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MERCADO

Rafael Ribeiro

Zootecnista, msc. Scot Consultoriaa

Milho: de olho na segunda safra

A queda do dólar frente ao real e o ritmo melhor de avanço da semeadura do milho nos Estados Unidos fizeram os preços do grão recuarem ligeiramente no mercado brasileiro, depois das fortes altas nas primeiras semanas de maio. Entretanto, as quedas foram limitadas pela baixa oferta interna do cereal neste momento e incertezas com relação à segunda safra de milho no País.

Segundo levantamento da Scot Consultoria, na região de Campinas (SP), a referência, que atingiu R$ 108,00 por saca de 60 quilos na primeira quinzena, recuou para R$ 105,50 por saca (20/5). Em 30 dias, no entanto, a cotação ainda acumula alta de 3,9% na região.

Com relação à situação das lavouras de milho de segunda safra, no relatório de maio, a Conab revisou para baixo (-4,2%) a produtividade média esperada para a safra atual, frente à estimativa anterior. Em relação à safra passada, o rendimento médio deverá ser 2,3% menor nesse ciclo.

Com isso, a produção brasileira na segunda safra (safra de inverno) está estimada em 79,8 milhões de toneladas, 3,4% menos que o estimado anteriormente para esta safra.

Para o curto e o médio prazos, se o dólar seguir em patamares mais baixos e o clima for mais favorável no Centro-Sul do Brasil, a expectativa é de que os preços do milho andem mais de lado, podendo recuar pontualmente, mas sem espaço para recuos mais fortes por ora, diante da baixa disponibilidade, que deverá seguir até a colheita da segunda safra ganhar força, em meados de junho.

No mercado internacional, o avanço do plantio do milho norte-americano e o clima mais favorável nos Estados Unidos nos últimos dias têm pressionado para baixo as cotações, depois das fortes altas no fim de abril e começo de maio.

Se o cenário seguir mais favorável nos Estados Unidos, a expectativa é de preços mais frouxos para o cereal no mercado internacional em curto prazo, o que pode afetar também os preços em nosso mercado.

Preços da soja recuaram (ligeiramente) com a queda do dólar

Com a queda no câmbio na segunda quinzena de maio, os preços da soja em grão caíram no mercado por aqui, em reais. No Porto de Paranaguá (PR), a referência está em R$ 174,00 por saca de 60 quilos, queda de 2,2% no acumulado do mês.

Além do dólar mais fraco, a situação mais favorável de clima, o avanço do plantio nos Estados Unidos e a previsão de aumento na produção norte-americana também pesaram negativamente sobre as cotações nos mercados internacional e brasileiro.

Para o curto e o médio prazos, o câmbio e a situação da safra norte-americana são os principais fatores de direcionamento dos preços da soja no mercado brasileiro.

Se o dólar se mantiver em patamares mais baixos e a situação seguir favorável nos Estados Unidos, devemos ter um cenário de preços mais calmos nos mercados internacional e brasileiro em junho, mas sem espaços para fortes quedas.

Da mesma forma, se o câmbio voltar a subir ou o clima se mostrar mais adverso nos Estados Unidos ao ponto de prejudicar os trabalhos nesta reta final de plantio por lá e/ou prejudicar as condições das lavouras, a tendência é de que os preços da soja se firmem no mercado brasileiro, considerando a boa demanda para exportação.

Em maio de 2021, até a segunda semana, o volume médio diário exportado de soja em grão pelo Brasil aumentou 24,8% na comparação com maio do ano passado (Secex).

Com relação ao farelo de soja, as cotações recuaram ligeiramente no mercado brasileiro na segunda quinzena de maio, acompanhando as recentes quedas do dólar e os recuos nos preços do grão.

Alta na cotação do farelo de trigo

O farelo de trigo é um alimento concentrado energético, que pode substituir o milho na dieta de monogástricos e ruminantes. O preço do insumo subiu acompanhando as altas do milho e também a maior demanda pelo alimento concentrado. Segundo levantamento da Scot Consultoria, em São Paulo, o farelo de trigo ficou cotado, em média, em R$ 1.648,72 por tonelada, sem o frete, em maio, um aumento de 12,5% na comparação mensal e alta de 96,3% na comparação anual.

Para o curto prazo, a expectativa é de preços firmes para o farelo de trigo, em função da baixa disponibilidade do produto (trigo em fase de plantio), boa demanda e mercado firme para o milho.

Adubos: boa demanda, mas queda do dólar pressionou as cotações em reais

Com relação às entregas de fertilizantes no Brasil, os últimos dados disponibilizados pela Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda) são os de dezembro de 2020. Naquela oportunidade foram entregues 3,31 milhões de toneladas de adubos no País, volume 25,8% maior na comparação com igual mês do ano anterior. Com isso, no acumulado de janeiro a dezembro de 2020, as entregas totalizaram 40,56 milhões de toneladas de fertilizantes no Brasil, recorde, e 11,9% a mais que o volume entregue em 2019 (36,24 milhões de toneladas), recorde até então. Depois das fortes altas de janeiro a abril deste ano, as cotações dos adubos recuaram no mercado brasileiro, em reais, com as quedas no câmbio.

Segundo levantamento da Scot Consultoria, os preços dos fertilizantes nitrogenados e fosfatados recuaram, em média, 3,2% e 0,3%, respectivamente, na comparação mensal. E no caso dos adubos potássicos, as cotações ficaram praticamente estáveis (+0,1%) no mesmo período.

Para o curto e o médio prazos, a expectativa é de aumento gradual na demanda interna por fertilizantes, com as compras para a próxima safra de grãos (2021/22), cuja semeadura tem início em setembro/outubro no Brasil, o que tende a dar sustentação aos preços no mercado interno.

Previsão de aumento na produção de milho e soja nos Estados Unidos em 2021/22

No relatório divulgado em maio pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a produção norte-americana de milho foi estimada em 380,76 milhões de toneladas na safra atual (2021/22), frente aos 360,25 milhões de toneladas colhidas em 2020/21.

No país, até o dia 16 de maio, 80% da área prevista para o milho foi semeada, frente aos 68% semeados até então, na média das últimas cinco safras. Com o clima mais favorável nas últimas semanas, os trabalhos avançaram em um ritmo melhor em relação ao início da semeadura. A colheita do milho norte-americano começa em setembro/outubro.

Com relação à soja, estão previstos 119,88 milhões de toneladas nos EUA no ciclo atual, frente aos 112,55 milhões de toneladas colhidas na safra passada (2020/21).

Com relação ao plantio, até o dia 16 de maio, 61% da área prevista para a soja foi semeada nos EUA, frente aos 37% semeados, até então, na média das últimas cinco safras (USDA). A colheita norte-americana da soja ganha força em outubro/novembro.

O cenário mais positivo com relação às expectativas para a safra norte-americana diminuiu a pressão sobre as cotações do milho e da soja no mercado internacional nos últimos dias. No mercado brasileiro, além da situação mais favorável nos Estados Unidos, o dólar mais fraco pesou negativamente sobre as cotações em reais, especialmente para soja.

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