Em 2017 haverá uma maior oferta de leite no país, mantendo os preços, mas sem grande recuperação no Exterior, segundo Andrés Padilha, do Rabobank
Por Luiz H. Pitombo
De origem colombiana, Andrés Padilla é analista sênior do Rabobank Brasil e trabalha no desenvolvimento de estudos e pesquisas nesta área e na de bebidas. A entidade financeira, criada na Holanda, tem como um de seus principais focos o agronegócio e atua em toda a cadeia produtiva, da fazenda até o consumidor.
Nesta entrevista exclusiva à Balde Branco, ele fala sobre as tendências do mercado de lácteos no Brasil para este segundo semestre, quando aponta a perspectiva de manutenção de patamares elevados de preços ao produtor com ganhos na recomposição de sua renda. Para 2017, diz que é possível que haja a manutenção dos valores em níveis até um pouco maiores que os deste ano.
Balde Branco – No ano passado, a produção de leite no Brasil apresentou uma queda depois de muitos anos e neste primeiro semestre o movimento persiste. O que pode acontecer com o setor até o final do ano?
Andrés Padilla – No ano passado trabalhamos com uma redução na produção de leite no País de 2,8% e em cima disso achamos que a queda neste ano deva ser maior e atingir a 3,5%, ou, seja, ficar em 32,97 bilhões de litros de leite. Já para o primeiro semestre se estima um bom recuo e não consideramos que possa ocorrer uma recuperação expressiva no restante do ano. A situação, que já estava difícil com as margens bem apertadas em 2015, com o produtor pisando no freio, este ano começou com os custos da alimentação do rebanho aumentando.
BB – Regionalmente, dados do IBGE referentes ao primeiro trimestre do ano, mostram quedas na região Nordeste de 11% sobre 2015, de 7% no Centro Oeste, 4% na Sul e 2% na Sudeste. A única região que apresentou algum crescimento foi a Norte, com 1%. O que lhe chama a atenção nesses números?
AP – Embora tenha havido crescimento na região Norte, lá a população e os volumes de leite são pequenos. O que vejo é que a Sul, que vinha crescendo bastante e ganhando espaço em sua participação, nos últimos meses deixou de ser tão dinâmica como antes.
BB – Como se justifica a forte evolução dos preços ao produtor, uma vez que a economia está em retração? Os valores não foram suficientes para recuperar as margens do produtor e estimular a oferta?
AP – A questão básica é que a produção caiu muito e as indústrias precisam de matéria-prima para trabalhar, uma vez que o consumo não se reduziu tanto assim. Estimamos que este fique perto de 2% menor que 2015 em equivalente-leite para uma redução na oferta de 3,5%. Quanto à situação dos produtores, é difícil generalizar, pois a realidade dos pequenos é diferente dos grandes produtores, que têm um preço diferenciado e margem melhor. Mas, na média, acreditamos que a situação esteja mais favorável aos produtores, embora ainda se encontrem numa fase de recomposição de caixa, que foi perdida nos últimos seis ou doze meses.
Leia a íntegra desta entrevista na edição Balde Branco 622, de agosto 2016