Com o tema “Conectando o futuro do leite” e pautado em inovação, empreendedorismo, tecnologia, cultura, negócios, transformação, ousadia e futuro, o Agroleite 2023, que foi realizado de 8 a 11 de agosto, em Castro (PR), a Capital Nacional do Leite, mais uma vez bateu recordes históricos, apesar do tempo chuvoso, condição que já é esperada pelo público todos os anos.

Segundo a organização do evento, durante os quatro dias, cerca de 100 mil pessoas, vindas de várias regiões do Brasil, além de Estados Unidos e países da América Latina e Europa, visitaram o Castrolando Expo Centro – novo nome da Cidade do Leite – com faturamento recorde de R$ 178 milhões em negócios realizados por 279 empresas expositoras, superando as expectativas.

A abertura do Agroleite 2023, que aconteceu na tarde de terça-feira, dia 8, contou com a presença de inúmeros convidados e autoridades, com destaque para o ministro da Agricultura e Abastecimento, Carlos Fávaro, e para o secretário de Agricultura do Paraná, Norberto Anacleto Ortigara, além do deputado federal Pedro Lupion, presidente da Frente Parlamentar de Agropecuária (FPA) no Congresso Nacional.

“Aqui nós celebramos a inovação, damos força ao empreendedorismo e difundimos o conhecimento e, como organizadora deste evento, a Castrolanda compartilha o sucesso com todos: nossos patrocinadores, empresas e expositores de animais. Somos os facilitadores para que tudo isso aconteça, mas é a participação de cada um que faz esse evento ficar tão bonito”, disse o presidente da Castrolanda, Willem Berend Bouwman, que também anunciou oficialmente a nova denominação da Cidade do Leite.

“De forma estratégica, optamos por dar um novo nome a esse local que, a partir de hoje, passa a se chamar Castrolanda Expo Center, cujo evento protagonista é o Agroleite. Atualmente, 42 marcas de empresas nacionais e multinacionais mantêm suas bases comerciais aqui e desejamos atrair novos investidores para que esse seja um grande shopping do agronegócio a céu aberto”, declarou.

Em entrevista à Balde Branco, Bouwman disse também que aproveitou a presença do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, para cobrar providências quanto à importação desenfreada de leite dos países do Mercosul. “Muitos produtores e suas famílias que dependem do leite e da cadeia do leite estão sendo prejudicados por essa importação desenfreada de leite em pó. Então nós pedimos e argumentamos isso com o ministro.”

Bouwman disse que Fávaro está sensibilizado e vai determinar ações para proteger a cadeia, criando algum tipo de restrição em relação à importação, para que a cadeia do leite não se desestabilize. “Ou seja, para evitar que muitos produtores saiam e, assim, haja uma falta na oferta do leite no próximo período, prejudicando todo o consumidor brasileiro”, finalizou.

A questão foi abordada também por outras lideranças e autoridades presentes à abertura do Agroleite, como o presidente da Associação Brasileira de Criadores de Jersey, Nelci Mainardes, que falou em nome de todos os criadores.

“É nossa responsabilidade alertar as autoridades competentes sobre a grave crise que o nosso setor enfrenta, agravada nos últimos meses pela inundação de importações predatórias de leite e produtos lácteos vindos dos países vizinhos. Isso tem prejudicado sobremaneira a produção brasileira, já bastante afetada pela pressão dos custos e pelos gargalos logísticos do nosso país”, disse Mainardes.

Ele alertou ainda que, nos últimos anos, os produtores de leite do Brasil têm enfrentado desafios significativos, como aumento substancial dos custos de produção e queda exponencial da rentabilidade, provocando recentemente o abandono da atividade por mais de 500 mil produtores.

Resposta – Depois de fazer um breve resumo das atividades do seu Ministério nos primeiros sete meses de mandato, Fávaro teceu comentários a respeito das importações de leite e prometeu providências.

“Fazer um enfrentamento a essa importação desenfreada é um compromisso que assumo aqui em nome do presidente Lula. É claro que é muito sensível a questão do Mercosul, que é um bloco comercial importante para o Brasil, mas isso não pode ser em detrimento de uma cadeia tão importante, que gera emprego e gera oportunidades, como é a cadeia do leite.”

Fávaro anunciou que emergencialmente seria feita pelo Governo Federal, por meio da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a aquisição, a preço de varejo, de leite em pó para garantir rentabilidade às cooperativas e aos produtores e utilização nos programas sociais.

“Mas precisamos de medidas estruturantes, ou seja, de fato, investigar e saber – o que é um direito nosso e não é nenhum tipo de rompimento com o acordo do Mercosul. Se os produtos que estão vindo para o Brasil não tiverem origem nem na Argentina nem no Uruguai, teremos que usar das sanções e das medidas necessárias para proteger o nosso mercado e os nossos produtores.”

