Nutrição adequada e boas condições ambientais contribuem para evitar diversos problemas reprodutivos

PRODUÇÃO

Manejo pré-parto ajuda a combater a

RETENÇÃO DE PLACENTA

Boa nutrição, controle das doenças da reprodução e ambiente confortável estão na base de um bom trabalho preventivo

Luiz H. Pitombo

   Será que existe um nível aceitável de incidência da retenção de placenta no rebanho ou o certo é não ter nada? Especialistas apontam que o ideal seria que não acontecesse, mas que isso é muito difícil. Assim, pode-se considerar como aceitável a ocorrência em 3% a 8% dos partos.

   A retenção de placenta é um problema de origem multifatorial, associada ao balanço energético negativo da vaca e à supressão da imunidade no importante período pré-parto. Ela compromete a fertilidade e a produção do rebanho.

   Animais com grande potencial para produção de leite e com maior número de partos podem ser mais afetados. Alguns estudos mostram uma associação da ocorrência da retenção de placenta em função da raça da vaca. Entretanto, fatores de manejo são os preponderantes.

   “Caso o manejo pré-parto não seja bem feito, esses animais podem entrar em balanço energético negativo ainda antes do parto. Essa mobilização de reservas corporais provoca um efeito negativo sobre a imunidade do animal, favorecendo a retenção de placenta”, explica o médico veterinário Bruno Campos de Carvalho, da Embrapa Gado de Leite, em Juiz de Fora (MG), que atua nas áreas de reprodução e pecuária de precisão.

   A retenção de placenta é diagnosticada visualmente pela não liberação da placenta em até 12 horas após o parto. Sua ocorrência pode chegar a 50% dos casos em que se tem dificuldade de parto e haja necessidade do auxílio do tratador. Em partos gemelares, a retenção também é elevada e, no caso de doenças reprodutivas, é uma consequência dos abortos que aconteceram, indica o médico veterinário.

OS FATORES NUTRICIONAIS

e de ambiente são os principais que surgem associados à retenção de placenta

"A primeira coisa é fazer uma higienização da região perineal da vaca, com água e sabão, e cortar com uma tesoura higienizada a parte da placenta que está exposta"

Bruno Carvalho

   A suplementação de vitamina E e de selênio em níveis adequados no pré-parto estimula a imunidade dos animais e provoca redução na ocorrência do problema.

   Em rebanhos com hipocalcemia subclínica também é relatada maior ocorrência de retenção de placenta, sendo que o uso de dietas aniônicas no pré-parto tem mostrado uma redução de casos, como informa Carvalho. “Isso acontece porque o cálcio atua na contração da musculatura lisa do útero e, com a hipocalcemia, ocorre redução da contratilidade uterina, o que contribui para que a placenta não seja liberada”, justifica.

   Além disso, o cálcio está envolvido em processos intracelulares dos neutrófilos (integrantes do sistema imunológico), de maneira que na hipocalcemia sua atividade é reduzida e afeta a maturação final da placenta, favorecendo sua retenção.

   Quanto às medidas profiláticas, o médico veterinário Bruno Carvalho, da Embrapa Gado de Leite, indica o estabelecimento de um bom manejo pré-parto, com a vaca mantida em adequado escore de condição corporal e recebendo dieta balanceada. “É importante também manter os animais em ambiente confortável, com sombra, cama e água disponível”, destaca.

   Outro aspecto que recomenda é o controle de doenças da reprodução, que igualmente auxilia, ao prevenir a ocorrência de abortos e o nascimento de bezerros natimortos.

É importante monitorar a vaca desde o periparto até o parto para que este ocorra sem problemas

   Não existe um tratamento efetivo para a retenção de placenta. “A primeira coisa a fazer é uma higienização da região perineal da vaca, com água e sabão, e cortar com uma tesoura higienizada a parte da placenta que está exposta”, recomenda. Isso evita a contaminação da placenta e ajuda a reduzir a ocorrência de infecções uterinas, que é o principal problema e para onde evoluem cerca de 50% dos casos. O animal deve, portanto, ser monitorado e, caso apresente febre, que pode ser um sinal de metrite aguda, “deve-se iniciar tratamento com antibiótico, seguindo a recomendação do médico veterinário”, alerta Carvalho.

   Segundo o veterinário da Embrapa, não existe a recomendação de descarte de animais pela retenção de placenta. “Ela é a manifestação de algum problema, como doenças reprodutivas ou falhas no manejo pré-parto que podem ser corrigidas”, indica.

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