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MERCADO

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Rafael Ribeiro

zootecnista, msc. Scot Consultoria

INCERTEZAS QUANTO À DEMANDA PRESSIONAM AS COTAÇÕES DO MILHO

   Os preços do milho caíram no mercado interno em abril em razão das incertezas com relação à demanda e, por ora, boas expectativas para a segunda safra, cuja colheita ganha força em junho no país. Segundo levantamento da Scot Consultora, a saca de 60 quilos ficou cotada em R$ 54,00, sem o frete, na região de Campinas (SP), frente a negócios em até R$ 62,00/saca no início do mês.

   Apesar da queda, o milho está custando 43,4% mais em relação a abril do ano passado. Para o curto e o médio prazos, o viés é de baixa no mercado interno e de oportunidades de compra do cereal pelo pecuarista. No entanto, é importante destacar que a oferta de milho neste momento não é abundante e, em uma situação de clima adverso e prejuízos às lavouras de segunda safra (em desenvolvimento no país), existe espaço para as cotações voltarem a se firmar até a colheita da segunda safra ganhar força, a partir de junho.

CONAB REVISOU PARA BAIXO A PRODUÇÃO DE SOJA E AUMENTOU A DE MILHO DE SEGUNDA SAFRA EM 2019/20

   A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou no dia 9 de abril o sétimo relatório de acompanhamento da safra brasileira de grãos (2019/2020).

   Com relação à soja, houve revisão para baixo na produtividade média, de 1,8%, em relação ao relatório anterior, de março, em decorrência do clima adverso, em especial no Rio Grande do Sul. A área com a cultura teve ligeiro incremento no país (+0,1%) frente à estimativa passada.

   Com isso, são esperados 122,06 milhões de toneladas de soja em 2019/2020, 1,7% menos frente aos 124,20 milhões de toneladas estimadas em março para o ciclo atual. A colheita (2019/2020) está na reta final.

   Apesar da revisão para baixo, o volume esperado é 6,1% maior que os 115,03 milhões de toneladas colhidas na safra passada (2018/2019).

    Com relação ao milho de primeira safra (verão), houve revisão para baixo na área semeada (-0,3%) e na produtividade média das lavouras (-0,8%), em relação ao relatório de março. A produção prevista na safra de verão é 1,1% menor em relação à estimativa anterior e 1,5% menor que o colhido no ciclo passado (2018/2019).

   A colheita do milho de verão está concluída no Brasil e as revisões foram em função, principalmente, da falta de chuvas e do calor intenso nos primeiros meses deste ano no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.

   No caso da segunda safra, a área de milho foi revisada para cima (+2,4%) frente à estimativa de março, assim como a produtividade média (+0,4%). Com isso, a produção estimada para a safra de inverno aumentou 2,8% na comparação com a previsão anterior. Já na comparação com a safra passada, o volume deverá crescer 3,1%, segundo a Conab.

   No total, o país deverá colher 101,87 milhões de toneladas de milho em 2019/2020, frente aos 100,08 milhões de toneladas estimadas anteriormente e aos 100,04 milhões de toneladas colhidas em 2018/2019. Se confirmada, a produção total de milho será recorde.

   Com relação à demanda pelo cereal no mercado interno, por ora, foram mantidos os 70,45 milhões de toneladas previstas para este ano, mas houve revisão para cima das exportações, que passaram de 34 milhões de toneladas para 34,5 milhões de toneladas de milho no ciclo atual. O aumento da produção, maior que o ajuste do lado da demanda, fez com que os estoques finais fossem revisados para cima.

   A Conab prevê 9,32 milhões de toneladas de milho ao fim de 2019/2020, frente aos 8,03 milhões de toneladas previstas anteriormente para o ciclo. Para uma comparação, em 2018/2019 os estoques finais foram de 11,4 milhões e toneladas e em 2017/2018, de 16,18 milhões de toneladas.

LEITE: QUEDA NO MERCADO SPOT EM ABRIL

   Em abril, os preços do leite caíram no mercado spot, que se refere à comercialização entre os laticínios. Com a demanda fraca na ponta final, a maior oferta de matéria-prima (leite cru), principalmente por parte dos “queijeiros”, pressionou as cotações para baixo.

   Segundo levantamento da Scot Consultoria, em São Paulo, o recuo foi de 8% na primeira quinzena de abril, frente ao fechamento de março. Em Minas Gerais, o leite spot caiu 6% e em Goiás a queda foi de 2,5%. No Sul, as quedas foram de 7% e 7,9%, respectivamente, no Paraná e Rio Grande do Sul, no período analisado.