Balanço positivo – Ao fazer um balanço do Agroleite 2023, o presidente da Castrolanda, Willem Bouwman, concluiu que a feira foi um grande sucesso. “Nós fizemos investimentos, ampliamos nosso parque e nosso espaço e melhoramos nossa estrutura, aumentando a área para demonstração e percebemos que o público respondeu”. Foram, segundo ele, muitas pessoas que vieram de longe e de perto para prestigiar o evento e a percepção é de que cada vez mais o Agroleite está se consolidando como a maior feira da cadeia do leite na América do Sul.

Ele analisa o Agroleite como uma oportunidade para que esses visitantes, vindos de outros lugares do Brasil e de outros países, possam conhecer o que os produtores de Castro praticam para atingir os elevados índices de produtividade por animal e a diversidade de tecnologias e ferramentas disponíveis no mercado para melhorar a eficiência de suas propriedades.

Excelência em pista – O jurado americano Paul Trapp, responsável pelo julgamento da raça Holandesa, com a experiência de ter atuado em grandes feiras ao redor do mundo, garante que a qualidade dos animais encontrados no Agroleite se assemelha aos melhores que já viu. “Os animais vencedores aqui poderiam competir em qualquer lugar do mundo em pé de igualdade”, explica.

Maurício Santolin, que avaliou os animais da raça Jersey pela primeira vez na pista do Agroleite, disse que julgar na feira é algo diferente para todo e qualquer jurado, por se tratar de uma das mais importantes disputas da categoria do leite no Brasil e na América Latina. “Talvez os plantéis mais significativos hoje em termos de tamanho, qualidade e produção de leite do Brasil estejam aqui nos Campos Gerais e, aqui no Agroleite, a raça Jersey é sempre muito bem representada”, diz.

O presidente da Jersey Brasil, Nelci Mainardes, também avaliou o evento como “extremamente positivo”, tanto para a raça Jersey como para a cadeia leiteira nacional. “Como sempre tenho mencionado, o Jersey é a raça que mais cresceu a nível mundial nos últimos anos, fato ocorrido principalmente a partir do momento em que houve a valorização da qualidade do leite. A procura hoje é muito grande e, dentro da feira, recebemos a visita de muitos produtores procurando animais, querendo saber entrar na raça.”

Mainardes disse também que, apesar de todo esforço, os produtores de leite vivem um momento muito crítico com a importação de leite, principalmente nos últimos seis meses com retração do preço interno, o que não cobre nem mesmo os custos de produção. “Isso também prejudicou o volume de animais e a presença de criadores expondo no Agroleite”, afirmou. Apesar disso, estiveram presentes na exposição 122 animais da raça Jersey, dos quais 115 foram avaliados em pista.

Para o superintendente técnico da Associação Brasileira de Criadores de Bovinos da Raça Holandesa (ABCBRH), Timotheo Silveira, o Agroleite é “a World Dairy Expo (WDE) da América Latina”, referindo-se à principal feira de gado leiteiro do Mundo, realizada anualmente em Madison (Estados Unidos).

Silveira disse que o balanço da associação é sempre positivo em relação ao Agroleite, que é, segundo ele, uma das feiras mais importantes para a raça holandesa no Brasil, principalmente por concentrar um volume muito grande de visitas e apresentar muita tecnologia, fazendo parte, inclusive, do circuito nacional da raça. “Nós recebemos visitantes do Nordeste, do Centro-Oeste, Sudeste e Sul, de todos os cantos, vindo buscar novas informações, novas tecnologias, novas genéticas.”

Silveira também falou do torneio leiteiro, destacou a vaca campeã, que teve média de 107,46 kg/dia, e reafirmou o impacto que a exposição tem para a raça holandesa, servindo de termômetro não só para avaliar para onde a raça está indo em termos genéticos, mas também para refletir sobre o desenvolvimento da pecuária leiteira com foco na tecnologia e nos lançamentos que ocorrem na feira.

“Não desmerecendo as demais, que são também de alto nível e relevância, mas, pelo número de visitações e pela especialização, como evento voltado para o leite, a gente pode considerar o Agroleite a mais importante feira no contexto nacional e latino-americano”, disse Silveira.

Clube de Bezerras – A premiação do Clube de Bezerras aconteceu em três categorias, de acordo com a idade dos participantes: Mirim, para crianças de 6 a 8 anos de idade; Júnior, para crianças de 9 a 12 anos; e Sênior, para crianças e jovens de 13 a 16 anos. Gustavo Salomons, de 11 anos, foi o primeiro colocado como puxador na categoria Júnior.

O objetivo do Clube de Bezerras é estimular e familiarizar as crianças e os jovens com os cuidados e o manejo com as bezerras, despertando o interesse na atividade leiteira e o amor pelos animais. As crianças participantes escolhem uma bezerra para cuidar e prepará-la durante o ano, tendo como etapa final o julgamento em pista que acontece no Agroleite.

* com assessoria de comunicação do Agroleite