Alguns exemplos demonstram que produção de leite de menor impacto para o ambiente, e ao mesmo tempo com governança preocupada com os meios e a qualidade de vida dos produtores, empregados e consumidores, tem fundamento e apoia os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ODS). Vejamos: o ODS 6, “Água Potável e Saneamento”, é fortalecido quando produtores e indústrias praticam o manejo de dejetos e resíduos e controlam o uso de fertilizantes, detergentes e outros insumos, reduzindo ao máximo o risco de contaminação da água. Atingir o ODS número 7, “Energia limpa e barata”, é hoje mais do que uma tendência, é uma oportunidade para produtores e indústrias investirem em fontes renováveis de energia, como geração de biogás, eletricidade fotovoltaica solar, ou eólica. Existem financiamentos disponíveis, que permitem cobrir o investimento e reduzir muito o custo da energia na propriedade.
Por sua vez, o objetivo número 12, “Consumo e Produção Responsáveis”, diz respeito a algo cada vez mais importante: a redução do desperdício, do “consumismo”, que significa consumo sem necessidade, exagerado. O gerenciamento eficiente dos nossos recursos naturais compartilhados e a forma que nós descartamos qualquer lixo são os aspectos mais importantes relacionados ao ODS 12. E nele podemos considerar outro princípio, o de “reduzir, reciclar, reusar”. Para ficar em mais um exemplo, reduzir o desperdício de alimentos, desde a colheita de grãos com máquinas bem reguladas, o armazenamento correto e o preparo da comida sem sobras exageradas.
O círculo virtuoso dos ODSs também está relacionado à agricultura regenerativa, como comentado pelo ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, num dos seus excelentes comentários, em abril passado. A agricultura regenerativa propõe associar a saúde do solo à saúde humana a partir da produção agrícola sustentável. Como fazer? Volta o círculo virtuoso: evitando desperdícios, evitando poluir o ambiente, preservando matas nativas e nascentes. Mas sem esquecer da rentabilidade do negócio! Ainda mais quando a cadeia do leite enfrenta custos elevados, que apertam ainda mais as margens dos produtores e indústrias, pressionados pela queda na demanda, que tem como causa a pandemia de covid-19.
Neste momento, nossa expectativa é de que a renovação do programa do auxílio emergencial do governo federal, mesmo que em escala mais reduzida, longe do desejável, possa trazer algum alívio para o mercado interno nos próximos meses. Mas, justamente porque os tempos são difíceis, toda a cadeia do leite deve estar focada para entregar qualidade e valores demandados pelos consumidores, como os citados acima, garantindo mercado.
Em 1º de junho comemoramos o Dia Mundial do Leite, e, no dia 5, o Dia Mundial do Meio Ambiente e vários dias santos católicos, que são momentos de busca de paz e harmonia entre todos e por isso celebrados além de procissões e missas, com muitas comidas típicas, várias delas à base de leite. Leite, ambiente, festas religiosas nos remetem novamente ao fundamento dos ODSs, pessoas, planeta, prosperidade, paz e parcerias. Agindo para atingir qualquer um dos ODSs, estaremos agindo para fortalecer a cadeia do leite para enfrentar as crises recorrentes, tornando-a mais sustentável e garantindo, por isso, que as pessoas que virão possam viver neste planeta com paz e prosperidade.
Aliás, o último, mas não menos importante, objetivo promove a formação de parcerias. Afinal, como escreveu o poeta inglês John Donne, séculos atrás, “nenhum homem é uma ilha”, para expressar a ideia de que os seres humanos não prosperam quando isolados uns dos outros. Todos nós precisamos fazer parte e promover comunidades sustentáveis, neste caso, a dinâmica cadeia produtiva do leite brasileiro.
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