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LEITE EM NÚMEROS

Kennya B. Siqueira

Pesquisadora da Embrapa Gado de Leite

O cenário de lácteos orgânicos no Brasil

Os dados mostram que o mercado de lácteos orgânicos no Brasil está se especializando, com ampliação de unidades produtivas, novos produtos e diferentes formas de comercialização

O mercado de lácteos orgânicos está em ascensão no Brasil e no mundo. De acordo com Conselho Brasileiro de Produção Orgânica Sustentável, entre 2017 e 2018 o setor cresceu 20% em faturamento. E, com a pandemia de Covid-19, a busca por este tipo de produto, com maior apelo de saudabilidade, ficou ainda mais fortalecida.

Segundo o dado de outubro de 2022 do Observatório do Leite Orgânico da Embrapa existem no Brasil 233 produtores de leite orgânico certificados (produção primária e processamento) com registro no Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos (MAPA). Desse total, a grande maioria está localizada no Sul e Sudeste do País (mapa abaixo), com o estado do Paraná se destacando na liderança com 36% das fazendas, seguido por São Paulo com 25%.

Nessas unidades produtivas, os produtos lácteos fabricados são: iogurte, leite UHT, leite pasteurizado, queijos, manteiga, sorvete, creme de leite e doce de leite. O derivado lácteo mais produzido é o leite fluido (gráfico ao lado). Esse produto é fabricado em 82% das fazendas de lácteos orgânicas brasileiras. Outros derivados lácteos orgânicos que também se destacam no Brasil são o iogurte, a manteiga e os queijos sendo produzidos em 26%, 25% e 24% das fazendas, respectivamente.

Outra informação interessante neste mercado é com relação aos canais de comercialização. Em levantamento realizado pela Embrapa Gado de Leite em 44 fazendas de lácteos orgânicos, 38,6% dos produtores comercializam apenas em canais curtos, isto é, vendem diretamente ao consumidor na fazenda ou em feiras. Já, a grande maioria das fazendas (56,8%) comercializa apenas em canais longos, com vendas indiretas, seja por meio de supermercados, lojas especializadas, cooperativas e plataformas digitais. Apenas uma pequena parcela dos entrevistados emprega os dois tipos de canais (4,5%). Isso evidencia que já existe grande participação de intermediários nas vendas de lácteos orgânicos no Brasil.

Na comparação entre os produtos, não houve diferença estatisticamente significativa nos preços praticados entre os canais curtos e longos para todos os produtos analisados. Para queijos e iogurte, observou-se ligeira tendência de preços mais elevados nos canais longos, mas o inverso foi observado para a manteiga. A única diferença estatisticamente significativa encontrada foi para o iogurte, entre as lojas físicas especializadas e as plataformas digitais, com as primeiras apresentando o maior preço médio, cerca de 20% acima do valor aplicado nas plataformas de entrega digital.

Esses dados mostram que o mercado de lácteos orgânicos no Brasil está se especializando, com ampliação de unidades produtivas, novos produtos e diferentes formas de comercialização. Outro ponto interessante nesta análise, é a similaridade entre o mercado de lácteos orgânico e o mercado lácteo convencional, tanto na distribuição espacial da produção quanto no mix de derivados lácteos ofertados. Isso evidencia que, apesar do perfil diferenciado do consumidor de orgânicos, o tipo de produto lácteo demandado segue o mesmo padrão de consumo da população em geral.

Coautores: Ygor M. Guimarães e Fernanda M. Samarini

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