandense ocupam, respectivamente, a segunda, terceira e quarta colocações, com produtividade acima de 4.000 litros/vaca/ano. Esses valores são próximos aos observado na Nova Zelândia, 4.522 litros/vaca/ano, de acordo com a FAO (Tabela 2).

Entre as 12 mesorregiões que se destacam em produtividade, 7 se localizam na Região Sul, 4 na Região Sudeste e 1 no Nordeste. Quase todas as mesorregiões apresentaram forte aumento na produtividade nesses dez anos, comprovando as mudanças tecnológicas em curso na pecuária leiteira nas diversas regiões brasileiras.

As maiores produtividades são observadas no Sul, mas importantes mesorregiões produtoras do Sudeste, como Triângulo/Alto Paranaíba e Sul/Sudoeste de Minas, viram sua produtividade dobrar entre 2011 e 2021. A evolução no Sertão Sergipano também é notável e proporcionou a participação de uma mesorregião nordestina na lista. Isso mostra que o leite brasileiro está evoluindo em todas as regiões do País, com incorporação tecnológica e maior intensificação de capital. É uma mudança rápida em curso, em que a competição por terra vem exigindo melhorias na gestão e eficiência na atividade.

Coautor: Glauco Rodrigues Carvalho, pesquisador da Embrapa Gado de Leite

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