balde branco

O índice mostra que não é o tamanho, a raça ou o sistema de produção que determinam
 o alto desempenho na atividade, mas a gestão eficiente

eficiência

llLB + pecuária 4.0
Um caminho para a produtividade e a
rentabilidade

O índice, atualizado trimestralmente, oferece um benchmarking rápido e efetivo das propriedades, que torna possível “diagnosticar” o desempenho e a evolução do setor

Heloise Duarte

Vivemos em um tempo no qual a quantidade de informações disponíveis aumenta vertiginosamente. E, com isso, o desafio de fazer com que as informações tenham valor real para as pessoas, que têm papel fundamental na quarta revolução industrial, que, em nosso caso, é a Pecuária 4.0, a era digital na produção animal.

Fazer com que os dados acumulados diariamente nas fazendas leiteiras sejam processados e analisados de forma mais efetiva sempre foi um ponto chave para o sucesso de qualquer iniciativa de informatização. Enriquecer ainda mais a informação gerada, usando-a não só para a tomada de decisões “dentro da porteira”, mas também como um balizador de desempenho em relação às demais, seria a “cereja do bolo”.

Trabalhando há longa data nesse segmento – soluções informatizadas para a gestão de empresas rurais –, sempre procuramos oferecer, além das ferramentas necessárias para a gestão operacional das atividades, mecanismos para que os usuários pudessem usufruir de benchmarking. No entanto, percebemos que a utilização desses mecanismos era bastante pontual.

Pensamos então que um caminho viável para agregar valor às informações acumuladas seria organizar os dados e entregar as análises prontas, para que os produtores e técnicos criassem o hábito de acompanhar e comparar seu desempenho.

Foi assim que surgiu o IILB (Índice Ideagri do Leite Brasileiro). Fundamentado em um volume significativo de fazendas, amplamente distribuídas pelo País, e em dados coletados por meio de um sistema altamente confiável (software de gestão Ideagri), o IILB é um indicador unificado, uma nota de 0 a 10, calculado com base em vários parâmetros produtivos, reprodutivos e sanitários, com limites personalizados por perfis de rebanho, que permite ranquear todas as fazendas consideradas dentro de uma mesma base comparativa.

Para a formação da nota global, o IILB propriamente dito, selecionamos 12 indicadores (ilustrados na figura 1) que são básicos na gestão de qualquer fazenda leiteira e “contam” a história da fêmea desde seu nascimento, passando por sua vida produtiva e reprodutiva até a saída da fazenda, além de indicadores gerais do rebanho.

Além de entregar aos clientes do Ideagri um benchmarking rápido e efetivo de suas propriedades por intermédio do IILB, que é atualizado a cada trimestre e tem divulgação aberta, é possível “diagnosticar” o desempenho e a evolução do setor. Conseguimos produzir números relevantes para diversos indicadores, baseados na realidade brasileira de fazendas tecnificadas, para qualquer pessoa interessada.

Na tabela 1, é possível visualizar a evolução das notas, da quantidade de fazendas e matrizes e da produção de leite diária e anual, contempladas ao longo das quatro edições disponíveis.

Para que as fazendas participem, aplicamos rigorosos critérios de seleção sobre os dados da plataforma web do sistema de gestão Ideagri. Consideramos os rebanhos com dados lançados de forma contínua e ratificada. Trabalhamos essas informações de forma genérica (todos os rebanhos têm o mesmo peso nos cálculos da média, independentemente do porte) e sigilosa, sem referência ou identificação individual de fazendas. Percebemos que, ao longo do tempo, inclusive por desejo de conhecerem sua nota IILB, as fazendas têm se empenhado em aprimorar os lançamentos de dados, o que se reflete no volume crescente de fazendas qualificadas. Ainda assim, há muito espaço para melhorar – do total de fazendas leiteiras usuárias do Ideagri, 23% se qualificaram para a última edição.

 As fazendas contempladas podem variar de edição para edição, assim, em função da diferença da produção total e média, mesmo com menos rebanhos, a produção de leite pode ser maior em algumas análises.

Além da pontuação geral, oferecemos também as médias brasileiras para diversos indicadores, tais como taxa de sobrevivência de fêmeas até os 12 meses de idade; idade ao primeiro serviço; taxa de concepção de novilhas; idade ao primeiro parto; taxa de prenhez de vacas; taxa de mortalidade de vacas; percentual de vacas em lactação em relação ao total de vacas; produção nas lactações; produção média; dias em lactação média, dentre outros.

Todas as edições já realizadas podem ser acessadas na plataforma www.iilb.com.br, gratuitamente. Além das pontuações gerais, por perfil racial do rebanho e por região e dos resultados dos indicadores, análises complementares são realizadas, e, neste artigo, compilamos os resultados de alguns dos estudos sobre assuntos específicos, produzidos durante o primeiro ano do IILB. Um presente muito especial para quem vive do leite no Brasil.


