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HOMENAGEM

Faleceu João Castanho Dias, escritor e jornalista especializado no agro

É com muita tristeza para nossa equipe que, ao mesmo tempo em que comemoramos os 59 anos e 701 edições ininterruptas da revista Balde Branco, tenhamos de noticiar o falecimento do jornalista e escritor João Castanho Dias, no dia 2 de setembro, aos 80 anos de idade, em sua cidade natal Santa Cruz do Rio Pardo-SP, onde foi sepultado.

João Castanho foi um dos primeiros editores da revista Balde Branco, no final dos anos 1970 e início dos anos 1980, a qual se consolidou ao longo tempo, tornando-se a revista mais representativa do segmento leiteiro. Mesmo depois que se desligou do cargo de editor, continuou como colaborador esporádico, engrandecendo a revista com seus conhecimentos e vivência em relação ao agro, sobretudo com o foco na cadeia produtiva do leite.

Os breves depoimentos a seguir retratam a magnitude profissional de João Castanho no jornalismo e como escritor.

 

Paulo do Carmo Martins, da Embrapa Gado de Leite, destaca:
“O Brasil perdeu um grande jornalista e historiador do Agro. João Castanho deixou um legado, ao retratar, como ninguém, a trajetória do leite em São Paulo e a história do leite brasileiro, no seu irretocável “500 Anos do Leite no Brasil”. Pela Embrapa, tive o privilégio de negociar com a Nestlé a sua publicação, nas versões em inglês e português. Intelectual irrequieto e bem-humorado, sabia conciliar cultura com agricultura, produção com poesia e arte. Castanho deixa um vazio e muita saudade!”

 

Já Juliano Sabella Acedo, diretor de marketing da DSM-Firmenich, detentora da marca Tortuga, e presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Suplementos Minerais (Asbram) disse que João Castanho foi um dos precursores do jornalismo especializado no agro.
“Traduzia de maneira simples os temas mais complexos, se conectando muito forte com o homem do campo. Destaco no seu vasto legado as obras que resgatam e valorizam a história da produção de leite no País, como 500 anos do leite no Brasil e O leite na Paulicéia”.

 

Vale citar ainda o depoimento, dado ao Portal DBO, de José Edson Rosolen, que foi por muitos anos prestador de serviços na entidade Leite Brasil, ao lado de Castanho, que era o editor da revista Leite Brasil. Para Rosolen, ele era um jornalista muito talentoso na arte de transmitir os fatos em palavras escritas.
“Castanho escreveu livros maravilhosos, resgatando histórias recheadas de fotos antigas que garimpava em acervos particulares. Aprendi com ele que ‘a arte de escrever é a arte de cortar palavras’, mas não sei se a frase é dele, só que gravei na memória. Também era um dedicado desportista e jogou tênis a vida toda”.

 

 

“O Leite na Pauliceia” conta a trajetória do leite na capital paulista

João Castanho escreveu doze livros sobre o agro brasileiro, especialmente sobre a história do leite e queijos artesanais típicos brasileiros, dentre eles “Leite na Pauliceia”; “Virtuosa missão”; “Uma longa e saborosa viagem”; ”Duas unhas de queijo – a história dos queijos terroir artesanais brasileiros”; “500 anos do leite no Brasil”; “Raízes leiteiras do Brasil” e “Imprensa rural no Brasil”.

Todas essas obras se baseiam em extensas pesquisas e entrevistas com queijeiros artesanais e especialistas. Muito bem recebidos, seus livros trazem a lume histórias, conhecimentos, curiosidades, aspectos culturais praticamente desconhecidos da vida rural e fotos interessantes relacionadas a leite e queijos, que vêm dos tempos do Brasil Colônia.

No conjunto de sua obra, há um importantíssimo resgate histórico-cultural dessa faceta do rural/agro, a cadeia do leite, que hoje é um pujante setor da economia, inclusive a vertente dos queijos artesanais em seus variados “terroirs” das diferentes regiões onde são produzidos.

Raízes da cultura dos queijos artesanais – Esse pioneirismo dos livros de João Castanho torna-se muito relevante sobretudo porque nos últimos anos nossos queijos artesanais, por suas qualidades e particularidades, ganharam o mercado nacional e internacional conquistando muitos apreciadores.

Seus livros sobre nossos queijos são referências para os produtores artesanais que desejam conhecer a história que vem de longe no “fazer” de seus produtos. Ou seja, são de leitura indispensável para quem atua nesse universo de queijos artesanais.

Uma dessas obras bastante interessante é “Duas Unhas de Queijo – a história dos queijos terroir artesanais brasileiros”, publicado pela Editora Barleus, em 2016. O livro fala da produção de queijos artesanais de leite cru no País e de quem está por trás das tradições familiares, de geração a geração, em regiões como as mineiras serras da Canastra e do Salitre, e a Ilha do Marajó (PA).

Queijos artesanais de leite cru originados em negócios familiares com receitas passadas de geração em geração em determinadas regiões do País são o mote desse livro.

Para escrever “Uma longa e deliciosa viagem”, publicada pela Editora Barleus, em 2010, João Castanho Dias pesquisou na literatura dos primeiros cronistas do País como Gabriel Soares de Souza, Rocha Pita, Saint Hilaire, Richard Burton, John Mawe, Spix e Martius, J.B. Debret e outros. A obra ilustrada conta a história do queijo no Brasil desde a primeira queijaria fundada em 1581, na Bahia.

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