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Nos dois primeiros anos sob a orientação do técnico do programa, o produtor pode incrementar significativamente a atividade leiteira

ASSISTÊNCIA EM MG

Minas gerais unifica

ATeG e Balde Cheio

O objetivo do Sistema Faemg/Senar-MG/Inaes é fortalecer e ampliar esses dois importantes programas de assistência técnica aos pequenos produtores

João Antônio dos Santos

Com uma grande contribuição no desenvolvimento da pecuária leiteira mineira, dois programas de assistência técnica presentes em todos as regiões do Estado, unidos, ganham mais robustez na assistência técnica e gerencial para a produção de leite. Com essa iniciativa, o Programa Balde Cheio e o Programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG Leite), unificados, passam a se chamar ATeG Balde Cheio, com a meta de fechar 2021 com a participação de mais mil produtores atendidos, totalizando mais de 5 mil beneficiados pelo programa.

O superintendente do Senar Minas, Christiano Nascif, destaca que, a partir de agora, todos esses produtores ganham com a solidez da metodologia do Senar e com mais capacidade técnica na ponta, graças à experiência do Balde Cheio. Ou seja, a união traz produtividade e lucro para os pequenos produtores. A coordenação do ATeG Balde Cheio está a cargo da Gerência de Assistência Técnica e Gerencial do Sistema Faemg/Senar/Inaes. De acordo com o gerente, Bruno Rocha de Melo, foi feito um cronograma intenso de capacitação para técnicos e supervisores, abrangendo todas as competências técnicas e gerenciais desejadas para esses profissionais.

Ele explica que o produtor, que já era assistido pelo Programa Balde Cheio, continuará contando com a retaguarda do ATeG Balde Cheio, de forma que seu técnico esteja sempre atualizado e apto à prestação do serviço. “Já os novos produtores que ingressarem no programa se beneficiarão com novas abordagens e tecnologias, com melhores resultados e maior potencial de lucro na sua atividade produtiva. Todos sairão ganhando ao final”, enfatiza.

As equipes já estão trabalhando juntas desde o começo do ano, sendo capacitadas para o nivelamento dos procedimentos e para atuar sob a mesma metodologia. Os Sindicatos de Produtores Rurais seguem como entidades de referência para produtores que desejam ingressar no Programa ATeG Balde Cheio.

Christiano Nascif: “Essa união dos programas significa aumento da produção, da produtividade, da qualidade e da rentabilidade para o produtor de leite de Minas Gerais”

Segundo análise de Nascif, a projeção para o ano de 2030 é um aumento de 30% no consumo brasileiro de leite e derivados em relação ao atual. Ele faz questão de frisar que um programa de assistência técnica e gerencial robusto, consistente e de alta capilaridade como o ATeG Balde Cheio, “será de fundamental importância para atender a esta demanda. Significa aumento da produção, da produtividade, da qualidade e da rentabilidade para o produtor de leite de Minas Gerais”.

Assim, aproveitando a experiência do Balde Cheio com a metodologia usada pelo ATeG, mais a experiência e capilaridade do Senar, essa integração AeTG Balde Cheio vai ampliar significativamente a capacidade de atendimento e melhorar a capacidade de assistência técnica diferenciada a todos os rincões do Estado. “E, ainda, o que é mais importante, todas as informações técnicas e econômicas serão coletadas, calculadas e analisadas, todas sob a mesma ótica e metodologia”, ressalta Nascif.

Ao fim deste ano, a meta é atender 5 mil produtores de leite sob a mesma metodologia. “E esse amplo banco de dados dessas propriedades será muito útil para o planejamento do Sistema Faemg em sua abordagem aos produtores de leite e, por que não, servirá de subsídio a políticas públicas da Secretaria de Agricultura de Minas Gerais”, observa.

O programa foca prioritariamente as pequenas propriedades leiteiras

Acesso do produtor ao programa – Os produtores que desejam se integrar ao programa devem procurar o Sindicato dos Produtores Rurais de sua cidade, que é a porta de entrada para o programa ATeG Balde Cheio. “O sindicato é o braço do Sistema Faemg no interior do Estado, viabilizando que os produtores de todos os segmentos do agro participem dos programas da entidade.”

O Programa ATeG é uma metodologia desenvolvida pelo Senar, disponível em todos os Estados do País. A partir 2016, o Senar-MG adotou essa metodologia para grupos de produtores de café. Hoje, atende a 10 mil produtores rurais mineiros, em dez cadeias produtivas. A meta da entidade é terminar 2021 com 13 mil produtores na ATeG com aumento expressivo, particularmente, na cadeia do leite, que é a mais importante do Estado, juntamente com a do café.

Conforme ressalta o superintendente do Senar Minas, o Balde Cheio já vinha fazendo um excelente trabalho paralelo há muito tempo. Então, os 2 mil produtores do Balde Cheio serão automaticamente incorporados ao ATeG. “Na base dessa metodologia do ATeG Balde Cheio está o lema, que aprendi com o nosso inesquecível mestre Sebastião Teixeira Gomes, da Universidade Federal de Viçosa: ‘Aumentar a produção e produtividade é relativamente fácil, mas fazer com que o produtor ganhe dinheiro, de forma sustentável, é extremamente difícil.”

Ele destaca ainda que esse lema significa que o programa foca sempre na pessoa do produtor, não apenas no animal nem na plantação, entre outros, que são o meio, enquanto o fim é o produtor ganhar mais dinheiro e viver melhor, com mais alegria, com mais dignidade, mais conforto e fazendo uma sucessão familiar.

