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MERCADO

Rafael Ribeiro

Zootecnista, msc. Scot Consultoriaa

Milho: preços cederam com o avanço da colheita e dólar mais fraco

Apesar da colheita da segunda safra em andamento no País, o câmbio mais firme e em patamar alto deu sustentação às cotações do cereal no mercado brasileiro na segunda metade de junho e primeiras semanas de julho. O vendedor mais retraído e o início da movimentação para exportação colaboraram com este cenário.

Para comparar, em julho (até a segunda semana), a média diária embarcada foi de 101,18 mil toneladas, frente às 16,58 mil toneladas por dia em junho e 1,25 mil toneladas por dia em maio deste ano. O desempenho das exportações brasileiras vai depender do câmbio e da competitividade do milho brasileiro em relação ao grão dos Estados Unidos, principal concorrente neste mercado.

Segundo levantamento da Scot Consultoria, na região de Campinas (SP), a referência chegou a R$ 51,50 por saca de 60 quilos na primeira quinzena de julho, alta de 5,4% em relação à média de junho deste ano e 37,5% acima da média de julho de 2019. Na segunda metade de julho, o mercado perdeu sustentação com o avanço da colheita da segunda safra no país e o câmbio mais frouxo. A referência recuou para R$ 49,00 a R$ 50,00 por saca na região de Campinas.

Para o curto prazo, com o aumento da disponibilidade interna, não está descartada a possibilidade de queda nos preços do milho no Brasil, caso o dólar venha a recuar ou se manter mais estável. A partir de agosto/setembro, a expectativa é de aumento das exportações brasileiras de milho, o que tende a dar firmeza às cotações no mercado interno.

Produção recorde de soja e revisão na produção de milho de segunda safra

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou no dia 8 de julho o décimo levantamento de monitoramento da safra brasileira de grãos (2019/20). Com relação à soja, a estimativa é de que tenham sido colhidos 120,88 milhões de toneladas no País na temporada atual, ligeiramente acima dos 120,42 milhões de toneladas estimadas no relatório anterior, de junho, e 5,1% mais em relação aos 115,03 milhões de toneladas produzidas na safra passada (2018/19).

O volume estimado para a produção em 2019/20 poderá ser revisado ainda nos próximos relatórios, mas, com a colheita concluída no País, não são esperadas grandes variações e tudo indica que a produção neste ciclo será recorde. Lembrando que o recorde até então foi registrado em 2017/18, quando foram colhidos 119,28 milhões de toneladas.

Com relação ao milho de segunda safra, a área foi revisada para baixo (-0,3%) e a produtividade média também (-0,6%) em relação às estimativas anteriores. Com isso, a produção deverá ser 1% menor que o volume previsto em junho, mas ainda assim 0,5% maior que o colhido na safra passada.

Estão previstos 73,53 milhões de toneladas de milho na segunda safra, equivalente a 73,1% do volume total previsto na temporada (1.ª, 2.ª e 3.ª safras), estimado em 100,56 milhões de toneladas. O volume total previsto para 2019/20 é 0,4% menor em relação às estimativas do relatório de junho para esse ciclo, mas 0,5% maior que o colhido na safra passada (2017/18).

Ainda com relação ao milho, a Conab revisou para baixo (ligeiramente) as expectativas de consumo doméstico. Foram estimados 68,43 milhões de toneladas demandadas no mercado interno nesta temporada (2019/20), frente aos 68,52 milhões de toneladas estimadas no relatório de junho. Ainda assim, o volume é maior que os 64,96 milhões de toneladas consumidas no ciclo passado (2018/19) e os 59,16 milhões de toneladas demandadas em 2017/18.

Câmbio e demanda firmes dão sustentação aos preços da soja grão e farelo de soja

O dólar sustentado e a boa demanda foram os principais fatores de alta nos preços da soja em grão e do farelo de soja no mercado brasileiro em julho. No caso do farelo, segundo levantamento da Scot Consultoria, o preço médio em São Paulo ficou em R$ 1.792,13 por tonelada, sem o frete, na primeira quinzena do mês, uma alta de 1,9% em relação ao fechamento de junho deste ano. O farelo está custando 40,8% mais na comparação com julho do ano passado.

Para o curto prazo, a expectativa é de preços firmes para a soja em grão e farelo de soja no mercado interno, com a demanda dando sustentação e considerando um cenário de câmbio também firme. Mas, se o dólar cair, as cotações da soja e farelo podem ceder pontualmente.

Aumento na produção de soja nos Estados Unidos em 2020/21

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgou no dia 8 de julho o relatório de oferta e demanda mundial de grãos. A produção norte-americana de soja foi estimada em 112,54 milhões de toneladas em 2020/21, volume ligeiramente maior que os 112,26 milhões de toneladas estimadas no relatório de junho último e 16,4% acima dos 96,68 milhões de toneladas colhidas na safra passada (2019/20). A área com a cultura cresceu 10,8% no ciclo atual, frente ao anterior. A semeadura foi concluída em junho.

Até o dia 12/7, 68% das lavouras de soja estavam em boas ou ótimas condições, frente aos 71% nestas condições na semana anterior. Apesar da situação mais adversa de clima nas últimas semanas (tempo seco e quente) em importantes regiões produtoras nos Estados Unidos, a situação está melhor comparativamente com a safra passada, quando neste mesmo momento 54% das lavouras de soja estavam em boas ou ótimas condições.

Com relação ao milho, os Estados Unidos deverão colher 381,02 milhões de toneladas no ciclo atual (2020/21), frente aos 406,29 milhões de toneladas estimadas no relatório anterior. Apesar da revisão para baixo, o volume deverá ser maior que os 345,89 milhões de toneladas colhidas na safra passada. A área com a cultura cresceu 3,3% em 2020/21, em relação à temporada anterior.

Com relação à situação das lavouras de milho, 69% estão em boas ou ótimas condições, frente aos 71%, nessas condições, na semana anterior. Apesar da piora na comparação semanal, assim como a soja, a situação está melhor em relação a igual período do ciclo anterior, quando 58% das lavouras de milho estavam em boas ou ótimas condições.

Alta do leite no mercado spot e dos lácteos no atacado

Na primeira quinzena de julho, segundo levantamento da Scot Consultoria, os preços do leite subiram 5,9% no mercado spot, considerando a média de São Paulo, Minas Gerais e Goiás. Os preços médios nesses estados ficaram próximos de R$ 2,30 por litro, posto na plataforma, mas foram registrados negócios acima de R$ 2,50 por litro no período. No Paraná e no Rio Grande do Sul, por outro lado, houve queda de 0,6%, em média, no mesmo período.

As cotações firmes no Sudeste e Centro-Oeste refletem a queda na produção e maior concorrência entre as indústrias pela matéria-prima (leite cru) em São Paulo, Minas Gerais e Goiás, por exemplo. Da mesma forma, as quedas no preço do leite spot no Sul do País refletem a retomada da produção no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, principalmente, com a safra mais dentro da normalidade, depois dos atrasos nas chuvas na região.

No mercado atacadista, os preços dos produtos lácteos registraram mais uma quinzena de alta. Os estoques menores nas indústrias, com a captação mais ajustada e a melhoria no escoamento, com a flexibilização da abertura do comércio em alguns municípios dão sustentação às cotações. Considerando o leite longa vida (UHT), queijo muçarela, leite em pó, manteiga e creme de leite a alta foi de 1,9% na primeira quinzena de julho, frente ao fechamento de junho deste ano.

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