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TENDÊNCIAS

Pedro Braga Arcuri

Pesquisador da Embrapa Gado de Leite

  Dentre as gorduras, médicos e nutricionistas indicam que as gorduras vegetais e a manteiga são as que maiores benefícios trazem. Essa é uma das razões pelas quais a manteiga está valorizada no mercado interno e no comércio global”

Leite nas escolas, manejo do rebanho e pesquisa

Nossa dinâmica ministra da Agricultura, Tereza Cristina, participou de uma “live” nas redes sociais com o ministro Paulo Guedes, da Economia, em evento promovido pela deputada pelo Paraná, Aline Sleutjes, da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), dia 10 de agosto passado. Nas suas próprias palavras, como divulgado na mídia eletrônica: “Temos que colocar mais leite na merenda escolar. Isso pode ajudar muito (o setor leiteiro), além de ser um produto saudável para as crianças”, disse, e continuou: “Precisamos verificar alguns programas, como o Plano Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), para pôr mais leite nas escolas”.


A sugestão da ministra coincide com os comentários desta coluna no mês passado, no sentido de não apenas promover um mercado estratégico para a cadeia do leite, aumentando o consumo interno, mas também promover o enriquecimento em nutrientes da alimentação escolar, contribuindo para a formação dos cérebros das pessoas que vão trabalhar e comandar o Brasil dentro de alguns anos. Isso fica demonstrado cada vez mais claramente pela ciência. Entretanto, para a maioria da população brasileira, que hoje habita as cidades, essa é uma informação que ainda não foi transformada em hábito regular. Dentre as gorduras, médicos e nutricionistas indicam que as gorduras vegetais e a manteiga são as que maiores benefícios trazem. Essa é uma das razões pelas quais a manteiga está valorizada no mercado interno e no comércio global.


E por que a gordura do leite, especificamente? Porque a sua composição é o somatório de vários tipos de substâncias que, na química, são denominados ácidos graxos, ou seja, não é um tipo somente, são centenas de tipos diferentes encontrados no leite. Alguns já demonstraram ser benéficos para a saúde humana, associados tanto à redução do “colesterol ruim” (LDL) quanto ao aumento do “colesterol bom” (HDL). Outro exemplo conhecido entre os especialistas como CLA tem papel importante na prevenção de doenças cardiovasculares em seres humanos. E mais: outras gorduras promovem sabor agradável aos alimentos.


Vêm daí, então, duas tendências importantes para os produtores que se preocupam em adotar práticas no manejo do seu rebanho que tragam como resultado a produtividade das vacas e a produção de leite que atenda às demandas do consumidor.


A primeira é valorizar cruzamentos que aumentem o teor de sólidos no leite. A segunda é garantir a saúde do trato digestivo dos animais. Hoje, sabemos que rúmen e intestinos são a base para a saúde e a produtividade do rebanho, em qualquer categoria. No rúmen, uma pequena parte da infinidade de microrganismos é responsável pela transformação de tipos de gorduras do alimento nas gorduras componentes do leite, em especial no aumento significativo do CLA.


No intestino é encontrado o maior número de células responsáveis pela defesa contra doenças e intoxicações. Por isso, atualmente várias pesquisas são feitas, e são ofertados no mercado diversos produtos que visam ao bom funcionamento do trato gastrointestinal para garantir o desempenho produtivo. Mas muita pesquisa ainda é necessária para otimizarmos alimentos tropicais, raças e ambiente para a produção de leite nas condições brasileiras, e atender às exigências por nutrientes dos consumidores.


É, portanto, necessária a associação entre políticas públicas promotoras do consumo do leite, entrega de soluções tecnológicas adequadas para os produtores e a produção sustentável de leite de qualidade por produtores organizados, para assegurar que o setor abasteça o Brasil e exporte lácteos com valor agregado.

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