balde branco
The colony of  Common vampire bats, Desmodus rotundus in the cav

Morcegos em seu abrigo

RAIVA

Prevenção e como evitar

os riscos dessa doença*

A SAA-SP alerta os produtores rurais sobre a importância de ficarem atentos para os cuidados para evitar a transmissão aos animais e às pessoas

Dentre as diversas doenças contagiosas que acometem os animais, a raiva é uma das mais graves. Além disso, é uma zoonose, ou seja, pode ser transmitida para o ser humano. No rebanho bovino, acarreta grande prejuízo ao produtor, no caso, de leite, já que não tem cura e leva o animal infectado à morte. Ante essa gravidade, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, por meio de seus órgãos de defesa sanitária, divulga trabalhos de orientação quanto a prevenção, diagnóstico da doença e programa de vacinação.

Material divulgado pela SAA chama a atenção para um dado importante a ser considerado pelos criadores, em especial os de pecuária leiteira: o de que o perigo da raiva está presente na maioria das áreas rurais dos municípios, seja no Estado de São Paulo, seja em outros Estados da Federação. “Além dos prejuízos financeiros à pecuária (perda de animais e gastos com medicação), o risco para a saúde humana é real, especialmente para pessoas que manipulam um animal acometido”, alerta Cheila Rubia L. M. Duarte, médica veterinária Secretaria de Agricultura, que é extensionista na região de Bragança Paulista, lotada na Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati) e atende, mais especificamente, o município de Laranjal Paulista.

Ela explica que, no Brasil, a transmissão para os bovinos ocorre principalmente pelo ataque de morcegos hematófagos (Desmodus rotundus). Estes, quando infectados, carregam o vírus rábico em sua saliva e, ao lamber o sangue dos animais suscetíveis, transmitem a doença para o gado, equinos e animais domésticos de companhia, como cães e gatos.

Cheila Duarte: “A raiva é uma doença com sequelas nervosas importantes e que leva o animal a óbito em 100% dos casos. Dessa forma, a única medida possível é a vacinação do rebanho”

Animais com marcas de que foram agredidos por morcegos

Com larga experiência de campo como extensionista, a técnica não se cansa de alertar sobre as principais doenças e os problemas que podem ocorrer no campo. Historicamente, a raiva é uma importante doença, diz ela, que já viu vários animais passarem por isso. Trata-se de uma doença com sequelas nervosas importantes e que leva o animal a óbito em 100% dos casos. Dessa forma, a única medida possível é a vacinação do rebanho.

“Os primeiros sintomas são o autoisolamento do animal e a perda de apetite. Esses sintomas também ocorrem em outras doenças e por razões diversas, mas, no caso da raiva, esses sintomas iniciais evoluem rapidamente, apresentando sinais neurológicos como salivação intensa, tremores musculares, andar cambaleante, decúbito e movimentos de pedalagem, opistótono e morte. Em casos raríssimos, o animal pode ficar agressivo”, explica a veterinária. Como consequência do acometimento nervoso, o animal não consegue se alimentar e nem se movimentar e, após poucos dias, entre três e sete dias do início dos sinais, o animal morre. “Há de se destacar que a raiva é fatal”, salienta a médica veterinária.

Ela explica que os órgãos de Defesa, tanto estaduais − como a Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA), vinculada também à Secretaria de Agricultura e Abastecimento − quanto federais têm colocado em prática as ações do Programa Nacional de Controle da Raiva dos Herbívoros (PNCRH), visando ao efetivo controle da doença em bovinos.

Dentre as diretrizes do programa estão vacinação estratégica de espécies suscetíveis em áreas de maior risco; controle populacional de seu principal transmissor, o morcego hematófago da espécie Desmodus rotundus; cadastramento e vistoria periódica dos abrigos; educação sanitária por meio de vigilância em propriedades de maior risco e palestras voltadas aos produtores rurais e atendimento de suspeitas nervosas, entre outras.

