Na região de Campinas, em São Paulo, a saca de 60 quilos ficou cotada, em média, em R$ 40,40, sem o frete, em janeiro de 2019. Os preços subiram 6,3% na comparação mês a mês. Em relação a igual período do ano passado, o cereal está custando 28,3% a mais este ano. A falta de chuvas no final de 2018 em importantes áreas produtoras e, consequentemente, as revisões para baixo nas produtividades médias da safra de verão 2018/19 deram sustentação às cotações no mercado interno.
A colheita da safra de verão e a semeadura da segunda safra (safra de inverno) 2018/19 tiveram início no País. Apesar da previsão de aumento da oferta nos próximos meses, em função do avanço da colheita, é importante destacar que a safra de verão representa 30% do volume total produzido no Brasil. Ou seja, a maior parte da produção nacional (70%) é esperada a partir de junho/julho, na segunda safra. Desta forma, a expectativa é de preços firmes em curto prazo no mercado brasileiro, porém o câmbio mais fraco poderá refletir sobre os embarques em curto prazo e limitar as altas de preços do cereal no mercado interno ou até mesmo pressionar para baixo pontualmente. Outro ponto importante é a queda de preço da soja, que poderá diminuir o ritmo de comercialização da oleaginosa e aumentar o interesse na venda do milho estocado.
De acordo com a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o Brasil exportou, em média, 125,87 mil toneladas de soja-grão por dia em janeiro, até a segunda semana. O volume foi 77,1% maior em comparação com o mesmo período do ano passado. A expectativa é de crescimento gradual dos embarques nas próximas semanas, conforme avança a colheita no País. Entretanto, apesar do bom ritmo neste começo de ano, a expectativa é de que o volume total em 2019 seja menor comparativamente com o ano passado. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima 75 milhões de toneladas de soja embarcadas nesta temporada, frente ao recorde de 83,86 milhões no ano passado.
O câmbio em um patamar mais baixo e uma possível retomada das compras da soja norte-americana pela China, que poderia reduzir a demanda pela soja brasileira, são os fatores que deverão pesar neste desempenho.
No caso do milho, a média diária foi de 268,78 mil toneladas embarcadas nas duas primeiras semanas do ano. Este volume foi 95,7% maior que a média de janeiro de 2018.
A expectativa é de que os embarques de milho diminuam nos próximos meses, conforme as exportações de soja avançam, e retomem na segunda metade do ano. Para 2019 a Conab estima as exportações brasileiras em 31 milhões de toneladas, frente as 23,50 milhões no ano passado.
Neste caso, a maior oferta prevista na temporada 2018/2019 e preços mais competitivos do milho brasileiro no mercado internacional deverão favorecer os embarques, especialmente no segundo semestre, após a colheita da segunda safra.
Queda nos preços do farelo de soja e farelo de algodão
Os preços do farelo de algodão caíram acompanhando o farelo de soja e a soja-grão, que por sua vez recuaram em função do câmbio e da pressão do lado da oferta, com a colheita em andamento (safra).
Segundo levantamento da Scot Consultoria, em janeiro, a tonelada do farelo de algodão com 38% de proteína bruta (PB) ficou cotada, em média, em R$ 937,78 em São Paulo, sem o frete.
O recuo foi de 0,5% na comparação mensal, mas o alimento concentrado ainda está custando 15,1% a mais em relação a janeiro de 2018.
Em curto e médio prazo, a expectativa é de preços mais frouxos no mercado da soja (grão e farelo), em função da colheita, câmbio pesando menos e incertezas com relação à demanda, especialmente para exportação. No entanto, as quedas nos preços poderão ser limitadas, em função das revisões para baixo na produção brasileira de soja, devido à falta de chuvas no final de 2018 em importantes regiões produtoras.
As cotações do farelo de algodão deverão acompanhar essa tendência nos próximos meses.