Após os transtornos provocados pela pandemia, a Expointer voltou como a maior de todas as edições até agora

EXPOINTER

Exposição movimenta bilhões e mostra para o mundo

a força do agronegócio brasileiro

Com recorde de público e faturamento, a 45ª Expointer contabiliza mais de R$ 7 bilhões em negócios e cerca de 772 mil pessoas, recorde de todas as edições

Erick Henrique

De acordo com a organização da 45ª Exposição Internacional de Animais, Máquinas, Implementos e Produtos Agropecuários (Expointer), a feira, realizada no Parque Assis Brasil, em Esteio (RS), se encerrou no dia 4 de setembro batendo recordes. O total de negócios chegou a R$ 7,145 bilhões, representando um crescimento de 164,67% em relação a 2019, o último em que a feira ocorreu com presença totalmente liberada de público. Os resultados desta edição são muito expressivos, visto que é a primeira Expointer sem restrições desde o início da pandemia de covid-19.

A visitação também não deixou por menos: 772 mil pessoas estiveram na feira, ante 416 mil em 2019, conforme os dados da organização. Todos os números apresentados na coletiva de imprensa mostram um crescimento em relação a 2019. O setor de máquinas e implementos, o de maior destaque, apresentou um movimento de R$ 6,598 bilhões (+159,2%). No setor automobilístico, o resultado foi de R$ 490,9 milhões, com 1.674 unidades vendidas (+251%).

No segmento da pecuária, houve a venda de 1.309 animais, totalizando R$ 11,991 milhões (+42,02%). Já o de agricultura familiar, um dos mais populares entre os visitantes, vendeu R$ 8,106 milhões (+78,52%). A venda de artesanato somou R$ 1,52 milhão (+ 9,74%), quando foi contabilizado o setor de comércio, que teve movimentação de R$ 34,193 milhões.

Raças leiteiras em destaque – O público presente na exposição teve a oportunidade de conhecer e apreciar os 5.093 animais inscritos na 45ª Expointer, dentre bovinos de leite e corte, ovinos, pássaros, coelhos, caprinos e chinchilas. No pavilhão da pecuária de leite, marcaram presença as raças Holandesa, Jersey, Gir Leiteiro e Girolando. O julgamento da raça Holandesa, promovido pela Associação dos Criadores de Gado Holandês (Gadolando), após quatro horas de realização, escolheu como Grande Campeã a vaca Baronesa Ali 2269, do expositor Marcírio Flores Alves, da Fazenda Santo Izidro, de Alegrete (RS).

 

A Grande Campeã foi a vaca Baronesa Ali 2269, do expositor Marcírio Flores Alves, da Fazenda Santo Izidro, de Alegrete (RS)

No torneio leiteiro da raça Holandesa, o destaque foi para duas vacas da Granja Cichelero, do produtor Daniel Cichelero, de Carlos Barbosa (RS), como as grandes campeãs jovem e adulta.

A 554 Finger, Campeã Jovem, produziu 80,08 quilos de leite em um único dia, um recorde na Expointer, desde que o novo regulamento do concurso foi estabelecido. A Campeã Adulta, 519 Lauman, produziu 80,94 quilos de leite.

Para o presidente da Gadolando, Marcos Tang, os produtores de leite dominam a técnica para obter altos desempenhos apostando em genética aprimorada, alimentação de qualidade e bem-estar dos animais. “O produtor não ganha um concurso leiteiro como esse trabalhando apenas para a Expointer. Ele ganha na propriedade, desde o nascimento do animal. O campeonato e o recorde demonstram a expertise de quem produz”, garante Tang.

Marcos Tang; “O produtor não ganha um concurso leiteiro como esse trabalhando apenas para a Expointer. Ele ganha na propriedade, desde o nascimento do animal. O campeonato e o recorde demonstram a expertise de quem produz”

A Associação dos Criadores de Gado Jersey do Brasil esteve presente na feira promovendo mais uma etapa do Circuito Nacional da Raça. O julgamento dos animais em pista ficou a cargo de Fábio Fogaça, um dos jurados mais renomados do Brasil. Criadores, expositores e admiradores da raça marcaram presença acompanhando o julgamento dos animais, em que a Grande Campeã foi a vaca Queli Disco Guinther, do expositor Carlos Jacob Wallauer, de Salvador do Sul (RS).

Já no torneio leiteiro da raça Jersey, produção em 24 horas, o 1º lugar na categoria até 36 meses foi para a vaca Gema Questão Juiza Barnabas, com 27,4 kg. Animal dos expositores: Gerzy Enesto Ângela Maraschin, da Cabanha Gema, de Santa Rosa (RS). O título de campeã na categoria vaca adulta foi para vaca Gema Libra Ice Academy, que produziu 48,4 kg em 24 horas, animal também dos produtores da Cabanha Gema. Tanto o concurso do Holandês quanto do Jersey tiveram o tradicional banho de leite para coroar o encerramento da disputa.

As campeãs da raça Jersey

Cláudio N. Martins: “Tivemos um recorde absoluto de pessoas, mais de 5 mil animais de todas as raças, e a raça Jersey trouxe 75 exemplares, de muita boa qualidade”

Cláudio Nery Martins, presidente da Jersey RS, destacou que a exposição de 2022 atendeu a uma grande demanda das pessoas, das empresas que se acostumaram a frequentar a Expointer.

As pessoas se prepararam para visitar e fazer negócios, pois não tiveram essa oportunidade nos últimos anos por causa da pandemia. “Tivemos um recorde absoluto de pessoas, mais de 5 mil animais de todas as raças, e a raça Jersey trouxe 75 exemplares, de muita boa qualidade. A minha fazenda participou com cinco animais e ficamos bastante felizes com tudo aquilo o que foi visto durante a feira, com o planejamento estabelecido, no qual saímos com aquela ideia de dever cumprido”, avalia ele.