   Uma parte da matéria-prima que seria utilizada para a fabricação de queijo tem sido direcionada para a produção de leite longa vida (UHT) e leite em pó. A maior oferta tem pressionado para baixo as cotações desses produtos no atacado.

COMEÇOU A SEMEADURA DO MILHO (2020/21) NOS ESTADOS UNIDOS

   De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), até o dia 12 de abril, 3% da área prevista com milho no país na temporada atual (2020/21) foi semeada. Os trabalhos estão no mesmo ritmo verificado no início do plantio nos Estados Unidos na safra passada (2019/20) e ligeiramente abaixo da média dos últimos cinco ciclos, que é de 4% da área de milho semeada até então.

   Com relação à soja, o plantio da safra norte-americana ganha força mais para o fim do mês. O USDA divulgou no dia 31 de março as primeiras estimativas oficiais referentes às áreas plantadas com milho e soja nos Estados Unidos na temporada 2020/21. A expectativa é de que sejam plantados 39,25 milhões de hectares com milho no ciclo atual. Em relação à safra passada, o incremento previsto é de 8,1%.

   No caso da soja, a área estimada é de 33,79 milhões de hectares em 2020/21, frente aos 30,79 milhões de hectares plantados na safra passada (2019/20), um aumento de 9,7%. Lembrando que em 2019/20 o clima adverso nos Estados Unidos prejudicou os trabalhos durante as primeiras semanas de semeadura e, com isso, algumas áreas previstas com soja acabaram não sendo semeadas com a cultura.

   Diante da situação atual de queda no preço do petróleo no mercado mundial e pressão sobre as cotações do etanol no mercado norte-americano, a área de milho poderá ser revisada para baixo nos próximos relatórios.

Câmbio e exportações mantêm firmes as cotações da soja grão e do farelo de soja

   De acordo com a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o Brasil exportou 11,64 milhões de toneladas de soja em grão em março deste ano. O volume foi recorde para o mês de março e foi o segundo maior volume mensal embarcado, atrás apenas dos 12,35 milhões de toneladas exportadas em maio de 2018.

   A média diária exportada ficou em 529,28 mil toneladas, 86,2% mais que a média de fevereiro último e 18,9% mais em relação a março do ano passado. No acumulado do primeiro trimestre de 2020, o país exportou 18,25 milhões de toneladas de soja em grão, 5,3% mais na comparação com igual período de 2019.

   Em abril, até a terceira semana, a média diária embarcada foi de 739,32 mil toneladas, 65,2% acima da média de abril de 2019. Destacamos o ritmo aquecido de compras da China este ano, mesmo em meio a pandemia de coronavírus e incertezas geradas. Lembrando que a movimentação de carga para dentro e fora do Brasil foi decretada como uma atividade essencial e os portos nacionais têm funcionado normalmente até então.

   Com relação aos preços, além da demanda firme para exportação, o câmbio valorizado tem dado sustentação aos preços do grão, em reais. Segundo levantamento da Scot Consultoria, em Paranaguá (PR), a saca de 60 quilos ficou cotada em R$ 100,00 (20/4), alta de 14,1% no acumulado deste ano e 28,3% acima do registrado em igual  período do ano passado.

   No caso do farelo de soja, as cotações acompanharam o movimento de alta do grão. Em São Paulo, a tonelada foi comercializada entre R$ 1.550,00 e R$ 1.700,00, sem o frete, em abril, frente a negócios em até R$ 1.100,00 por tonelada neste mesmo período do ano passado.

Aumento da oferta e demanda fraca pressionam cotações dos lácteos no atacado

   Os preços dos lácteos no mercado atacadista recuaram na primeira quinzena de abril. Considerando a média de todos os produtos pesquisados pela Scot Consultoria, a queda foi de 0,2% frente à segunda metade de março. O leite longa vida (UHT) foi o produto com a maior desvalorização, de 4,6% na primeira metade deste mês. Com um maior impacto na cadeia produtiva do queijo devido ao fechamento de restaurantes e redes de food service, houve uma maior destinação do leite captado pelas indústrias para produção do leite UHT.

   Além disso, os varejistas trabalhando com estoques regulados e um consumo mais comedido pela população, passado o movimento de “corrida” aos supermercados para estocagem, contribuíram para o cenário de baixa. Para maio, a incerteza quanto ao consumo persiste em função do período de quarentena, o que mantém o viés de baixa, principalmente para os produtos de maior valor agregado.

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