Com uma grande contribuição no desenvolvimento da pecuária leiteira mineira, dois programas de assistência técnica presentes em todos as regiões do Estado, unidos, ganham mais robustez na assistência técnica e gerencial para a produção de leite. Com essa iniciativa, o Programa Balde Cheio e o Programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG Leite), unificados, passam a se chamar ATeG Balde Cheio, com a meta de fechar 2021 com a participação de mais mil produtores atendidos, totalizando mais de 5 mil beneficiados pelo programa.
O superintendente do Senar Minas, Christiano Nascif, destaca que, a partir de agora, todos esses produtores ganham com a solidez da metodologia do Senar e com mais capacidade técnica na ponta, graças à experiência do Balde Cheio. Ou seja, a união traz produtividade e lucro para os pequenos produtores. A coordenação do ATeG Balde Cheio está a cargo da Gerência de Assistência Técnica e Gerencial do Sistema Faemg/Senar/Inaes. De acordo com o gerente, Bruno Rocha de Melo, foi feito um cronograma intenso de capacitação para técnicos e supervisores, abrangendo todas as competências técnicas e gerenciais desejadas para esses profissionais.
Ele explica que o produtor, que já era assistido pelo Programa Balde Cheio, continuará contando com a retaguarda do ATeG Balde Cheio, de forma que seu técnico esteja sempre atualizado e apto à prestação do serviço. “Já os novos produtores que ingressarem no programa se beneficiarão com novas abordagens e tecnologias, com melhores resultados e maior potencial de lucro na sua atividade produtiva. Todos sairão ganhando ao final”, enfatiza.
As equipes já estão trabalhando juntas desde o começo do ano, sendo capacitadas para o nivelamento dos procedimentos e para atuar sob a mesma metodologia. Os Sindicatos de Produtores Rurais seguem como entidades de referência para produtores que desejam ingressar no Programa ATeG Balde Cheio.
Segundo análise de Nascif, a projeção para o ano de 2030 é um aumento de 30% no consumo brasileiro de leite e derivados em relação ao atual. Ele faz questão de frisar que um programa de assistência técnica e gerencial robusto, consistente e de alta capilaridade como o ATeG Balde Cheio, “será de fundamental importância para atender a esta demanda. Significa aumento da produção, da produtividade, da qualidade e da rentabilidade para o produtor de leite de Minas Gerais”.
Assim, aproveitando a experiência do Balde Cheio com a metodologia usada pelo ATeG, mais a experiência e capilaridade do Senar, essa integração AeTG Balde Cheio vai ampliar significativamente a capacidade de atendimento e melhorar a capacidade de assistência técnica diferenciada a todos os rincões do Estado. “E, ainda, o que é mais importante, todas as informações técnicas e econômicas serão coletadas, calculadas e analisadas, todas sob a mesma ótica e metodologia”, ressalta Nascif.
Ao fim deste ano, a meta é atender 5 mil produtores de leite sob a mesma metodologia. “E esse amplo banco de dados dessas propriedades será muito útil para o planejamento do Sistema Faemg em sua abordagem aos produtores de leite e, por que não, servirá de subsídio a políticas públicas da Secretaria de Agricultura de Minas Gerais”, observa.
Acesso do produtor ao programa – Os produtores que desejam se integrar ao programa devem procurar o Sindicato dos Produtores Rurais de sua cidade, que é a porta de entrada para o programa ATeG Balde Cheio. “O sindicato é o braço do Sistema Faemg no interior do Estado, viabilizando que os produtores de todos os segmentos do agro participem dos programas da entidade.”
O Programa ATeG é uma metodologia desenvolvida pelo Senar, disponível em todos os Estados do País. A partir 2016, o Senar-MG adotou essa metodologia para grupos de produtores de café. Hoje, atende a 10 mil produtores rurais mineiros, em dez cadeias produtivas. A meta da entidade é terminar 2021 com 13 mil produtores na ATeG com aumento expressivo, particularmente, na cadeia do leite, que é a mais importante do Estado, juntamente com a do café.
Conforme ressalta o superintendente do Senar Minas, o Balde Cheio já vinha fazendo um excelente trabalho paralelo há muito tempo. Então, os 2 mil produtores do Balde Cheio serão automaticamente incorporados ao ATeG. “Na base dessa metodologia do ATeG Balde Cheio está o lema, que aprendi com o nosso inesquecível mestre Sebastião Teixeira Gomes, da Universidade Federal de Viçosa: ‘Aumentar a produção e produtividade é relativamente fácil, mas fazer com que o produtor ganhe dinheiro, de forma sustentável, é extremamente difícil.”
Ele destaca ainda que esse lema significa que o programa foca sempre na pessoa do produtor, não apenas no animal nem na plantação, entre outros, que são o meio, enquanto o fim é o produtor ganhar mais dinheiro e viver melhor, com mais alegria, com mais dignidade, mais conforto e fazendo uma sucessão familiar.