Panorama da pecuária leiteira gaúcha – No dia 1º setembro, a Câmara Setorial do Leite reuniu, na Expointer, representantes do setor para debater o futuro da atividade. O encontro ocorreu no auditório da Ocergs e foi dividido em três partes: Diagnóstico da cadeia produtiva no Rio Grande do Sul; Armazenamento de água e irrigação na pecuária de leite e tuberculose e brucelose.

O professor José Tobias Machado, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UFTPR), apresentou os dados de sua tese de doutorado. Ele realizou um estudo com 110 produtores de 29 municípios sobre a permanência, fatores de desistência e de motivação para produtores seguirem na atividade. Segundo ele, o número de produtores de leite diminuiu de 250 mil em 1995 para 125 mil em 2017, de acordo com o Censo.

Entre os resultados, ele constatou que o que leva os produtores a permanecerem na atividade estão a renda mensal (68,1%), o gosto pela atividade (35,5%), como a tradição familiar, e uma alternativa produtiva (31,8%). Entre as dificuldades, a falta de mão de obra foi apontada por 48% e 68% têm problemas para identificar um sucessor. Além disso, 72% têm dificuldades para encontrar tempo para o lazer.

A médica veterinária Ana Cláudia Groff, do Programa de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose Animal da Secretaria da Agricultura do RS, destacou o impacto negativo dessas enfermidades na cadeia leiteira no Rio Grande do Sul. Em 2021, 1,6% das propriedades foram testadas positivas para a tuberculose e, no caso da brucelose, os dados de 2021 apontam que 0,73% das propriedades testaram positivo para a doença. Conforme Ana Paula, os números não têm aumentado, permanecem estáveis, mas ainda há muitas propriedades no Estado que não fazem os testes.

Além disso, outro dado interessante apresentado na reunião pela veterinária foi que o rebanho bovino gaúcho está em 287.896 propriedades, destas aproximadamente 65 mil foram declaradas de leite em 2021.

Ganhadores do Prêmio Referência Leiteira, organizado pela Seapdr, Emater-RS e Sindilat

Reconhecimento merecido – Os produtores que não desistiram da atividade e superaram todos esses desafios apresentados no encontro da Câmara Setorial do Leite finalmente estão conquistando o reconhecimento da cadeia produtiva. A prova disso é que, durante a Expointer, houve a entrega do 1º Prêmio Referência Leiteira. A premiação foi promovida pela Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), Emater-RS e Sindicato da Indústria de Laticínios do Rio Grande do Sul (Sindilat).

O prêmio foi aberto a todas as propriedades leiteiras do RS, independentemente de porte, vinculadas à indústria estabelecida no Estado. Ao todo, 107 propriedades de 52 municípios inscreveram-se no prêmio. De junho de 2021 a julho de 2022, os extensionistas da Emater/RS-Ascar acompanharam as propriedades e coletaram informações referentes ao uso das áreas com o gado leiteiro e à mão de obra utilizada na atividade, além de registrar mensalmente dados referentes à produção de leite (volume e qualidade).

A iniciativa avaliou indicadores nas categorias de produtividade e qualidade do leite. Cada uma das categorias premiou três propriedades, com uma premiação geral resultante do somatório de pontos das três categorias. A categoria produtividade da terra examinou a quantidade de litros produzidos por ano em relação à área utilizada (litros/hectare/ano). A categoria qualidade do leite foi resultado das análises mensais de índices qualitativos do leite, como a contagem de células somáticas (CCS) e contagem bacteriana total (CBT), feitas em laboratório oficial. Já a de produtividade de mão de obra analisou a correlação entre a quantidade de litros de leite produzida nas propriedades com o número de pessoas envolvidas.

A Breunig Agricultura e Pecuária, de Condor, consagrou-se na 1ª edição do Prêmio Referência Leiteira. A propriedade da família Breunig somou 243,12 pontos, destacando-se por sua eficiência produtiva e qualidade do leite. A família Breunig também foi reconhecida em primeiro lugar na categoria produtividade da mão de obra, onde foi analisada a correlação entre a quantidade produzida de litros de leite e o número de pessoas envolvidas, considerando seu grau de dedicação em termos de carga horária e capacidade laboral. Na categoria qualidade do leite, o primeiro lugar foi conquistado pela Estância das Pedras, de Gabriel Lorenzon, de Água Santa, que alcançou 116,52 pontos. A Agropecuária Pfeifer, de Darci Sérgio Pfeifer, de Condor, sagrou-se na categoria produtividade da terra, com 48,019 litros de leite por hectare/ano. Os três primeiros colocados de cada categoria levaram para casa um notebook para ajudar no controle dos dados da propriedade.

“É uma satisfação fazer a entrega do 1º Prêmio Referência do Leite RS. Esse era um projeto antigo, que tínhamos em mente desde 2019, em parceria com a Emater-RS, por intermédio do gerente técnico Jaime Ries, para que criasse uma metodologia para que pudesse premiar o produtor que foi referência no Rio Grande do Sul. Foram 12 produtores premiados”, destacou Darlan Palharini, secretário-executivo do Sindilat, lembrando que para concorrer ao prêmio não era necessário ter vínculo associativo ao Sindilat, bem como não havia patrocínio de nenhuma empresa de genética, ração, entre outras, para evitar qualquer tipo de interpretação equivocada. “Para nós, do Sindilat, é importantíssimo, independentemente das questões comerciais que pautam muito do nosso ano, olhar com carinho para essas boas práticas e a Emater-RS tem sido uma condutora desse conhecimento, juntamente com a assistência técnica oferecida por outras empresas”, assinalou ele.

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