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LEITE EM NÚMEROS

Kennya B. Siqueira

Pesquisadora da Embrapa Gado de Leite

O nível educacional e o consumo de lácteos

Pesquisa mostra que os indivíduos que têm um poder de compra maior e maior conhecimento sobre os produtos optam por consumir derivados lácteos mais processados e elaborados do que o leite fluido

O consumo de alimentos é influenciado por inúmeras variáveis, que vão desde as socioeconômicas até as demográficas. Dentre elas, tem-se o nível educacional ou anos de escolaridade. Inúmeros estudos já demonstraram o efeito que a escolaridade tem sobre o consumo de alimentos. Para avaliar o impacto da escolaridade sobre o consumo de lácteos no Brasil foram empregados dados do módulo de consumo individual da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) de 2017-2018 do IBGE. A tabela abaixo apresenta o consumo médio de lácteos, em gramas por ano, por nível educacional no Brasil em 2017-2018.

A primeira informação relevante da tabela é que o consumo de lácteos aumenta à medida que se aumentam os anos de escolaridade. Isso ocorre para todos os produtos analisados. O leite fluido é o produto que apresentou menor variação entre o consumo nos dois extremos da tabela (sem instrução e ensino superior completo): apenas 35%. Para os demais produtos, a variação de consumo entre aqueles sem instrução e aqueles com ensino superior completo é de mais de 300%, chegando a 405% para o iogurte e 402% para queijos. No total de lácteos, a diferença entre o consumo médio desses dois extremos é de 181%. Esse resultado, no entanto, está muito atrelado à renda, visto que o aumento nos anos de escolaridade tende a levar a aumento da renda.

Outra informação interessante deste estudo é que a proporção de cada derivado lácteo consumido por nível de escolaridade varia, conforme mostra a figura ao lado.

Na Figura são apresentados apenas o primeiro nível de instrução (sem instrução) e o último (ensino superior completo). Pode-se observar que os indivíduos sem instrução consomem uma porcentagem bem maior de leite fluido, em comparação com os outros produtos. No entanto, à medida que o nível de escolaridade avança, a proporção de consumo de leite fluido diminui. Assim, os indivíduos com ensino superior completo consomem proporcionalmente mais queijos, iogurtes e “outros laticínios”.

Novamente, este resultado tem um reflexo da renda. No entanto, os anos de escolaridade trazem também um maior conhecimento sobre os alimentos, saudabilidade, dietas, etc. Com isso, os indivíduos que têm um poder de compra maior e maior conhecimento sobre os produtos optam por consumir derivados lácteos mais processados e elaborados do que o leite fluido.

Coautores: João Pedro Junqueira Schettino – graduando em estatística pela UFJF; Marcel de Toledo Vieira – professor do departamento de estatística da UFJF

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