Custo para o produtor – O produtor não paga nada por dois anos, período suficiente para ele experimentar a assistência técnica e gerencial de qualidade e constatar seus efeitos em sua atividade. Findo esse período, o Senar-MG faz uma avaliação se o produtor merece continuar com a assistência e também se o técnico tem condições de continuar atendendo produtores. Também é feita uma seleção mensal, mas, ao fim de dois anos, quando se encerra o primeiro ciclo, com base no desempenho, selecionam-se produtores e técnicos que podem continuar o segundo ciclo da ATeG.
Aprovada sua continuidade no programa, o produtor passa a pagar a metade do custo da assistência. “Vale frisar que ATeG Balde Cheio é, principalmente, para os pequenos produtores, e talvez médios, e produtores que não tiveram acesso a outro programa de assistência técnica e gerencial. Ficam de fora os grandes produtores”, explica Nascif.
O Senar-MG, o maior do País, atende 420 Sindicatos Rurais presentes em todos o rincões do Estado, sendo que, em 2020, 742 municípios contaram com a atuação direta entidade. Foi o Senar que mais ensinou produtores rurais e promoveu assistência técnica e gerencial em todas as cadeias do agro mineiro. Mesmo durante a pandemia, continuou atuando.
É interessante observar que foi dada a opção aos técnicos e produtores de atendimento da ATeG por meio virtual, mas a grande maioria deles, mais de 90%, preferiu a visita mensal do técnico à sua propriedade. E assim feito, com todos os cuidados de proteção contra o covid-19 (máscara, álcool em gel, distanciamento social), o projeto conseguiu realizar em torno de 13 mil treinamentos em 2020.
Técnicos – O programa conta com 300 técnicos e seus supervisores (zootecnistas, agrônomos ou veterinários) para a orientação dos produtores de leite. Um técnico atende 30 pequenos produtores e cada supervisor supervisiona 15 técnicos. Todos eles são terceirizados, como pessoas jurídicas. E há os coordenadores de cada cadeia, que são contratados pelo Senar-MG, e, acima deles, está o gerente de assistência técnica e gerencial, que cuida da ATeG de cada cadeia produtiva no Estado.
O programa, além de cuidar da gestão da propriedade, da parte econômico-financeira e técnica, tem um foco especial na valorização da pessoa do produtor, a sua família, bem como o trabalhador rural. “Assim, há uma prioridade no Senar para que seus cursos sejam oferecidos aos produtores e trabalhadores participantes do programa ATeG. “Este é o nosso grande diferencial, pois aliamos o treinamento e a capacitação dentro do grupo de produtores, evitando fazer esse trabalho de forma pulverizada. Garante-se, assim, uma continuidade dessa capacitação nas visitas técnicas dos consultores às propriedades”, assinala Nascif.
Ele aponta ainda outro diferencial importante: dar prioridade, dentro da ATeG, à questão da sucessão familiar. Para isso há o programa de sucessão familiar em todos os grupos, “com a finalidade de ir preparando para que haja sucessor e não herdeiro”.
Sustentabilidade – No programa ATeG Balde Cheio, vale destacar também a preocupação com a sustentabilidade, a começar com os cuidados com a água. O programa tem estimulado a instalação de hidrômetros nas propriedades rurais para começar a quantificar o passivo da água no meio rural. Outro ponto importante diz respeito à pegada de carbono, visando diminuir a produção de carbono como poluente.
Isso porque a exigência pela sustentabilidade é uma forte tendência na sociedade, sobretudo na produção leiteira, e tem levado às indústrias lácteas a preocupação de desenvolverem, junto aos fornecedores da matéria-prima, a consciência sobre a importância dessas questões. “Além disso, para que os pequenos produtores familiares não fiquem à margem dos processos de modernização da pecuária leiteira, eles recebem do programa informações e orientação sobre diversas tecnologias anteriormente acessíveis apenas a médios e grandes produtores”, nota Nascif.
Isso, explica, porque o objetivo da ATeG é trazer aqueles produtores das classes D e E para a classe C, o que significa ele atingir um patamar superior na busca da profissionalização da produção leiteira. A partir daí, se ele quiser continuar crescendo, terá de buscar novas orientações técnicas e programas de consultoria particulares. “O objetivo do Senar-MG é atender a esse perfil de pequeno produtor que está num patamar baixo da atividade e que deseja evoluir. Na realidade, essa situação representa a grande maioria do produtor de leite do Brasil.”
E tudo, ressalva Nascif, com a visão de cadeia e arranjo produtivo local. Assim, nos treinamentos da ATeG, também são discutidas questões políticas, de infraestrutura, empreendedorismo e outras, para que também se formem líderes para defender a classe produtora de leite, no caso, para participarem dos sindicatos de forma ativa, para ter voz frente às empresas e prefeituras e ter representantes no município. “Tudo começa no sindicato dos produtores rurais, que é a instância mais representativa dessa classe e fundamental para os avanços na defesa de seus interesses. Ou seja, é base inicial da organização para o fortalecimento dos produtores.”
Todos os Direitos Reservados - Balde Branco © 2023
Personalidade Virtual