O mercado do grão continua firme e os preços continuam em alta no País em abril. As preocupações com relação à segunda safra do cereal, com uma parcela da área semeada fora da janela ideal de plantio, o dólar em patamar elevado e o vendedor mais retraído nas ofertas seguem como principais fatores de sustentação das cotações, em reais.
Segundo levantamento da Scot Consultoria, na região de Campinas (SP), a referência ficou em R$ 101,00 por saca de 60 quilos no dia 22 de abril, maior valor real (corrigido pela inflação) desde o início da série, em 2000. Na comparação com março deste ano, houve alta de 5,9% e, em relação a abril do ano passado, o milho está custando 84% mais.
Para o curto e o médio prazos, a expectativa é de preços firmes para o milho no mercado brasileiro, diante da baixa disponibilidade interna, que deverá persistir até o início da colheita da segunda safra no País, em junho/julho.
Os preços da soja em grão se firmaram no mercado interno em abril, mesmo com a colheita em andamento e na reta final em algumas regiões. A sustentação vem da boa demanda pela soja brasileira para exportação e das incertezas com relação à safra norte-americana por causa do clima adverso por lá.
O plantio ganha força em maio nos Estados Unidos e, da mesma forma que o milho, o clima frio em importantes regiões produtoras tem preocupado e dado sustentação aos preços da soja na Bolsa de Chicago (CBOT). Com relação às exportações brasileiras, a média diária embarcada aumentou 18,9% em março deste ano, na comparação anual e, em abril, até a terceira semana, a média diária foi 29,9% maior na comparação com abril de 2020 (dados da Secretaria de Comércio Exterior, a Secex).
Diante do exposto, no Porto de Paranaguá (PR), a referência para a soja em grão fechou a R$ 178,00 por saca de 60 quilos (22/4), 78% acima do registrado em igual período do ano passado. Para o curto e o médio prazos (fim de abril/maio), a expectativa ainda é de boa movimentação para as exportações brasileiras, o que deverá colaborar com preços firmes para a soja no mercado brasileiro se o câmbio seguir mais firme. Por outro lado, se o dólar recuar, os preços da soja em grão tendem a cair em reais.
Com relação ao farelo de soja, as cotações seguiram mais frouxas em abril, devido ao aumento da oferta, com o incremento nos esmagamentos. Em São Paulo, segundo levantamento da Scot Consultoria, o preço médio do farelo de soja ficou em R$ 2.586,32 por tonelada em abril, sem o frete.
Os preços dos adubos subiram em abril. Além da boa movimentação no mercado interno, o dólar valorizado frente ao real e os aumentos nos preços dos fertilizantes no mercado internacional têm colaborado com altas nas cotações. Segundo levantamento da Scot Consultoria, as cotações dos adubos nitrogenados subiram, em média, 4,2% em relação ao fechamento de março desse ano.
Para os fertilizantes potássicos e fosfatados, os aumentos foram, respectivamente, de 11,6% e 8,4% no mesmo período. Pegando como exemplo a ureia, a referência ficou em R$ 3.039,43 por tonelada em São Paulo, alta de 57,6% desde o início deste ano. Na comparação anual, o adubo nitrogenado está custando 77,1% mais este ano.
Em curto e médio prazos, a demanda interna por fertilizantes deverá seguir firme, com as compras para as culturas de inverno (safra 2020/21) e para a próxima safra (2021/22). Com isso, os preços do insumo deverão seguir firmes no mercado brasileiro nos próximos meses.
Com relação às entregas de fertilizantes no Brasil, a Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda) divulgou recentemente os dados de novembro do ano passado. Naquela oportunidade foram entregues 3,56 milhões de toneladas de adubos no País, volume 12,9% maior na comparação com igual mês do ano anterior.
No acumulado de janeiro a novembro de 2020, as entregas totalizaram 37,06 milhões de toneladas de fertilizantes no País, 10,3% mais que o entregue em igual período de 2019. O volume entregue de janeiro a novembro do ano passado superou o recorde, que foi em 2019, quando foram entregues 36,24 milhões de toneladas de adubos no acumulado do ano. Para 2020, a Scot Consultoria estima um volume entre 39,5 milhões e 40 milhões de toneladas entregues. Para 2021, as expectativas são de 41 milhões de toneladas de fertilizantes entregues no Brasil.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou no dia 8 de abril seu sétimo levantamento de acompanhamento da safra brasileira de grãos 2020/21. Com relação à soja, a área semeada na safra atual foi praticamente mantida (+0,02%) e a produtividade média foi revisada ligeiramente para cima, em 0,3%, frente ao relatório anterior, de março deste ano.
Com isso, a produção foi estimada em 135,54 milhões de toneladas no País nesta temporada, em fase de colheita. O volume é 0,3% maior que o previsto anteriormente e 8,6% maior que os 124,84 milhões de toneladas de soja colhidas na safra passada (2019/20).
Para o milho de primeira safra (safra de verão), em fase de colheita, houve revisão para cima na área semeada (+1,5%) e na produtividade média (+2,9%), frente ao relatório anterior. Está prevista a colheita de 24,51 milhões de toneladas do cereal na primeira safra 2020/21, volume 4,4% maior que o estimado no relatório de março para este ciclo, mas ainda 4,6% menor que o colhido na safra passada (2019/20).
Com relação ao milho de segunda safra (safra de inverno), a área foi revisada para cima (+1,1%) em relação à previsão anterior, mas a produtividade média das lavouras foi revisada para baixo (-1,3%). Com isso, o volume previsto na segunda safra do ciclo 2020/21, de 82,61 milhões de toneladas, é 0,2% menor que o estimado anteriormente. No entanto, deverá crescer 10,1% na comparação com o colhido na safra de inverno passada (2019/20).
No total (1ª, 2ª e 3ª safras), o País deverá colher 108,96 milhões de toneladas de milho na safra atual, 0,8% mais que o previsto no relatório de março para o ciclo atual e 6,2% acima do colhido na temporada passada.
A semeadura do milho de segunda safra foi concluída em março/começo de abril nas principais regiões produtoras, com uma parcela das áreas semeada fora da janela ideal de plantio, o que mantém a atenção sobre o clima e a situação das lavouras nas próximas semanas.
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