12 meses – A taxa de sobrevivência até os 12 meses avalia quantas fêmeas nascidas na fazenda chegam vivas a um ano de idade, desconsiderando os descartes voluntários. A informação da sobrevivência é um importante recurso para realizar projeções de rebanho e planejamentos financeiros, bem como avaliar a evolução sanitária do plantel, dentre muitas outras aplicações.

Com base nos resultados da taxa de sobrevivência, vemos um importante potencial de melhoria se comparamos a média geral de todos os rebanhos (86,51% – mortalidade de 13,49%), com os 10% das fazendas com melhor pontuação geral IILB 4 (91,15% – mortalidade de 8,85%).

Para produzir informações mais detalhadas, com o intuito de direcionar as correções necessárias no manejo, nos aprofundamos nas causas da mortalidade das bezerras. Neste processo, um fato que ficou evidente foi que, para a análise qualitativa das causas, uma relevante parcela dos rebanhos não foi considerada devido aos registros inadequados ou incompletos das causas de morte.

Para analisar as dez principais causas (gráfico na próxima página), aplicamos um critério de qualificação à base de fazendas, sendo que só avaliamos as fazendas com pelo menos 70% de causas devidamente informadas, retirando as demais. Do total de rebanhos participantes do IILB 4, apenas 40% puderam integrar a análise qualitativa. 

Deste cenário, um ponto que vale destacar é a necessidade de conscientização de veterinários e produtores sobre os benefícios da identificação das reais causas de morte, por meio da utilização de técnicas específicas, como necrópsias e exames laboratoriais. Isso é essencial, pois permite a criação de estratégias que podem minimizar o risco de recidiva do problema em outros animais do rebanho.

 

Taxa de prenhez de vacas – A Taxa de Prenhez engloba a Taxa de Concepção e a Taxa de Serviço e é um indicador de extrema importância, em função de seu grande impacto econômico para o produtor. Com base nos resultados da taxa de prenhez, diagnosticamos um relevante espaço para aprimoramento se comparamos a média geral dos rebanhos selecionados para a análise detalhada (16,14%) com os 10% das fazendas com melhor pontuação geral IILB 4 (22,84%).

Para identificar o fator de maior influência, avaliamos os índices que compõem a taxa de prenhez separadamente e observamos que as maiores diferenças entre os mais eficientes e os demais estavam na Taxa de Serviço e não na Taxa de Concepção (tabela 2).

Normalmente, atuar na Taxa de Serviço é mais fácil do que atuar na Taxa de Concepção. Melhorar a eficiência de visualização de cios, por exemplo, pode acontecer apenas com a atuação na mão de obra. Como as análises mostraram, há oportunidade para melhorar a Taxa de Prenhez por intermédio da Taxa de Serviço. 

Tamanho da fazenda x eficiência – Muito tem se falado sobre a saída de produtores, especialmente de menor porte, da atividade leiteira. Com o intuito de responder à pergunta “Uma fazenda tem que ser grande para ser eficiente?”, correlacionamos o tamanho da fazenda com sua eficiência. Fizemos uma leitura da relação do porte das fazendas com a nota geral do IILB.

Para a análise, foram definidas quatro faixas de porte das fazendas em função do estoque médio de vacas (em lactação e secas). As faixas e distribuição percentual das fazendas por faixa em relação ao total foram: 

• Até 100 vacas (37% das fazendas);

• De 101 a 200 vacas (33% das fazendas);

• De 201 a 300 vacas (14% das fazendas);

• Acima de 300 vacas (16% das fazendas).

Pela observação dos dados, ficou claro que as fazendas de menor porte apresentam performances comparáveis às de maior porte. Em algumas situações, as fazendas menores podem até mesmo ser mais eficientes do que as maiores (gráfico ao lado).

Pelos números obtidos, podemos dizer que o tamanho do rebanho não está necessariamente relacionado com a eficiência da fazenda. Destacamos que o objetivo da análise não foi negligenciar o fato de a escala de produção ser vantajosa, especialmente em um país como o Brasil, com grandes desafios logísticos e de infraestrutura básica. Ao contrário, os resultados obtidos mostram que, com a eficiência produtiva, reprodutiva, sanitária e econômica na atividade leiteira, o produtor está mais preparado para lidar com os desafios futuros. Seja grande, médio ou pequeno, desde que haja competência na gestão da fazenda, é possível que a produção seja eficiente.

 


Para conferir todos os boletins e informações completas, acesse a plataforma www.iilb.com.br (disponível de forma gratuita para qualquer pessoa interessada nas análises).

*Médica veterinária com aperfeiçoamento em nutrição animal, especialista em gestão agroindustrial, MBA em gestão estratégica do agronegócio e CEO da Ideagri

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