A fotossensibilização é conhecida popularmente como sapeca ou requeima. É causada por um fungo, que se prolifera em ervas daninhas de forrageiras, especialmente em pastagens de Brachiaria decumbens, mas outras espécies como Brachiaria sp, como a Brizantha, podem ocasionar a doença. Definida como uma dermatite, é causada por uma resposta exagerada da sensibilidade da pele dos animais a raios solares. No Brasil, geralmente é observada em bovinos na idade que vai da desmama até os dois anos, em média, assim como em bovinos adultos. Animais de pele clara, sem pigmentação, têm disposição a desenvolver a fotossensibilização.
A fotossensibilização é descrita como primária e secundária. Para a primária, a planta possui um pigmento que é absorvido pelo intestino do bovino, atravessa a barreira do fígado e cai na circulação sanguínea, se encaminhando para a pele.
A secundária é conhecida como a forma hepática (fígado) e é a de maior ocorrência. Acontece quando há ingestão de substâncias tóxicas responsáveis por lesões no fígado, causando dificuldade em filtrar e desintoxicar o organismo dos animais. Com a falta de eliminação dessas substâncias, elas se acumulam na pele e, em contato com o sol, geram a fotossensibilização.
Em um rebanho, o número de animais afetado é variável, podendo ser observados poucos ou em quase a totalidade. A mortalidade é baixa, no entanto, em casos de surtos, perdas significativas ocorrem. Normalmente, casos de fotossensibilidade são esporádicos.
Pastos de B. decumbens aos quais bovinos não têm acesso por longos períodos são causas de fotossensibilidade, podendo causar sérios problemas em animais de qualquer idade, inclusive casos de mortalidade. Importante destacar que a ocorrência da doença no fim da estação seca é grave, tornando- se crítica nas primeiras chuvas, juntamente com o início da brotação da pastagem no solo.
Sintomas da doença – A fotossensibilidade é caracterizada por feridas na pele, inchaço da face, conjuntivite, inquietação ou apatia, desidratação, falta de apetite, perda de peso, aumento do volume de urina e enrugamento, com formação de crostas em muitas extensões da pele.
O diagnóstico deve ser feito por um médico veterinário, por meio de sinais clínicos, detecção de fototoxinas, biópsia de pele e fígado e necropsia.
Após se identificar a fotossensibilização, a primeira ação deve ser a retirada dos animais da pastagem de braquiária e da exposição ao sol, encaminhando os animais a ambiente bem sombreado, uma vez que não há tratamento específico para a intoxicação.
Substâncias protetoras do fígado devem ser utilizadas em conjunto com a administração de vitamina A, buscando estimular a renovação da pele e dos pelos, associada ainda a corticoides, pomadas com ação cicatrizante e protetores solares em regiões muito afetadas pela doença. Antibióticos podem ser utilizados em casos de lesões cutâneas graves, a fim de evitar infecções secundárias de bactérias.
Os tratamentos são eficientes na cura da doença, no entanto é preciso que haja intervenção rápida no início dos sinais clínicos, não permitindo que a doença evolua para quadros graves.
A prevenção da doença se baseia na não utilização de braquiária, especialmente, a B. decumbens para nutrição de bovinos jovens; em não desmamar bezerros em Brachiaria decumbens e variar as plantas no desenvolvimento das pastagens (no original, são listadas algumas referências bibliográficas. Os interessados podem entrar contato com a Balde Branco).
*Gisele Dela Ricci é Zootecnista, mestra, doutora e pós-doutoranda pela USP. Atua no laboratório de Etologia, bioclimatologia e nutrição de animais de produção (bovinos, suínos e ovinos)
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