Trata-se, também, de um novo recorde real da série histórica do Cepea. Desde o início deste ano, o preço do leite no campo acumula alta real de 6%“
A competição das indústrias pela compra de matéria-prima continuou acirrada durante agosto, contexto que resultou em um novo aumento nos preços do leite ao produtor. Segundo pesquisa do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, o valor do leite captado em agosto e pago ao produtor em setembro registou alta de 1% em relação ao mês anterior, atingindo R$ 2,3827/litro na Média Brasil líquida, 2,5% acima da registrada em setembro de 2020, em termos reais (os dados foram deflacionados pelo IPCA de agosto/21). Trata-se, também, de um novo recorde real da série histórica do Cepea. Desde o início deste ano, o preço do leite no campo acumula alta real de 6%.
O aumento das cotações do leite, no entanto, não tem se refletido em aumento de rentabilidade para o produtor, uma vez que a valorização no campo está atrelada justamente às intensas altas nos custos de produção. Dados do Cepea mostram que o custo operacional efetivo da atividade registrou expressivo avanço de 14% desde o início deste ano. Num contexto de adversidade climática, em que a estiagem prejudica a alimentação volumosa do rebanho, a elevação dos custos de produção, sobretudo dos insumos ligados ao manejo nutricional do rebanho (como concentrado e suplementação mineral), tem desestimulado investimentos na atividade e, consequentemente, impedido um ajustamento rápido da oferta à demanda.
O Índice de Captação Leiteira (Icap-L) do Cepea avançou ligeiro 0,89% de julho para agosto, puxado pelos aumentos no Rio Grande do Sul, de 4,2%, e no Paraná, de 1,6%. Vale lembrar, no entanto, que, em igual período do ano passado, a captação das indústrias consultadas pelo Cepea havia crescido 3,88% (2,9 pontos percentuais a mais que atualmente).
Perspectiva – Agentes de mercado consultados pelo Cepea afirmaram que a demanda por lácteos não se recuperou como previsto e as negociações estão enfraquecidas desde a segunda quinzena de agosto. Com matéria-prima mais cara e com dificuldades em realizar o repasse da alta no campo ao consumidor, as indústrias de laticínios têm intensificado a concorrência na venda de derivados. A pressão dos canais de distribuição tem resultado em desvalorização dos lácteos e prejudicado a capacidade de pagamento dos laticínios. Além da demanda enfraquecida, o aumento das importações pode frear o movimento de valorização do leite ao produtor no próximo mês. No entanto, tudo vai depender das condições climáticas e do volume de chuvas no período.
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