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SANIDADE

Pneumonia

Prevenção pode evitar muitos danos ao rebanho

A pneumonia é uma doença severa e comum no Brasil, e que afeta diretamente na produtividade das fazendas, sendo importante sua identificação rápida e tratamento eficiente para garantir a recuperação dos bovinos e a sustentabilidade da produção

Gisele Dela Ricci*

A pneumonia, também conhecida como doença respiratória bovina (DRB), acomete bovinos de leite e corte de todas as idades, com ocorrência acentuada em épocas secas do ano. É considerada uma doença que pode ser desencadeada por vários fatores, como alterações no ambiente, manejo, estresse, alta taxa de lotação, transporte, dieta que compromete o sistema imunológico, permitindo a ação de agentes infecciosos, como bactérias e vírus.

Segundo mostra a literatura sobre a doença, comumente consideram-se algumas diferentes causas relacionadas a ela durante a vida dos bovinos: vírus, bactérias, parasitas pulmonares, corpos estranhos, substâncias químicas e processos congestivos.

Com relação às demais enfermidades que afetam o sistema respiratório, a pneumonia tem grande impacto na saúde dos bezerros e bovinos adultos, uma vez que causa inflamação do pulmão. Em muitos casos, o animal não apresenta sintomas específicos, daí ser necessário a atenção a sintomas como boca entreaberta, que indica dificuldade em respirar, tosse e frequência respiratória superior a 40 movimentos respiratórios por minuto.

Com relação ao acometimento das categorias animais, os bezerros são os mais afetados pela doença, uma vez que nascem com baixa imunidade e necessitam adquiri-la por meio do colostro. Deste modo, como sua imunidade não é completamente desenvolvida, têm alta suscetibilidade aos agentes causadores de pneumonia. Nos bezerros, a forma mais comum da pneumonia é a enzoótica, que se define por ser uma doença de determinada localidade ou constantemente presente nela. Uma série de fatores, como variações de temperatura, baixa umidade relativa, falhas de manejo da cura do umbigo, entre outras enfermidades, como as diarreias, reduzem a defesa dos animais, deixando-os mais vulneráveis aos agentes patológicos.

Animais frágeis e com baixa imunidade, os bezerros estão mais susceptíveis à pneumonia, daí a importância de uma boa colostragem e também ficarem em instalações salubres

Sintomas clínicos – O quadro clínico inicial da pneumonia é representado pelo aumento da frequência respiratória, sons respiratórios anormais, como roncos, dificuldade de respirar, aumento da temperatura corporal, febre com pelos arrepiados, corrimento nasal grosso, tosse, falta de apetite e fraqueza.

A pneumonia em bezerros pode ser crônica e se apresentar com sinais clínicos pouco significativos, como tosse seca e frequência respiratória pouco alterada. A sua forma aguda é observada por meio de surtos que envolvem vários animais em um período de 48 horas, caracterizados por meio de febre, tosse, secreção nasal, redução da ingestão de alimentos, entre outros. Animais confinados também são acometidos pela pneumonia. A mistura de lotes, além dos fatores ambientais e de manejo, gera aumento de estresse, o que eleva o risco de disseminação de agentes infecciosos, principalmente quando há inserção de animais de propriedades diferentes. A transmissão da pneumonia se dá pelo ar ou contato de secreções orais e nasais de animais doentes.

Os sinais clínicos, quando aliados aos exames físicos e ao histórico dos animais, são um dos métodos confiáveis de diagnóstico. Em caso de elevado número de animais doentes, apenas os sinais já são suficientes para uma caracterização inicial, sendo necessário um isolamento do agente infeccioso que está causando a doença, por meio de envio de material a laboratórios que realizem testes específicos de identificação.

É importante que haja um diagnóstico rápido, aliado a um tratamento eficaz, buscando a recuperação com menores perdas fisiológicas dos animais em qualquer idade e maior sucesso na cura da doença.

Vale ressaltar que, ante a detecção desses sinais, é muito importante o produtor buscar a orientação com o veterinário que lhe presta assistência, para fechar o diagnóstico, solicitar exames laboratoriais, tomar medidas preventivas corretas e também garantir o tratamento seguro. Para realizar o tratamento das pneumonias, a utilização de antibiótico de amplo espectro de ação é indicada visando à eliminação de possíveis agentes infecciosos, em conjunto com um anti-inflamatório para reduzir o desconforto dos animais, segundo prescrição e acompanhamento de um médico veterinário. A recuperação de bovinos afetados de forma grave é mais complexa, uma vez que depende do tipo de agente e das condições de estresse e fisiológicas dos animais.

Além dos cuidados na dieta das bezerras/novilhas, devem ficar em locar sem aglorameração

Prevenção é sempre indicada – Para prevenir casos de pneumonia em bovinos jovens é preciso que seja realizado o manejo da imunidade dos bezerros adequadamente, garantindo, por exemplo, acesso ao colostro nas primeiras horas após o nascimento, assim como a cura do umbigo. As instalações devem ser bem limpas e ventiladas, mantendo cocho e bebedouro sempre limpos diariamente. Isso já garante a diminuição de estresse, manejos desnecessários e menor nível de exposição aos patógenos. Também é fundamental investir em alimentações bem balanceadas e de qualidade. Aos primeiros sintomas relatados acima, deve-se isolar imediatamente os animais.

As vacinações regulares em vacas secas ajudam no aumento dos níveis de anticorpos (defesa) dos bezerros, melhorando a resposta a possíveis infecções provocadas por tais agentes e, para os bezerros, essas vacinas serão dependentes da idade e das condições dos animais.

Para as pneumonias de origem viral, a vacinação de todo o rebanho é uma prática preventiva importante, enquanto para as bacterianas podem também ser utilizados os antimicrobianos. Para a pneumonia parasitária, a utilização do princípio ativo sulfóxido de albendazol tem apresentado resultados significativamente positivos, podendo também ser usadas as ivermectinas.

O produtor deve estar ciente de que se trata de uma enfermidade que pode causar impactos bastante negativos na atividade se não for dada a atenção necessária em termos de prevenção e tratamento correto segundo orientação do médico veterinário. As consequências deixam por menos: custos maiores com tratamento, mortalidade, taxa de crescimento diminuídas, queda na produção de leite e necessidade de instalações, mão de obra especializada e, em casos graves, a morte aumentam o custo e significativamente o prejuízo.


 

*Zootecnista, mestra, doutora e pós-doutoranda pela USP. Atua no laboratório de Etologia, bioclimatologia e nutrição de animais de produção (bovinos, suínos e ovinos)

 

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