MERCADO

Rafael Ribeiro

Zootecnista, msc. Scot Consultoriaa

Falta de chuvas e atrasos na semeadura da SAFRA DE VERÃO 2020/21

Os volumes de chuvas em setembro e nas primeiras semanas de outubro ficaram abaixo da média histórica para esse período. Esses atrasos e irregularidades nas precipitações têm prejudicado o avanço da semeadura da safra brasileira de grãos e gerado especulações acerca da produção e da janela de plantio da segunda safra ou safra de inverno (primeiro semestre do ano que vem).

Em Mato Grosso, segundo informações do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), 8,2% da área prevista com soja no ciclo atual foi semeada até o dia 16/10. Os trabalhos estão atrasados, frente aos 41,8% semeados em igual período da safra passada e 32,8% na média das cinco últimas temporadas.

No Paraná, 86% da área de milho de verão e 32% da área de soja foram semeadas até o dia 19/10, frente aos 88% da área de milho e 45% da área de soja semeadas até igual período na safra anterior, de acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral).

Já no Rio Grande do Sul, 66% do milho foi semeado até o dia 15/10, frente aos 63% semeados até igual momento da safra passada e 60% na média das cinco últimas temporadas. Com relação à soja, o plantio atingiu 4% no Estado, frente aos 3% do ano passado e 4% na média das cinco últimas temporadas. No Estado, a situação do plantio está mais dentro da normalidade, em função das chuvas mais regulares, especialmente nas regiões leste, sudoeste e sudeste.

Aumento na área de soja no Brasil em 2020/21

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou no dia 8 de outubro o primeiro levantamento de acompanhamento da safra brasileira de grãos 2020/21, em fase de semeadura no País.

Com relação à soja, a expectativa é de aumento de 2,5% na área plantada no País na temporada atual, frente a 2019/20. O aumento é devido à alta nos preços do grão no mercado interno e aos bons resultados no ciclo recém- encerrado.

A produtividade média deverá crescer 4,4% na temporada que está começando em relação à safra passada.

Com isso, a produção foi estimada em 133,67 milhões de toneladas de soja em 2020/21, 7,1% mais que os 124,84 milhões de toneladas de 2019/20.

Para o milho de primeira safra (safra de verão), apesar do aumento previsto na área com a cultura no Rio Grande do Sul (+2,1%), Paraná (+2,2%) e Minas Gerais (+4,1%), a área deverá ser menor em Goiás (-28,6%) e Piauí (-8,2%) em relação à safra passada.

Assim, a expectativa é de redução de 1,1% na área plantada com milho na primeira safra no País no ciclo atual.

Ainda segundo a Conab, a produtividade média das lavouras de milho deverá aumentar 5,3% nesta safra. Dessa forma, 26,76 milhões de toneladas de milho estão previstas na primeira safra ou safra de verão (2020/21), 4,2% mais que o colhido no ciclo passado.

Em função de atrasos e volumes menores de chuvas registrados até então, em relação à média histórica, as produtividades médias das lavouras poderão ser revisadas para baixo, dependendo de como as chuvas evoluírem nas próximas semanas.

Avança a colheita de soja e milho nos EUA

A colheita da soja e do milho está em andamento nos Estados Unidos (safra 2020/21). Segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), até o dia 18/10, 60% da área semeada com milho foi colhida no país. Os trabalhos estão adiantados em relação à safra passada, quando em igual período 28% da área com milho já havia sido colhida. O ritmo está próximo da média das últimas cinco temporadas, que é de 43% da área de milho colhida até o fim de setembro.

Os Estados deverão colher 373,95 milhões de toneladas no ciclo atual, frente aos 378,47 milhões de toneladas estimadas anteriormente. As revisões foram feitas devido ao clima adverso no país (tempestades) em meados de agosto, que causaram prejuízos às lavouras nas regiões atingidas. Apesar das revisões para baixo, a produção deverá ser maior que os 345,89 milhões de toneladas de milho da safra passada (2019/20).

No caso da soja, 75% da área foi colhida nos Estados Unidos, frente aos 40% colhidos neste mesmo momento da safra passada e 58% nas médias das cinco últimas temporadas.

A produção nos Estados Unidos foi estimada em 116,15 milhões de toneladas no ciclo atual (2020/21), frente aos 117,38 milhões de toneladas estimadas no relatório anterior, divulgado em agosto.

Assim como no milho, mesmo com as revisões, o volume deverá ser maior que os 96,68 milhões de toneladas de soja colhidas na temporada passada (2019/20).

Farelo de soja está custando mais

A baixa disponibilidade interna e a demanda aquecida dão sustentação aos preços do farelo de soja no mercado brasileiro. No mais, o dólar em alta e as valorizações da soja em grão colaboram com as altas nas cotações, em reais.

Segundo levantamento da Scot Consultoria, em outubro, a tonelada do alimento concentrado ficou cotada, em média, a R$ 2.336,83 em São Paulo, sem o frete.

O aumento foi de 10,7% em relação a setembro deste ano e, na comparação com outubro do ano passado, o farelo está custando 77,6% mais neste ano.

Em curto prazo, considerando a baixa disponibilidade de farelo de soja no mercado interno, a expectativa é de preços firmes e altas não estão descartadas, a depender do dólar.

Por fim, atenção à situação da colheita da soja nos Estados Unidos (2020/21), em andamento, já que a maior oferta pode pressionar para baixo as cotações nos Estados Unidos, aumentando a competitividade da soja norte-americana em relação à soja brasileira no mercado internacional.

Milho cotado acima de r$ 70,00 por saca em Campinas (SP)

Os preços do milho seguiram em alta no mercado brasileiro em outubro, com o dólar valorizado, as exportações em bons volumes e a demanda interna firme.

Segundo levantamento da Scot Consultoria, na região de Campinas (SP), a saca de 60 quilos está cotada em R$ 73,00, sem o frete (20/10).

O aumento foi de 9,7% no acumulado de outubro e, em relação a outubro do ano passado, o milho está custando 70,9% mais este ano.

Em curto prazo, a expectativa é de preços firmes para o cereal no mercado brasileiro, mas atenção ao câmbio e ao avanço da colheita nos Estados Unidos.

Outro ponto importante é a suspensão da Tarifa Externa Comum (TEC) para que o Brasil importe milho e soja de países de fora do Mercosul, que pode diminuir a pressão de alta sobre as cotações no mercado brasileiro.

Alta no preço do farelo de algodão

Os preços do farelo de algodão 28 (com 28% de proteína bruta) subiram acompanhando as altas na cotação do farelo de soja e com a maior demanda pelo insumo.

Segundo levantamento da Scot Consultoria, a tonelada do farelo de algodão 28 ficou cotada, em média, em R$ 1.298,11 em outubro em São Paulo, sem o frete.

Houve alta de 8,7% na comparação mensal e, na comparação com outubro do ano passado, o farelo está custando 63,7% mais este ano.

Para o curto prazo a expectativa é de preços firmes para os farelos no mercado interno.

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