 

Custo para o produtor – O produtor não paga nada por dois anos, período suficiente para ele experimentar a assistência técnica e gerencial de qualidade e constatar seus efeitos em sua atividade. Findo esse período, o Senar-MG faz uma avaliação se o produtor merece continuar com a assistência e também se o técnico tem condições de continuar atendendo produtores. Também é feita uma seleção mensal, mas, ao fim de dois anos, quando se encerra o primeiro ciclo, com base no desempenho, selecionam-se produtores e técnicos que podem continuar o segundo ciclo da ATeG.

INVESTIMENTO INTENSO EM CAPACITAÇÃO DE TÉCNICOS PARA LEVAR O MELHOR EM ASSISTÊNCIA TÉCNICA E GERENCIAL PARA OS PEQUENOS PRODUTORES

Aprovada sua continuidade no programa, o produtor passa a pagar a metade do custo da assistência. “Vale frisar que ATeG Balde Cheio é, principalmente, para os pequenos produtores, e talvez médios, e produtores que não tiveram acesso a outro programa de assistência técnica e gerencial. Ficam de fora os grandes produtores”, explica Nascif.

O Senar-MG, o maior do País, atende 420 Sindicatos Rurais presentes em todos o rincões do Estado, sendo que, em 2020, 742 municípios contaram com a atuação direta entidade. Foi o Senar que mais ensinou produtores rurais e promoveu assistência técnica e gerencial em todas as cadeias do agro mineiro. Mesmo durante a pandemia, continuou atuando.

É interessante observar que foi dada a opção aos técnicos e produtores de atendimento da ATeG por meio virtual, mas a grande maioria deles, mais de 90%, preferiu a visita mensal do técnico à sua propriedade. E assim feito, com todos os cuidados de proteção contra o covid-19 (máscara, álcool em gel, distanciamento social), o projeto conseguiu realizar em torno de 13 mil treinamentos em 2020.

 

Técnicos – O programa conta com 300 técnicos e seus supervisores (zootecnistas, agrônomos ou veterinários) para a orientação dos produtores de leite. Um técnico atende 30 pequenos produtores e cada supervisor supervisiona 15 técnicos. Todos eles são terceirizados, como pessoas jurídicas. E há os coordenadores de cada cadeia, que são contratados pelo Senar-MG, e, acima deles, está o gerente de assistência técnica e gerencial, que cuida da ATeG de cada cadeia produtiva no Estado.

O programa, além de cuidar da gestão da propriedade, da parte econômico-financeira e técnica, tem um foco especial na valorização da pessoa do produtor, a sua família, bem como o trabalhador rural. “Assim, há uma prioridade no Senar para que seus cursos sejam oferecidos aos produtores e trabalhadores participantes do programa ATeG. “Este é o nosso grande diferencial, pois aliamos o treinamento e a capacitação dentro do grupo de produtores, evitando fazer esse trabalho de forma pulverizada. Garante-se, assim, uma continuidade dessa capacitação nas visitas técnicas dos consultores às propriedades”, assinala Nascif.

Ele aponta ainda outro diferencial importante: dar prioridade, dentro da ATeG, à questão da sucessão familiar. Para isso há o programa de sucessão familiar em todos os grupos, “com a finalidade de ir preparando para que haja sucessor e não herdeiro”.

Depois de cumprir o primeiro ciclo do programa, sem pagar nada, o produtor é avaliado se está apto para continuar, agora pagando 50% do custo da assistência técnica

Sustentabilidade – No programa ATeG Balde Cheio, vale destacar também a preocupação com a sustentabilidade, a começar com os cuidados com a água. O programa tem estimulado a instalação de hidrômetros nas propriedades rurais para começar a quantificar o passivo da água no meio rural. Outro ponto importante diz respeito à pegada de carbono, visando diminuir a produção de carbono como poluente.

Isso porque a exigência pela sustentabilidade é uma forte tendência na sociedade, sobretudo na produção leiteira, e tem levado às indústrias lácteas a preocupação de desenvolverem, junto aos fornecedores da matéria-prima, a consciência sobre a importância dessas questões. “Além disso, para que os pequenos produtores familiares não fiquem à margem dos processos de modernização da pecuária leiteira, eles recebem do programa informações e orientação sobre diversas tecnologias anteriormente acessíveis apenas a médios e grandes produtores”, nota Nascif.

Isso, explica, porque o objetivo da ATeG é trazer aqueles produtores das classes D e E para a classe C, o que significa ele atingir um patamar superior na busca da profissionalização da produção leiteira. A partir daí, se ele quiser continuar crescendo, terá de buscar novas orientações técnicas e programas de consultoria particulares. “O objetivo do Senar-MG é atender a esse perfil de pequeno produtor que está num patamar baixo da atividade e que deseja evoluir. Na realidade, essa situação representa a grande maioria do produtor de leite do Brasil.”

E tudo, ressalva Nascif, com a visão de cadeia e arranjo produtivo local. Assim, nos treinamentos da ATeG, também são discutidas questões políticas, de infraestrutura, empreendedorismo e outras, para que também se formem líderes para defender a classe produtora de leite, no caso, para participarem dos sindicatos de forma ativa, para ter voz frente às empresas e prefeituras e ter representantes no município. “Tudo começa no sindicato dos produtores rurais, que é a instância mais representativa dessa classe e fundamental para os avanços na defesa de seus interesses. Ou seja, é base inicial da organização para o fortalecimento dos produtores.”

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