Após crescer apenas 0,5% em 2018, a produção brasileira de leite sob inspeção se acelerou um pouco mais no ano passado, fechando 2019 com mais de 25 bilhões de litros, aumento de 2,2%, segundo os dados divulgados recentemente pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Esse percentual representou um incremento de 552 milhões de litros de leite que foram adquiridos pela indústria nacional.
Dentre as regiões, apenas o Norte apresentou queda no volume produzido, de 3%, mas, por ser a região de menor produção do País, a redução de 31 milhões de litros pouco afetou a oferta nacional de leite em termos absolutos (Figura 1). Nas demais regiões, o crescimento foi superior a 100 milhões de litros. O maior crescimento foi no Sudeste (+ 172 milhões de litros), puxado pelo desempenho de Minas Gerais e São Paulo, visto que Espírito Santo e Rio de Janeiro tiveram queda na produção.
As regiões Sul e Nordeste apresentaram crescimento absoluto semelhante, próximo a 150 milhões de litros. No Sul, a produção do Paraná cresceu 186 milhões de litros no ano, maior aumento entre todos os estados brasileiros. Também no Sul foi registrada a maior queda de produção, que ocorreu no Rio Grande do Sul, que reduziu sua produção em quase 80 milhões de litros.
Já no Nordeste, o crescimento foi superior a 10%, com aumento de 55 milhões de litros no Ceará, 34 milhões na Bahia, 19 milhões em Pernambuco e 17 milhões em Sergipe. No Centro- Oeste, o aumento de 104 milhões de litros veio de Goiás, que cresceu sua produção em 112 milhões de litros.
Entretanto, a trajetória de crescimento da oferta de leite nacional não foi constante durante todo o ano de 2019. Nos dois primeiros trimestres, o movimento foi de expansão, com aumento de 3,2% no 1º trimestre e de 6,9% no segundo, em relação a igual período do ano anterior. Todavia, a expansão do 2º trimestre foi impulsionada pela base de comparação de 2018, que contou com a greve dos caminhoneiros. Na segunda metade do ano, no entanto, a produção de leite se desacelerou, com um aumento tímido de 0,6% no terceiro trimestre, seguido de queda de 0,9% no último trimestre do ano (Figura 2).
Esse comportamento da produção nacional pode ser explicado, de forma simplificada, pela rentabilidade do produtor expressa pelo preço recebido pelo leite e o seu custo de produção. O ano de 2019 começou com elevação mais intensa dos preços do leite de forma antecipada, se comparado ao comportamento sazonal dos preços em anos anteriores. Aliado a isso, o custo de produção ficou mais controlado em boa parte do ano, diferente de 2018, quando o custo apresentou uma trajetória de elevação ao longo de todo o ano.
Dessa forma, os preços reais do leite, deflacionados pelos custos de produção, apresentaram altas expressivas nos dois primeiros trimestres de 2019, em relação igual período de 2018. Já na segunda metade de 2019, o preço do leite ao produtor recuou e o custo de produção subiu. Isso provocou um recuo na rentabilidade média dos produtores, enfraquecendo a oferta (Figura 2). Esse comportamento da rentabilidade do produtor ao longo do ano refletiu na produção de leite, que cresceu de forma acentuada nos dois primeiros trimestres e perdeu força no restante do ano.
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