Já para o controle dos morcegos hematófagos, existem duas formas: a captura direta nos abrigos (naturais e artificiais) ou nos currais; ou a forma indireta, na qual o produtor aplica pasta vampiricida ao redor da agressão recente dos morcegos. Nos dois casos, ao retornarem ao abrigo, os morcegos levarão vampiricida aos outros morcegos por meio de lambedura usual entre eles e contato com outros membros do grupo.

Técnico da SSA-SP atuando na captura e no controle dos morcegos hematófagos

Ela destaca que, para isso, é muito importante que os técnicos da extensão rural e da Defesa Agropecuária se unam e façam um trabalho conjunto, o que geralmente ocorre. “Normalmente, os produtores comentam com o extensionista, mais presente no dia a dia deles, e nós, da extensão, repassamos a informação e alinhamos as estratégias que serão aplicadas para a eliminação desses morcegos.”

Guilherme Haga: “É importantíssimo que as pessoas não manuseiem morcegos, nem toquem nas feridas, a despeito de qualquer motivo”

Sinais suspeitos em animais – Guilherme Shin Iwamoto Haga, médico veterinário da CDA e responsável pela coordenação das ações contra a raiva, reforça: “Vale destacar que toda vez que os moradores da área rural encontrarem animais com sinais suspeitos, possuírem animais com marcas de que foram agredidos por morcegos ou tiverem conhecimento de abrigos próximos, façam imediatamente a comunicação à unidade de defesa veterinária mais próxima e realizem a vacinação de seus animais que não estiverem apresentando os sinais”.

Ele ainda faz questão de destacar: é importantíssimo que não manuseiem tais animais, nem toquem nas feridas, a despeito de qualquer motivo.

Caso uma pessoa entre em contato com animal suspeito ou venha a ser agredida por morcegos, deve procurar imediatamente o Posto de Saúde mais próximo.

Em caso de observar morcegos com hábitos estranhos − como andando pelo chão ou se movimentando durante o dia −, ou, ainda, observar que animais domésticos e/ou que vivem nas ruas (como cães e gatos) apresentem sintomas de salivação, perda de apetite e isolamento, a pessoa deve procurar imediatamente o serviço de zoonoses de seu município para relatar o fato.

Vacinação – Vale destacar ainda que a prevenção da doença mediante a vacinação dos herbívoros domésticos em áreas de risco é uma importante ferramenta para o pecuarista. “O custo da prevenção é minúsculo em relação ao custo de perda de animais e o risco de se contaminar com o vírus da raiva. É fundamental seguir as recomendações da Secretaria e dos seus órgãos, como a Cati e CDA, para que o rebanho e o pecuarista fiquem protegidos dessa enfermidade”, afirma a Cheila. (Conheça o trabalho efetuado pelos técnicos da CDA/SAA no combate e controle da raiva acessando o link https://youtu.be/kQymrRkYhUg).

RECOMENDAÇÕES PARA O PROCEDIMENTO DE VACINA

 
• A vacinação é voluntária, sendo recomendada em áreas onde há casos confirmados da ocorrência da doença e também para áreas de ocorrência do morcego transmissor da raiva, o Desmodus rotundus;
• A vacina é a mesma para bovinos, equinos, ovinos e caprinos, a qual deve ser mantida sob refrigeração (entre 2°C e 8°C). Antes de aplicar, o frasco deve ser agitado. A aplicação se dá por via subcutânea, na dose de 2 ml por animal;
• A vacina deverá ser aplicada em animais que nunca a receberam em duas etapas, com intervalos de 30 dias, e depois deverá ser repetida a cada 12 meses, sendo que em animais jovens deverá ser aplicada a partir de três meses;
• O critério de vacinações poderá ser alterado segundo recomendação do médico veterinário ou do programa oficial da autoridade sanitária;
• Não vacinar animais doentes, debilitados ou sob estresse extremo.

*Material fornecido por Departamento de Comunicação da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, editado pela Balde Branco

Abrir bate-papo
1
Escanear o código
Olá 👋
Podemos ajudá-lo?